segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Princesa desencantada

De traste em traste a gente acha o sapo, aí beija, pensando que vai virar príncipe e, no máximo, sai toda gosmenta do encontro.

Não, eles não se transformam, apenas se revelam. E, na maioria das vezes, em algo bem pior do que eram no início.

Cadê o cavalo branco das estórias que me contaram quando eu era pequena? Cadê meu sapatinho de cristal?

Não cresci escutando que, aos trinta, já teria terminado dois casamentos. Não, juro! Nunca ouvi que aos trinta e cinco já seria grisalha e me tornaria a velha louca dos gatos.

Quero o meu conto de fadas e quero já!

A minha oração

Pai nosso que está no céu (eu acho), me olha aí de cima e me dá uma força pra não fazer tantas besteiras, não dizer mais asneiras e atravessar o ano que está chegando sem essa preocupação absurda com o meu próprio umbigo.

Foi mal, eu sei, 2013 já foi pro saco e não rolou, admito.

Venha a mim no seu reino e me mostre que sou capaz de me doar, principalmente, àqueles que penso que nada têm a me oferecer.

Seja feita a sua vontade de me tornar plena, amorosa, acolhedora e, talvez, mais digna de me achar sua semelhante.

Quero sim, o pão de cada dia, mas também a Champa, o brie, a vitela e o circo. Porque sou simples, mas gosto de comer e beber coisa boa e preciso de cultura pra ser feliz. Não me olha torto, foi você quem me fez assim!

Perdoa a minha babaquice, mesquinhez, egoísmo, futilidade e coloca gente assim, ou pior, na minha vida pra eu aprender a perdoar os outros também. Ou, ao menos, ter paciência. Ou dizer não. Ou, então, me ensina de uma vez o que é que eu tenho que aprender com isso.

Não vou falar com o Senhor sobre tentações, ok? Esse assunto ainda é tabu. Quando superarmos, a gente discute.

E, por fim, livra-me do mal. Genérico. O que eu faço a mim mesma e o que é desejado pelo alheio. Mas deixa eu sentir esse mal de vez em quando, só um pouquinho, em doses homeopáticas, que é pra eu não ficar confiada demais.

Valeu!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O que dizer quando há tanto a sentir e quase nada a falar?

Calo-me.

Há muito que se foi o desespero e ficamos sós, os dois, esperando a derradeira despedida. Tal qual a música ou o poema que já não recordamos mais.

Fomos, assim, feitos um para o outro. Escolhidos para o amor. Encaixe de almas perfeito. Mas em tempo diverso. Caminhos que se cruzam e nunca seguirão juntos.

Segredos

Meu amor, porque me prendes?
Meu amor, tu não entendes,
Eu nasci para ser gaivota.

Meu amor, não desesperes,
Meu amor, quando me queres
Fico sem rumo e sem rota.

Meu amor, eu tenho medo
De te contar o segredo
Que trago dentro de mim.

Sou como as ondas do mar,
Ninguém as sabe agarrar,
Meu amor, eu sou assim.

Fui amada, fui negada,
Fugi, fui encontrada,
Sou um grito de revolta.

Mesmo assim, porque te prendes?
Foge de mim, não entendes?
Eu nasci para ser gaivota.

(Kátia Guerreiro)
Manuel farto do lirismo comedido, querendo ir-se embora pra Pasárgada.

Eu, sem nenhuma poesia, de saco cheio do jogo, pensando no Dr. Mierzwiak* como solução mágica para a vida.

*Dr. Howard Mierzwiak, dono da Clínica Lacuna, que lançou o revolucionário método para apagar memórias das pessoas. (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças)

L'amour toujours l'amour

Amor é bom. Ao menos, é o que nos ensinam desde que nascemos. Na prática, a história é outra. Tem amor que mata. Amor que dilacera. Destrói. Sufoca. Massacra. Enclausura.

Há quem pense que basta amar e tudo será perdoado. Não é bem assim.

Saber amar é um dom. Quem ama de verdade, no sentido estrito da palavra, deixa livre. Não cobra reciprocidade. Regozija-se com a felicidade do outro. Encoraja, mesmo que à distância. Contenta-se em saber que o ser amado está bem.

A gente só dá o que tem. Quem nunca foi amado dificilmente conseguirá amar alguém de forma plena, pura. Mas não é caso para julgar aquele que ama de modo enviesado. Perdoar é mais digno.

Perdoemos os que nos amam machucando-nos, infligindo sofrimento, incutindo culpa. São os que mais precisam de amor. E que eles nos perdoem também por não termos aprendido ainda a amar. Muito menos a demonstrar amor.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

E, de repente, quando você pensa que tudo já está definido, vem uma pessoinha autoritária, de 82 anos, te dizer que a vida não é assim. E te deixa sem entender coisa alguma só para, num segundo momento, te surpreender de maneira totalmente positiva.

(...)

O rapaz, por quem tenho leve apreço e venho declarando amor ultra-romântico, disse-me não. Um “não” categórico daqueles que não deixa pairar uma dúvida sequer. Sem explicações ou justificativas, apenas “não”.

Por quê?, pensei. Mas não muito, pois sei bem o porquê. No entanto, não significa que me conformei. Resolvi, então, demonstrar que a decisão dele havia sido precipitada, afinal, não me conhece tão bem e pode vir a se arrepender de ter me dispensado, assim, facilmente.

O que é amor próprio? Algo completamente desconhecido no meu Universo, não é mesmo?

Dado que o rapaz é pragmático, nada melhor do que uma explicação técnica, com fundamentação teórica, embasada em alguma estatística. Posto isto, enumero:

1 – Bom humor

Sou de riso fácil. Acho graça da vida. Aprendi a rir de mim mesma. Não sei contar piadas, isso é verdade, mas transformo minhas próprias histórias em esquetes de stand-up e em 95% do tempo (olha a estatística!) estou de bom humor.

2 – Refinamento

Sei me comportar, tanto no boteco, quanto na festa de gala. Visto-me bem, sei expressar-me com clareza e, quase nunca, envergonho o alheio. Tenho bons modos, como diria a minha avó. Uso-os, às vezes. Prefiro não revelar essa estatística.

3 – Ingenuidade

Creio. Creio. E creio. Acredito em tudo que me dizem, denotando, até, puerilidade. Talvez, patetice. Não tenho malícia. Não perdi a inocência. Beira o ridículo, visto que já passei dos trinta, mas ao mesmo tempo, pode ser encantador.

4 – Criatividade

No trabalho, no lazer, no ócio, na vida. Sempre criativa. 100% criativa! Dada às artes. Fotografia, teatro, literatura (ainda que chinfrim) e malabarismos na repartição.

5 – Resiliência

Mantenho o equilíbrio emocional. Passo por um arco-íris de emoções e sentimentos, porém torno à condição original em tempo módico. Sem exigir do alheio. Preciso, apenas, de uma boa noite de sono.

6 – Cachinhos grisalhos

Dignos e lindos! Não dá pra dizer mais nada sobre isso. Quem já viu, entende.

Depois de criar a lista, mostrei para o rapaz por quem tenho leve apreço e venho declarando amor além da vida. Ele riu. Disse que eram excelentes qualidades e que qualquer pessoa que me conhecesse encantaria-se comigo. Sugeriu, inclusive, que eu arrumasse um namorado, afirmando que gostava muito de mim e queria ver-me feliz.

Chorei copiosamente por vários dias. Sofri de verdade. Encontrei-o, novamente, dois meses depois, em uma festa de família. Família dele, que fique registrado. O seu irmão, meu atual namorado, nos apresentou. Eu quis rir, mas ele permaneceu sério.

Nunca mais falou comigo.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Tem gente...

Tem gente que é apenas um café na nossa vida. Se quisermos que sejam uma refeição, dá gastrite. Não vale a pena. Tem gente que é o almoço e tem quem seja o jantar também. Gosto muito de quem é sobremesa, não explicarei o motivo, acredito que não seja necessário.

Mas tem gente de todo o tipo. E essa gente cruza o nosso caminho. Não creio em coincidências. Penso que todos os encontros têm um motivo divino. Ou seria Divino? Não sei. Enfim, os encontros, é disso que quero falar.

Sempre achei que gente velha não fazia amigos. Tinha a ideia pré-concebida de que a fase dos amigos acontecia na infância e na adolescência. Então, por muito tempo, carreguei a bandeira da solidão.

Hoje, posso dizer, quebrei a cara!

As poucas amigas que tenho foram adquiridas recentemente, já na idade adulta, quando não esperava encontrar quem quisesse compartilhar qualquer coisa.

Elas são diferentes entre si. Completamente diversas, distintas. Dessemelhantes! Mas convergem em um ponto: amor pela minha pessoa. Gratuito e autêntico. Retribuído sempre. Demonstrado, às vezes.

Deparo-me com uma semelhança, que não ocorre entre elas, mas lhes é peculiar. Situações esdrúxulas levaram-nos à amizade. De todos os tipos. Indescritíveis, desculpem-me.

Esse texto tem o peso de uma mea culpa e a leveza de uma homenagem, ao mesmo tempo.

Se, às vezes, não estou próxima ou não sou acessível: desculpem-me;
Se, às vezes, não ouço ou pareço não me importar: desculpem-me;
Se, às vezes, exijo demais, desculpem-me!

Sou uma pessoa em construção, tenham paciência, mas por favor, saibam: Amo muito vocês!

Diário Gerúndio?

s.f. Imitação desonesta de uma obra; plágio.

Purgando sentimentos & recuperando a infância perdida. Esquecendo comportamentos inadequados. Livrando-me de amarras. Acreditando no futuro. Divertindo-me com o presente. Libertando-me do passado.

Defina loucura!

O rapaz por quem tenho leve apreço, mas venho declarando amor Byroniano, chamou-me de louca. Indaguei logo o motivo. Frases desconexas! – foi a resposta. Não esbravejei dessa vez. Admiti a loucura serenamente. Disse, inclusive, que fazia parte do meu charme.

A aceitação imediata do elogio (?) não significa, porém, que não me pus a pensar novamente no fato. Sim, tema recorrente, bem sei. Mas um momento de reflexão não faz mal a ninguém, sobretudo se vier acompanhado de um bom Cava e brie.

Loucura, por definição, é doidice, demência, insanidade, ato de extravagância ou de imprudência.

Neste exato momento em que escrevo sobre esse tema tão controverso para mim, meu vizinho escuta Habanera e canta com Maria Callas. Mas canta tão alto que incomoda até o gato. Isso poderia ser considerado um ato de extravagância e encaixar-se na descrição de loucura? Talvez. Eu, apenas, o julgo culto, visto que ouve ópera, jazz, blues.

Vez ou outra, danço sozinha em casa. Já tentei dançar com o gato. Mas ele não gosta de Sinatra. Extravagância? Insanidade? Ou excesso de felicidade? Enfim, não foi a dança que levou ao elogio. Voltemos às frases desconexas. Acredito, piamente, em espontaneidade. Tornemos a utilizar o pai dos limitados*. Ele diz: — Espontaneidade: em que há simplicidade, originalidade, naturalidade.

Posto isto, entendo que é óbvio dizer que sou simples, original e natural, portanto, espontânea. Digo o que penso sem rodeios. Outras vezes, não penso, sinto. E digo também! Expresso-me sem censura e com verdade. Mesmo que a existência da verdade seja limitada ao ínfimo momento de sua enunciação. Propago energia verbal.

Talvez o mundo globalizado, preso a padrões rígidos de conduta não admita esse tipo de comportamento. Há quem execre. Há quem, somente, se afaste. No entanto, na briga entre o azul e o amarelo – dizem – há espaço para todos. Então, deve haver quem goste também.

Assim creio. Assim, mantenho-me espontânea, original, simples, natural. Porque no meu ponto de vista, cometo sincericídios. Alguns engraçados, outros nem tanto. Mas loucura? Não, só aos olhos de quem enxerga o mundo em Preto & Branco.

*Burros, mas mamãe ensinou-me que devemos dizer: limitados. E aos sete anos fui apresentada ao eufemismo!

Curtinha

No aeroporto:
- Precisa passar de novo no raio-x, senhora. O que tem na sua bolsa?
- Livro, celular, cigarro, bala, uma 765 cromada...
- Oi?

Impagável, a cara do segurança. Im-pa-gá-vel!!!

Assassinato

A possibilidade de amor morreu. Não fui eu, juro. Acuso o Coronel Mostarda, na biblioteca, com a chave inglesa! Motivo? Falta de reciprocidade e excesso de rejeição.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Reminiscências

Todas as manhãs passo por um banco de praça a caminho do trabalho. O banco, sempre vazio, traz memórias de uma outra vida que ficou guardada em algum compartimento obscuro da minha mente.

Lembranças de dias quentes, roupas coloridas e piqueniques no parque. Recordações de um tempo em que as flores, que hoje enfeitam sua última morada, adornavam os meus cabelos e o caminho até a nossa árvore.

Saudade infinita dos seus olhos que tinham um olhar todo especial só para mim. Saudade da sua gargalhada, às vezes, inconveniente, mas sempre sincera. Saudade do seu toque macio e exato. Saudade da nossa vida.

Menino pândego, quem te deixou partir, assim, tão de repente?

Exagerada

Tenho julgado-me coxa. Claudicante. Manca. Falta-me equilíbrio no sentir. Oito ou oitenta!, ouvi por toda a vida. Chego, agora, à conclusão de que a frase reflete a realidade.

Tenho sido exagerada e dramática nas relações. Ando chorando, pelos cantos, a morte de pessoas vivas. Sublinhando a dor em poemas tristes. Relendo testemunhos de sofrimento, bilhetes suicidas (alheios, é óbvio), cartas de despedida.

Tenho vivido realidades inventadas nas quais, invariavelmente, morro no final. E ninguém vai ao meu enterro. Ou chora. Ou sofre.

Tenho escutado fados portugueses e lamentos árabes.

Tenho procrastinado os afazeres para lastimar o presente, o passado e ter pena de mim mesma, que não tenho futuro.

Tenho enrolado-me no cobertor e escondido-me no sono por horas e horas a fio.

Tenho ignorado as alegrias.

Toda mimimi

Supersensibilidade é algo inventado pelos seres extravida que não sentem o que deveriam, apenas inveja dos demais.

E daí, se sou sensível? E daí, se sou grossa também? Gente que chora não pode gritar? Gente que resmunga não sofre? Nunca li essas regras em nenhum manual de conduta humana. Se você acha que são válidas, crie o seu e coloque-as nele.

Tudo bem, isso pode não ser tão real, mas é um ponto de vista válido.

Era uma vez...

Era uma vez um menino doce que morava num castelo. Esse menino não tinha irmãos, nem convivia com outras crianças, pois só havia adultos no castelo. Os dias dele eram preenchidos pelas mais diversas atividades para que não sentisse falta de companhia ou brincadeiras.

Doce e azulado, assim ele era. De um azul tão claro que parecia fazer carinho em quem o olhava. Transpirava bondade, generosidade e compaixão.

Um dia esse menino tornou-se adulto. E permaneceu azul e doce. Simples e altruísta. Passou, então, a conviver com adultos de outra forma. De igual pra igual, pensava.

Mas o convívio agora era muito diferente do passado. Os adultos não o tratavam da mesma maneira, afinal ele continuara azul quando todos os outros tornaram-se cinza com o passar dos anos.

Aquele azul cintilante, que outrora inspirava calma, passou a irritar os demais. A docilidade os enojava. Eles eram cinza, amargos, ácidos, salgados, picantes. Nunca azuis. Nunca doces.

Sem entender o que acontecia, quis parar de brilhar. Sem sucesso, resolveu evitar o contato com o mundo cinza. Voltou para o castelo. Isolou-se.

Aos poucos, sem contato com qualquer outro ser, sua cor foi mudando. Entendeu, então, como deveria agir para ser aceito. 

Hoje, é quase todo cinza, pouquíssimo doce. Mantém apenas uma manchinha azulada, brilhante, que raríssimas vezes deixa ser vista.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Frase do dia

Leve-me ao seu líder!

Sempre perdida

Preciso de um GPS para a vida. Não é saber pra onde ir. Isso eu sei. Quero dicas de bons caminhos pra chegar lá. Também não é vida fácil. É só pros dias de preguiça.

Não sei olhar mapa. Perco-me após duas ou três voltinhas no meu próprio eixo. Lido com isso. Às vezes, vejo graça.

Essa falta de senso de direção já me rendeu ótimas aventuras. Descobrindo coisas, lugares e pessoas novas. Gosto e preciso do acaso.

Então, veja bem, esse GPS que falo é mais transcendental.

Serviria pra evitar entrar em roubadas afetivas, por exemplo. Porque de vez em quando a gente se depara com buracos negros emocionais e é imediatamente sugada pra dentro deles.

Sabe por quê?

Porque eles não têm placa. Não tem um caminho marcado como perigoso pra você desviar. Aí você segue a estrada tortuosa e se lasca todinha.

Mais ainda.  Dedicação pra amigos que não são tão amigos. Aposta em empregos maravilhosos que tornam-se verdadeiros calvários. E por aí vai...

É isso. Enfim, por preguiça ou inabilidade pra ler sinais, reivindico meu GPS da vida.

Sensação do dia

Nojo!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Aqui em casa a loucura reina e até o gato é bipolar!
Os caminhos que percorremos para chegar onde devemos, às vezes, são estranhos. Ou serão as escolhas?

Más escolhas, más escolhas...