- Não posso. Alguém precisa notar o que eu vi e sentar nessa cadeira que ninguém ocupou.
E tinha agora a responsabilidade de ser ela mesma. Nesse mundo de escolhas, ela parecia ter escolhido. (C.L. - Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)
domingo, 31 de maio de 2015
Sabedoria de bar
- Não posso. Alguém precisa notar o que eu vi e sentar nessa cadeira que ninguém ocupou.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
Troca. Justa?
Recebo tua reprovação, crítica, ausência.
Te dou minha palavra, abrigo, sinceridade.
Recebo sua frieza, rejeição, meias-verdades.
Te dou meu carinho, consideração, intimidade.
Recebo teu desprezo, distância, repulsa.
Te dou meu amor, minha alma, minha vida.
Recebo teu sexo, frustrações, impossibilidades.
Te dou meu aço, lâmina, liberdade.
Recebo condolências.
Haikai (brega) da Separação Total
Deste-me um tempo
Disse-te que assim não aguento
Sumiu no vento
terça-feira, 26 de maio de 2015
Haikai da desilusão
pensei que dava pra consertar a gente.
Gente não se conserta, nem emenda
quando é grande a contenda.
Haikai do cachaceiro
- Desta água, nunca mais beberei!
Vida sem graça, mas é o jeito.
Hoje, abri um saquê e estava feito.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Repartição
terça-feira, 12 de maio de 2015
Do contra
A loucura diária e necessária
O lugar mais lindo do mundo é a minha cabeça. Não por ser esférico-ovalada-simetricamente-perfeita. É dentro.
Existe um cérebro ali. Dizem que é dele que brotam os pensamentos. Não produz resultados geniais em testes de QI. Mas elabora fantasias.
São os sonhos loucos, gerados de modo randômico por esse cérebro-cabeça-mente, o grande barato.
Mundos distantes fundem-se com uma pseudo-realidade quase inventada. Fatos corriqueiros tomam formas mais divertidas.
E a vida vai acontecendo nos intervalos. Leve. Tranquila.
Hoje fui rei, vassalo e indigente. Tive cavalo, plantação e nada. Cobrei impostos, conspirei e me resignei.
Amanhã, quem sabe, acordo princesa, socialite, doidivanas...
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Não foi sempre assim
Houve um tempo em que a vida não estava de cabeça para baixo. E as pecinhas pareciam se encaixar.
Janelas
Na sala tem um balcão. Ou varanda? Enfim, ele dá para uma ruela movimentada. Cheia de cheiros e sons. Gente esquisita anda nas ruas. E grita.
Observo o ir e vir dos comerciantes, dos transeuntes sempre apressados. Tudo tão caótico. Parece ser uma feira. Faltam crianças. Talvez estejam na escola ou dormindo.
Não que eu goste do barulho que fazem. Mas estão por toda parte. Não há como evitar. Não sinto falta de crianças. Apenas admiro o fato de não estarem presentes ali.
Sento-me à escrivaninha para recomeçar a carta. O vinho da noite anterior permaneceu no copo. Continua frio. As palavras que povoam minha mente fogem à mínima intenção de pegar a caneta. Bebo. O papel segue incólume.
Estou só. Incrivelmente só. A casa está fria e vazia. Embriagado, esqueço-me da perda. Levanto-me e volto ao balcão. A rua, agora, está parada. Talvez almocem. Talvez tenham mais o que fazer.
Sirvo-me de mais uma taça. Volto, mais uma vez, à carta...
Caro amigo,
Sinto muito ter de escrever-lhe esta carta, mas preciso que você perceba a urgência deste assunto para mim. Por diversas vezes tentei lhe contatar, mas você não retornou.
Somos amigos de longa data e sempre lhe considerei uma ótima companhia, além de um homem de integridade. Seria uma pena se viéssemos a ter desavenças por causa disso e, para mim, a única explicação é você ainda não ter percebido como o assunto é importante para mim.
Entendo que deva estar feliz com sua nova esposa. Não me oponho ao seu relacionamento de forma alguma. Afinal, o meu já vinha desgastado há tempo. Peço-lhe, apenas, que devolva-me o cachorro, pois sem este não consigo ficar.
Dê lembranças a ela. Diga-lhe que não guardo mágoas. Só quero o que me importa.
Por favor, escreva