segunda-feira, 14 de maio de 2012

Três lágrimas.
Contive o resto.
Não posso.
Não devo.

Reflita!

Eu juro que é melhor
Não ser o normal

As linhas tênues da vida

São várias. Algumas óbvias, outras nem tanto.

Ora tácita, ora explícita. A linha.

As linhas.

São várias.

Não devo pisar nas linhas. Transtorno obsessivo-compulsivo. TOC. TOC. TOC. Três vezes. E pulo a linha. A riscada. Não vejo a tênue. Você enxerga? Pode me mostrar, por favor? Afinal, o que é tênue?

Perco-me no emaranhado das linhas.

Alguém, por favor, venha me salvar. Nunca pedi nada. Só à Deus. Ninguém ouve. Alguém desata esse nó?

Embolada. Embolada. Embolada.

Acredite naquilo que você não vê. Ouça. Sinta. Inspire. Expire. Quebre. Transgrida. Grite.

Liberte-se!

Não me consuma! Não sou seu bem.

Grito. Transgrido.

Liberto-me.

domingo, 13 de maio de 2012

Acho digno sofrer calado

Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto


Angústia. Ansiedade. Nó na garganta. E todas as sensações (péssimas) que a ausência de alguém querido pode causar. Você liga. Manda mensagem. E-mail. Carta. Vai num pai-de-santo. Taróloga. Grita com todos os oráculos. Faz simpatia. E nada.

É, às vezes, é assim. Não adianta, por mais que você se esforce, não vai ter jeito. Quando um não quer... Não acontece e pronto! E toda a sua inteligência desce ralo abaixo junto com as suas lágrimas de autocomiseração. 

Aí, você se joga na vida mundana. Bebe. Passa de boca em boca procurando um sabor que, já sabe, não vai encontrar. Sonha com os abraços. Fecha os olhos lentamente, inspira, sente o cheiro da pessoa no ar. Quase pode tocá-la. Abre os olhos pra ver a ilusão se desfazer.

E, nesse meio tempo, enquanto sofre feito um condenado, imputa o mesmo sofrimento à outra pessoa. O não, dito com todas as letras, passa a ser um talvez. E você insiste. Não ouve. Faz da vida do alheio um inferno.

Persegue. Faz drama. Inventa desculpas para se materializar em todos os lugares em que a pessoa está ou possa aparecer. Liga para os amigos dela. Procura o nome da figura nos sistemas de busca da Internet. Cozinha o coelhinho de pelúcia da pessoa na panela!

E ela faz o quê? Estoura, né? Numa reação digna de filme hollywoodiano. Em terras tupiniquins, pode-se dizer "arma um barraco".

Então você faz cara feia. Sai batendo porta. E ainda reclama da falta de educação. Diz aquelas frases ótimas que se iniciam, invariavelmente, com "No meu tempo...".

Que tal uma dose de dignidade?
Amigo G. fez visita de inspeção. Não encontrou os tão falados defeitos da obra. Comeu, dormiu e depois transformou-se na Fada Madrinha Arrumadora da Cozinha. Adoro! Sei que deveria ser mais educada. Não é bonito colocar a visita pra lavar louças. Mazahhh... Paciência! Ao menos fiz a comida com carinho. Muito carinho.

Saudades do Amigo G.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Castrado sim, mas muito macho!

Hoje eu descobri que o Igor é muito macho. Ganhei um presente que vinha com uma fitinha laranja. Peguei a fita e dei um laço no pescoço do gato. Miou, resmungou e ficou um pouco arisco. Até aí, tudo bem, ele é enjoadinho mesmo. Não gosta de ser contrariado.

Peguei a máquina fotográfica pra registrar o meu lindinho todo enfeitado. Pra quê? Virou um gato do mato, jaguatirica selvagem, pantera cinza do Centro-Oeste. Correu pela casa. Fugiu. Deu piruetas no ar. E, ainda, escalou a rede das janela fugindo da foto.

Guardei a máquina. O bicho voltou para o meio da sala e deitou.
Vai entender...
Esse gato tem cada uma!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Bethânia

Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não

(...)

Sou como a haste fina que qualquer brisa verga
Mas, nenhuma espada corta

Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe comigo

O Rei e eu

Você foi... 
uhuuuuuuuuuuuuuu
O maior dos meus casos
De todos os abraços 
O que eu nunca esqueci    

O Rei e eu. E o gato, é claro. E os vizinhos que escutam o meu uhuuuuuu toda vez que o Rei canta. Estamos todos em casa. Especialmente felizes. Ah. Os vizinhos estão em casa também. Nas deles. Participam pela janela. Finjo que não é comigo. Sou afinada sim, meu filho, você que não tem ouvido!   

Não adianta nem tentar
Me esquecer
uhuuuuuuuuuuu
Durante muito tempo 
Em sua vida
Eu vou viver  

O Rei arrasa. Toca a alma. Se é que isso existe. O brilho da lua entra pela janela e ilumina a sala escura. Lembranças povoam o pensamento e enchem o ambiente. 

Se você pretende
Saber quem eu sou,
Eu posso lhe dizer.


E quem, hoje em dia, quer realmente conhecer alguém? As relações twitter. São 140 segundos e nada mais. O que é uma amizade? Interesses comuns talvez. Amor? O que é amor? É gostar daquele que não me contraria. No máximo.

Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo


Pausa. Silêncio é necessário. Silenciar a voz. A alma. O coração. Pausa.

Hoje, eu ouço as canções que você fez pra mim
Não sei por que razão tudo mudou assim
Ficaram as canções e você não ficou


O Rei usa uns brincos ridículos. Eu nem ligo. Ele é o Rei. É verdade, ele é o Rei, mas eu prefiro essa música com a Bethânia. Definitivamente.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eu odeio futebol!

- Amor, almoça comigo hoje? Preciso falar com você.
- Claro! Algo sério?
- Nada preocupante. Só saudade mesmo.
- Certo.
- Te pego 12:30.
- Te espero.
- Beijos.

Cabeça de mulher é algo surpreendente. Mil e um roteiros de filmes melodramáticos passaram pela minha mente no tempo transcorrido entre a ligação e o horário do almoço.

Ele está com câncer em fase terminal. Não, não é possível. Estaria com a voz mais triste. Arrumou outra. Batata que é isso! Canalha... Ainda quer ver a minha reação quando me falar da sirigaita. Homens não prestam mesmo. Mas ele sempre foi tão gentil. Não faria isso comigo, não dessa maneira! Talvez seja só saudade... Se bem que ele diz todos os dias que sente saudades de mim. Pra quê me tirar da repartição? Convite formal para almoço? Tem algo errado aí. Se fosse coisa boa, era jantar, vinho, luz de velas, quiçá uma esticadinha romântica.  

- Amor?
- Sim...

Reticente, voz trêmula, olhar vago.

- Sabe o que é?
- Olha, não quero ser indelicada, mas se soubesse...
- Você e sua mania de imaginar sempre o pior!
- Não imagino o pior, mas o desconhecido nem sempre é agradável.
- Fica prolixa quando está em situação desconfortável.
- E você? Formal, diplomático. Nem parece o cara que..
- Não te chamei aqui pra brigar!
- Então desembucha, porra!
- AHN?
- Desculpe-me, escapuliu.

O garçom traz os pedidos. Silêncio sepulcral. Nos olhamos. Nenhuma palavra. Nenhum movimento.

- A comida vai esfriar.
- Eu te amo!
- Quê?
- Era isso. Queria dizer que eu te amo. Queria que fosse um momento especial, fora da correria, do dia a dia atribulado. Algo pra nos lembrarmos pra sempre, sabe?
- Deu certo. Dificilmente esquecerei esse dia. Aliás, vou até dar um nome específico pra ele: O Dia Internacional do Terrorismo Amoroso.
- Você poderia ser um pouco menos sarcástica.
- E você quer que eu diga o quê?
- Que você também me ama... Seria um bom começo.
- Eu posso até te amar de uma forma geral, mas nesse exato momento estou com ódio de você.
- Não faz assim..
- A comida vai esfriar!

Mais três doses de silêncios. Todos sepulcrais. Almoço engolido a pulso. Olhadelas discretas no relógio. Movimentos automáticos, quase robóticos. Enfim, conta. Enfim, carro.

- Queria te dizer também...
- ...
- Você não quer saber?
- Não quero interromper.
- Então...
- Então o quê?
- Você é a mulher da minha vida. É com você que me vejo envelhecer, criar meus filhos. Ficar rabugento junto, sabe?
- Mesmo?
- Juro! Te amo muito. Nunca me senti assim antes. Já tive paixões, mas agora é pra valer. Não é frio na barriga. É amor.

Perdão instantâneo. Blecaute. Muda a cena. Olhos fechados. Igreja barroca. Coral de vozes femininas entoa Chuva de Prata. Vestido branco. Buquê pequeno de astromélias. Pajem e daminha carregam as alianças.

- Amor? Você está dormindo? Já chegamos.
- Ah, estava distraída. Te vejo à noite?
- Claro.

Tarde completamente improdutiva. No quesito trabalho, é claro. Vida pessoal a mil. Google trabalhando a todo vapor nas pesquisas de igreja, cerimonial, vestidos, doces, bufê, locais para recepção e, é claro, lua de mel.

- Vamos tomar um chope?
- Já? Perdi a hora...
- 19:30!
- Sim, te encontro no estacionamento.

O bar de sempre. As pessoas de sempre. O horário de sempre. O olhar novo. Olhar de amor.

- Eu estava pensando sobre o nosso almoço..
- Eu também!
- Diz..
- Fala você primeiro.
- Não, fala você..
- Bom, nós nos entendemos muito bem. Nossos gostos combinam, nossos projetos de vida e tudo mais. Parece, mesmo, que a gente se completa...
- Eu também penso assim.
- Então...
- Diz..
- Acho que a gente deve terminar o nosso relacionamento por aqui.
- O QUÊ???
- É. Isso vai evitar que a gente macule o nosso amor com brigas bobas, falta de respeito e todas essas coisas que acabam acontecendo nos namoros.
- O QUÊ???
- Sei que é difícil de entender, mas é o melhor a ser feito nesse momento. No futuro, você vai me dar razão.
- O QUÊ???
- É... igual ao Pelé, sabe? Acho que a gente deve encerrar nossa "carreira amorosa" no auge.

E, desde então, odeio futebol!

domingo, 6 de maio de 2012

Princesa... Fiona?

Trabalho mental, braçal e de outros tipos se existirem. Sem muito tempo para pensar, criar, procrastinar. As funções domésticas ainda me consomem. Isso e a mania de inventar coisas. Por que comprar uma estante se posso fazer uma, não é mesmo?

Continuo só. Eu e o gato. Isso quer dizer que acumulo as funções de lavadeira, cozinheira, faxineira e (péssima) passadeira. Digo que acumulo porque agora penso que sou marceneira, pedreira, bombeira e eletricista também. 

Minha porção princesa anda escondidinha dentro de caixas. Caixas que limpo, lixo e pinto. Monto e desmonto. Paredes que retoco. Pias que instalo. Sifões que conserto. Lâmpadas e pneus que troco. Tudo isso me afasta cada vez mais da minha parte princesa. 

Ai! Quebrei a unha. E agora? 

Lixa 150 da 3M nela!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sem tempero

É só!

Eu tenho

Espaços vazios e silêncios intermináveis. A alma repleta de bondade (quase) sempre disposta a ajudar. Carinho. Amores além da vida. Olhar terno e compreensivo. Abraço quentinho e aconchegante. Mãos suaves. Voz firme. Boas palavras. Nem duras, nem complacentes. Simpatia e doçura. Bom caráter.

Charme. Cachinhos grisalhos. Olhos fundos que guardam tanta dor. A dor de todo esse mundo. Resiliência. Dificuldade para lidar com dinheiro e sentimentos (não nessa ordem). Vontade de ser feliz acima de tudo. Péssima memória. Manias.

Amigos que me chamam de sereia. Gato cinza. Vida colorida. Má vontade quando contrariada. Incertezas. Cervejas na geladeira. Gosto musical duvidoso. Juízo (mas faço questão de esconder). Medo de amar.

Momentos de Infinita Tristeza. Outros de Esperanza. Poesia emanando dos poros. Malemolência. Indolência. Fases de procrastinação. Desafetos (nenhum inimigo). Admiradores secretos. Surtos de exibicionismo. Gastrite crônica.

Nome de música do Chico!