Eu e as vizinhas, todas nas janelas, cada uma com um objetivo. Uma recolhe as roupas. Apressada, fecha a janela e desliga as luzes. A outra grita para o filho subir. Eu olho a chuva e deixo molhar.
Molha o rosto, a roupa, os pés. Lava a alma. Molha até o gato que é estranho e não tem medo de água. Tudo em mim é estranho. Até o gato.
Chove forte com vento e barulho. Quanto mais chove, mais eu me molho. Deixo a chuva me molhar para esconder as lágrimas. Essas lágrimas tão difíceis de cair. Mas, ao mesmo tempo, tão próprias para o momento.
Esse amor nunca foi conveniente. Desajeitado. Em tempo errado. Veio e se foi na chuva. Hoje, na mesma chuva, é dele que me lembro.
Quilmes, uma Cantante Calva e Todomundo. Filmes argentinos com amendoim. Quinquilharias em San Telmo. E a chuva. A mesma chuva.
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