Assim que minhas memórias começaram a sumir desenvolvi uma infinidade de manias. Fazer anotações. Escrever diários. Guardar papéis. Mandar mensagens para mim mesmo. Até o modo de me relacionar mudou.
- Então, já te contei aquilo que me aconteceu quando estava…
A cada Não, o que houve?, um alívio. Sim, algumas vezes, um improviso. Tornou-se sofrível manter amizades antigas. Ao mesmo tempo, fiquei muito popular em eventos sociais.
Primeiros contatos, primeiras conversas. Conto tudo de uma vez e não volto a falar com a pessoa jamais. Tornei-me interessante. Essa fase foi ótima. Até começar a esquecer a fisionomia das pessoas.
De repente, um insight. Quem se importa? Quem, verdadeiramente, ouve? Vou mais além: quem se interessa?
Nem eu mesmo, que agora já não me lembro mais o que queria dizer quando comecei a escrever isso...
Nem eu mesmo, que agora já não me lembro mais o que queria dizer quando comecei a escrever isso...
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