Sim, sinto falta de companhia. Às vezes, fico carente. Mas não é coisa grave que necessite de alguém o tempo todo. Um contato esporádico pode resolver isso. Isso e a questão física, é claro! Essa é a pior.
Poderia fazer entrevistas. Ou um leilão. Não, leilão lembra bailão que lembra peão que lembra música sertaneja. Perco o foco. Licitação, leilão, não. Nenhum ão! Muita formalidade. Um site na internet talvez. É mais descontraído, casual... Casual! Essa é a palavra.
Casual: adj. Que depende do acaso; fortuito; ocasional.
Fortuito é um luxo! Devaneio de novo e me perco nas palavras. Voltando à ideia inicial. Sim, decidi. Vou fazer! A forma não será rígida. Traço um perfil, decoro um questionário e aplico quando tiver interesse. Assim, no meio da conversa, com intuito de passar despercebido. Quando chegar em casa faço o placar e pronto, escolho o que quero. Fácil!
Foi o que pensei.
- O que você gosta de fazer?
- Ah... Gosto de sair, mas também curto ficar em casa. Bebo de vez em quando, cozinho, saio com a galera pra balada.
- Você tem muitos amigos?
- Faço o tipo popular, saca?
- Hmm.. acho que sei.
- Tudo me diverte, menas pessoas chatas, sabe? Gente que tá sempre insatisfeita, reclamando. Tipo mimimi. Isso eu não topo.Saca já estava difícil, mas menas? Bah! Menas, nem o Lula, companheiro! Menas, não dá. Não é preconceito. É crivo! Parti, então, para uma abordagem mais direta. No meu ponto de vista, é óbvio!
- Não é que eu tenha medo de relacionamento ou compromisso. Só acho que não é o momento, entende?
- Claro.
- Então fico só. De tempos em tempos aparece uma ou outra pessoa. Coisa casual.
- Pra tirar o atraso, né?
- O quê?
- Olha, gata, que tal pularmos esse nhenhenhem do jantar e irmos direto lá pra casa?
Não era exatamente o que eu estava esperando. Não sou muito exigente, mas isso foi tosco. Rude. E depois? Me joga na parede e me dá umas bofetadas? Ah, assim não quero. Bruto, só no sentido "não refinado". Mal-educado, nem pensar!
Mudei a tática. Gênero: romântico. Perfil: princesa. Mulher fresquinha perde. Vestido florido, arranjo no cabelo (escovado, é claro), sapatinho de boneca. Mais tons de rosa em uma só pessoa do que na casa da Barbie inteira. Creperia. Suquinho e salada. Sugestão dele. Acatada com boa vontade de Amélia.
- Você não gosta de fazer as unhas?
- Err.. Não tive tempo essa semana.
- A sobrancelha também não, né?
- Não. Marquei salão para amanhã.
- Qual salão você frequenta?
- Fica naquele Shopping perto do meu trabalho.
- A-DO-RO o cabelereiro de lá!!! Ele é um gênio da tesoura!
- É... (amiga)
Definitivamente é melhor começar a distância. A primeira conversa, agora, é por e-mail. Regra estabelecida! Nada de encontros às escuras. Chega de enrascadas.
Tentei, por fim, um site de relacionamentos. Existem aos montes. É possível enunciar os atributos desejados, listar suas principais características e escolher aquilo que você pensa que combina.
Usei imagem fidedigna. Fui discreta, mas sincera. Quando supus ter encontrado o par compatível, a surpresa final!
- Olha, Dona, vi que você se interessou por mim e já que vamos nos encontrar preciso te dizer uma coisa… pra beijar e dormir de conchinha é mais caro, tá?
E foi assim, meninas, que eu virei lésbica!
Usei imagem fidedigna. Fui discreta, mas sincera. Quando supus ter encontrado o par compatível, a surpresa final!
- Olha, Dona, vi que você se interessou por mim e já que vamos nos encontrar preciso te dizer uma coisa… pra beijar e dormir de conchinha é mais caro, tá?
E foi assim, meninas, que eu virei lésbica!
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