E tinha agora a responsabilidade de ser ela mesma. Nesse mundo de escolhas, ela parecia ter escolhido. (C.L. - Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Princesa desencantada
A minha oração
Foi mal, eu sei, 2013 já foi pro saco e não rolou, admito.
Venha a mim no seu reino e me mostre que sou capaz de me doar, principalmente, àqueles que penso que nada têm a me oferecer.
Seja feita a sua vontade de me tornar plena, amorosa, acolhedora e, talvez, mais digna de me achar sua semelhante.
Quero sim, o pão de cada dia, mas também a Champa, o brie, a vitela e o circo. Porque sou simples, mas gosto de comer e beber coisa boa e preciso de cultura pra ser feliz. Não me olha torto, foi você quem me fez assim!
Perdoa a minha babaquice, mesquinhez, egoísmo, futilidade e coloca gente assim, ou pior, na minha vida pra eu aprender a perdoar os outros também. Ou, ao menos, ter paciência. Ou dizer não. Ou, então, me ensina de uma vez o que é que eu tenho que aprender com isso.
Não vou falar com o Senhor sobre tentações, ok? Esse assunto ainda é tabu. Quando superarmos, a gente discute.
E, por fim, livra-me do mal. Genérico. O que eu faço a mim mesma e o que é desejado pelo alheio. Mas deixa eu sentir esse mal de vez em quando, só um pouquinho, em doses homeopáticas, que é pra eu não ficar confiada demais.
Valeu!
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Segredos
Meu amor, tu não entendes,
Eu nasci para ser gaivota.
Meu amor, não desesperes,
Meu amor, quando me queres
Fico sem rumo e sem rota.
Meu amor, eu tenho medo
De te contar o segredo
Que trago dentro de mim.
Sou como as ondas do mar,
Ninguém as sabe agarrar,
Meu amor, eu sou assim.
Fui amada, fui negada,
Fugi, fui encontrada,
Sou um grito de revolta.
Mesmo assim, porque te prendes?
Foge de mim, não entendes?
Eu nasci para ser gaivota.
(Kátia Guerreiro)
Eu, sem nenhuma poesia, de saco cheio do jogo, pensando no Dr. Mierzwiak* como solução mágica para a vida.
*Dr. Howard Mierzwiak, dono da Clínica Lacuna, que lançou o revolucionário método para apagar memórias das pessoas. (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças)
L'amour toujours l'amour
Amor é bom. Ao menos, é o que nos ensinam desde que nascemos. Na prática, a história é outra. Tem amor que mata. Amor que dilacera. Destrói. Sufoca. Massacra. Enclausura.
Há quem pense que basta amar e tudo será perdoado. Não é bem assim.
Saber amar é um dom. Quem ama de verdade, no sentido estrito da palavra, deixa livre. Não cobra reciprocidade. Regozija-se com a felicidade do outro. Encoraja, mesmo que à distância. Contenta-se em saber que o ser amado está bem.
A gente só dá o que tem. Quem nunca foi amado dificilmente conseguirá amar alguém de forma plena, pura. Mas não é caso para julgar aquele que ama de modo enviesado. Perdoar é mais digno.
Perdoemos os que nos amam machucando-nos, infligindo sofrimento, incutindo culpa. São os que mais precisam de amor. E que eles nos perdoem também por não termos aprendido ainda a amar. Muito menos a demonstrar amor.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
(...)
Por quê?, pensei. Mas não muito, pois sei bem o porquê. No entanto, não significa que me conformei. Resolvi, então, demonstrar que a decisão dele havia sido precipitada, afinal, não me conhece tão bem e pode vir a se arrepender de ter me dispensado, assim, facilmente.
O que é amor próprio? Algo completamente desconhecido no meu Universo, não é mesmo?
Dado que o rapaz é pragmático, nada melhor do que uma explicação técnica, com fundamentação teórica, embasada em alguma estatística. Posto isto, enumero:
1 – Bom humor
Sou de riso fácil. Acho graça da vida. Aprendi a rir de mim mesma. Não sei contar piadas, isso é verdade, mas transformo minhas próprias histórias em esquetes de stand-up e em 95% do tempo (olha a estatística!) estou de bom humor.
2 – Refinamento
Sei me comportar, tanto no boteco, quanto na festa de gala. Visto-me bem, sei expressar-me com clareza e, quase nunca, envergonho o alheio. Tenho bons modos, como diria a minha avó. Uso-os, às vezes. Prefiro não revelar essa estatística.
3 – Ingenuidade
Creio. Creio. E creio. Acredito em tudo que me dizem, denotando, até, puerilidade. Talvez, patetice. Não tenho malícia. Não perdi a inocência. Beira o ridículo, visto que já passei dos trinta, mas ao mesmo tempo, pode ser encantador.
4 – Criatividade
No trabalho, no lazer, no ócio, na vida. Sempre criativa. 100% criativa! Dada às artes. Fotografia, teatro, literatura (ainda que chinfrim) e malabarismos na repartição.
5 – Resiliência
Mantenho o equilíbrio emocional. Passo por um arco-íris de emoções e sentimentos, porém torno à condição original em tempo módico. Sem exigir do alheio. Preciso, apenas, de uma boa noite de sono.
6 – Cachinhos grisalhos
Dignos e lindos! Não dá pra dizer mais nada sobre isso. Quem já viu, entende.
Depois de criar a lista, mostrei para o rapaz por quem tenho leve apreço e venho declarando amor além da vida. Ele riu. Disse que eram excelentes qualidades e que qualquer pessoa que me conhecesse encantaria-se comigo. Sugeriu, inclusive, que eu arrumasse um namorado, afirmando que gostava muito de mim e queria ver-me feliz.
Chorei copiosamente por vários dias. Sofri de verdade. Encontrei-o, novamente, dois meses depois, em uma festa de família. Família dele, que fique registrado. O seu irmão, meu atual namorado, nos apresentou. Eu quis rir, mas ele permaneceu sério.
Nunca mais falou comigo.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Tem gente...
Mas tem gente de todo o tipo. E essa gente cruza o nosso caminho. Não creio em coincidências. Penso que todos os encontros têm um motivo divino. Ou seria Divino? Não sei. Enfim, os encontros, é disso que quero falar.
Sempre achei que gente velha não fazia amigos. Tinha a ideia pré-concebida de que a fase dos amigos acontecia na infância e na adolescência. Então, por muito tempo, carreguei a bandeira da solidão.
Hoje, posso dizer, quebrei a cara!
As poucas amigas que tenho foram adquiridas recentemente, já na idade adulta, quando não esperava encontrar quem quisesse compartilhar qualquer coisa.
Elas são diferentes entre si. Completamente diversas, distintas. Dessemelhantes! Mas convergem em um ponto: amor pela minha pessoa. Gratuito e autêntico. Retribuído sempre. Demonstrado, às vezes.
Deparo-me com uma semelhança, que não ocorre entre elas, mas lhes é peculiar. Situações esdrúxulas levaram-nos à amizade. De todos os tipos. Indescritíveis, desculpem-me.
Esse texto tem o peso de uma mea culpa e a leveza de uma homenagem, ao mesmo tempo.
Se, às vezes, não estou próxima ou não sou acessível: desculpem-me;
Se, às vezes, não ouço ou pareço não me importar: desculpem-me;
Se, às vezes, exijo demais, desculpem-me!
Sou uma pessoa em construção, tenham paciência, mas por favor, saibam: Amo muito vocês!
Diário Gerúndio?
Purgando sentimentos & recuperando a infância perdida. Esquecendo comportamentos inadequados. Livrando-me de amarras. Acreditando no futuro. Divertindo-me com o presente. Libertando-me do passado.
Defina loucura!
A aceitação imediata do elogio (?) não significa, porém, que não me pus a pensar novamente no fato. Sim, tema recorrente, bem sei. Mas um momento de reflexão não faz mal a ninguém, sobretudo se vier acompanhado de um bom Cava e brie.
Loucura, por definição, é doidice, demência, insanidade, ato de extravagância ou de imprudência.
Neste exato momento em que escrevo sobre esse tema tão controverso para mim, meu vizinho escuta Habanera e canta com Maria Callas. Mas canta tão alto que incomoda até o gato. Isso poderia ser considerado um ato de extravagância e encaixar-se na descrição de loucura? Talvez. Eu, apenas, o julgo culto, visto que ouve ópera, jazz, blues.
Vez ou outra, danço sozinha em casa. Já tentei dançar com o gato. Mas ele não gosta de Sinatra. Extravagância? Insanidade? Ou excesso de felicidade? Enfim, não foi a dança que levou ao elogio. Voltemos às frases desconexas. Acredito, piamente, em espontaneidade. Tornemos a utilizar o pai dos limitados*. Ele diz: — Espontaneidade: em que há simplicidade, originalidade, naturalidade.
Posto isto, entendo que é óbvio dizer que sou simples, original e natural, portanto, espontânea. Digo o que penso sem rodeios. Outras vezes, não penso, sinto. E digo também! Expresso-me sem censura e com verdade. Mesmo que a existência da verdade seja limitada ao ínfimo momento de sua enunciação. Propago energia verbal.
Talvez o mundo globalizado, preso a padrões rígidos de conduta não admita esse tipo de comportamento. Há quem execre. Há quem, somente, se afaste. No entanto, na briga entre o azul e o amarelo – dizem – há espaço para todos. Então, deve haver quem goste também.
Assim creio. Assim, mantenho-me espontânea, original, simples, natural. Porque no meu ponto de vista, cometo sincericídios. Alguns engraçados, outros nem tanto. Mas loucura? Não, só aos olhos de quem enxerga o mundo em Preto & Branco.
*Burros, mas mamãe ensinou-me que devemos dizer: limitados. E aos sete anos fui apresentada ao eufemismo!
Curtinha
- Precisa passar de novo no raio-x, senhora. O que tem na sua bolsa?
- Livro, celular, cigarro, bala, uma 765 cromada...
- Oi?
Impagável, a cara do segurança. Im-pa-gá-vel!!!
Assassinato
domingo, 8 de dezembro de 2013
Reminiscências
Lembranças de dias quentes, roupas coloridas e piqueniques no parque. Recordações de um tempo em que as flores, que hoje enfeitam sua última morada, adornavam os meus cabelos e o caminho até a nossa árvore.
Saudade infinita dos seus olhos que tinham um olhar todo especial só para mim. Saudade da sua gargalhada, às vezes, inconveniente, mas sempre sincera. Saudade do seu toque macio e exato. Saudade da nossa vida.
Menino pândego, quem te deixou partir, assim, tão de repente?
Exagerada
Tenho sido exagerada e dramática nas relações. Ando chorando, pelos cantos, a morte de pessoas vivas. Sublinhando a dor em poemas tristes. Relendo testemunhos de sofrimento, bilhetes suicidas (alheios, é óbvio), cartas de despedida.
Tenho vivido realidades inventadas nas quais, invariavelmente, morro no final. E ninguém vai ao meu enterro. Ou chora. Ou sofre.
Tenho escutado fados portugueses e lamentos árabes.
Tenho procrastinado os afazeres para lastimar o presente, o passado e ter pena de mim mesma, que não tenho futuro.
Tenho enrolado-me no cobertor e escondido-me no sono por horas e horas a fio.
Toda mimimi
E daí, se sou sensível? E daí, se sou grossa também? Gente que chora não pode gritar? Gente que resmunga não sofre? Nunca li essas regras em nenhum manual de conduta humana. Se você acha que são válidas, crie o seu e coloque-as nele.
Tudo bem, isso pode não ser tão real, mas é um ponto de vista válido.
Era uma vez...
Doce e azulado, assim ele era. De um azul tão claro que parecia fazer carinho em quem o olhava. Transpirava bondade, generosidade e compaixão.
Um dia esse menino tornou-se adulto. E permaneceu azul e doce. Simples e altruísta. Passou, então, a conviver com adultos de outra forma. De igual pra igual, pensava.
Mas o convívio agora era muito diferente do passado. Os adultos não o tratavam da mesma maneira, afinal ele continuara azul quando todos os outros tornaram-se cinza com o passar dos anos.
Aquele azul cintilante, que outrora inspirava calma, passou a irritar os demais. A docilidade os enojava. Eles eram cinza, amargos, ácidos, salgados, picantes. Nunca azuis. Nunca doces.
Sem entender o que acontecia, quis parar de brilhar. Sem sucesso, resolveu evitar o contato com o mundo cinza. Voltou para o castelo. Isolou-se.
Aos poucos, sem contato com qualquer outro ser, sua cor foi mudando. Entendeu, então, como deveria agir para ser aceito.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Sempre perdida
Não sei olhar mapa. Perco-me após duas ou três voltinhas no meu próprio eixo. Lido com isso. Às vezes, vejo graça.
Essa falta de senso de direção já me rendeu ótimas aventuras. Descobrindo coisas, lugares e pessoas novas. Gosto e preciso do acaso.
Então, veja bem, esse GPS que falo é mais transcendental.
Serviria pra evitar entrar em roubadas afetivas, por exemplo. Porque de vez em quando a gente se depara com buracos negros emocionais e é imediatamente sugada pra dentro deles.
Sabe por quê?
Porque eles não têm placa. Não tem um caminho marcado como perigoso pra você desviar. Aí você segue a estrada tortuosa e se lasca todinha.
Mais ainda. Dedicação pra amigos que não são tão amigos. Aposta em empregos maravilhosos que tornam-se verdadeiros calvários. E por aí vai...
É isso. Enfim, por preguiça ou inabilidade pra ler sinais, reivindico meu GPS da vida.