quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Solidão


Aí eu achei esse blog perdido. Escrevi um post cheio de boas intenções e abandonei tudo. O blog, o post, a amiga e as boas intenções.
Ainda achei um rascunho com o título: solidão.
Não tinha texto. Acho que é por isso que o título estava se sentindo sozinho.
Então resolvi escrever aqui, nesse título: solidão. Assim ele fica mais feliz e não se transforma em depressão.

O título é de 2008.
O texto é de 2009.
A solidão que era eterna, sumiu.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Escolhi ter tempo

As pessoas passam por nossas vidas, deixam suas marcas e vão embora.

E assim foram os meus colegas da escola, da faculdade, do trabalho, dos cursos, das viagens.

Não criei raízes e não sinto falta.

Às vezes vejo um rosto conhecido na rua, mudo de lado, entro em alguma loja só para não ter aquela conversa banal fingindo existir um laço há muito tempo desfeito.

Não atendo telefonemas, não respondo e-mails, estou sempre invisível.

Não tenho tempo. Não tenho tempo? Tempo.

Acho que tempo pode ser uma questão de preferência.

Minha avó morreu em outubro de 1999. Ela me criou por uma boa parte da minha vida e quando ficou velhinha eu ajudei a criá-la. Ela morreu quando eu estava saindo da adolescência. E deixou um vazio enorme, uma falta de um não sei o quê tão grande, mas tão grande que, vez outra, ainda sinto.

Naquele ano o Natal perdeu o sentido. Não queria participar de comemorações. Saí com uma amiga, fui para um bar, depois para outro e outro e mais outro. No começo da noite todos os bares haviam fechado, então decidimos ir para casa dela jantar. Passei o Natal na casa de minha amiga naquele ano e nos anos seguintes.

Essa menina que tanto me apoiou, tornou-se mulher, engravidou, casou e foi viver a vida dela em outra cidade. Não fui visitá-la. Às vezes um e-mail ou uma ligação. Eu não tinha tempo.

Voltou para a cidade em que eu moro e, ainda assim, quase não nos encontrávamos. Falta de tempo, eu acho. Então ela se separou e mudou novamente. Dessa vez foi para bem longe. Quando ela se mudou eu estava viajando e ela me escreveu assim: "Eu vou embora e minha melhor amiga de todos os tempos não vai estar aqui para se despedir de mim."

Na primeira oportunidade comprei uma passagem e fui visitá-la.

Foi uma boa viagem.