Examinou a sala minuciosamente sem notar qualquer vestígio dos acontecimentos daquela tarde.
Já vai tarde, pensou.
Os encontros fortuitos haviam tornado-se, há muito, desgastados. A antiga paixão dera lugar a algo insípido, sem propósito, nexo ou relevância.
Afastou as almofadas com as costas da mão e deixou-se cair preguiçosamente no sofá. Mal a taça de vinho acabara, resvalou num sono profundo e justo.
Com gosto de guarda-chuva na boca, viu-se, às quatro da manhã, bebendo suco direto da embalagem, numa cozinha iluminada apenas pela pequena lâmpada da geladeira, que permanecia aberta enquanto a sede era saciada.
Passou a mão nos cabelos, admirou seu reflexo no espelho, riu. Enfim, foi pra cama. Ainda com um sorriso nos lábios, adormeceu novamente.
Antes disso, um pensamento: não me caso.
Não.
Não me caso.
Nunca!
Nenhum comentário:
Postar um comentário