quarta-feira, 20 de julho de 2016

Balada da despedida

Não é calafrio nem pressentimento ruim mas, assim do nada, deu uma vontade louca de me despedir das pessoas. Um desejo intenso de avisar que estou voltando pro meu planeta. É, aquele, a anos luz daqui.

Vontade de abraçar gente que não vejo há tempos e dizer o quanto já foram importantes pra mim. Pedir desculpas, não por qualquer coisa, mas por todas as coisas que sei que fiz e me arrependo.

Necessidade de fazer as pazes com alguns também. Ir tranquila, sabe? Planeta distante, combustível caro, essas dificuldades de mundos não muito desenvolvidos. Não rola uber nave. Vai saber quando volto ou se volto.

Então, numa espécie de manifesto de adeus digo pra vocês: muito obrigada por tudo!

E esse tudo foi: o carinho; os bons momentos que me fizeram feliz e os maus, que me ensinaram ou tentaram; a paciência; o ombro amigo; a bronca; o riso frouxo; a companhia; a cumplicidade; o amor e várias outras coisas indizíveis.

Adeus.
Gratidão.
Eu tô voltando pra casa!

Aprendizado III

Ando devagar
porque já tive pressa
E levo este sorriso
porque já chorei demais

Não bato portas. Fecho-as gentilmente enquanto outras se abrem. Espero, pacientemente, as boas novas. Faço tricô, limpo a casa, cuido de mim. Mantenho a rotina. 

Não faço planos.
Mentira!
Desfaço planos.

O universo ri enquanto você faz seus planos. Ouvi. Emudeci. Quero verdadeiramente entender em quais planos devo transitar.

Trânsitos. Observo e tento compreender. Carros, motos, bicicletas e planetas me atropelam. Pego o compasso, o transferidor, a folha e o lápis. Coloco os trânsitos em seus devidos lugares.

Quadrados me enquadram ao nascer e ao viver. Quero a Roda. O Sete. Triângulos mostram o meu lugar. Hermética. Onde está a ponte para o Nada?

Nada me faz feliz.
Nada é agora.
Nada é um foco e um objetivo.
Nada... diz tudo!

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Aprendizado II

Aprendi que se você quer algo verdadeiramente, deve guardar esse desejo para si.
Aprendi que se desejar demais esse algo cria um apego nocivo.
Aprendi que apego traz sofrimento.
Aprendi que se despende mais energia com sofrimento do que com felicidade.
Aprendi que o caminho para a felicidade é o amor.

Enfim, aprendi que amar é não desejar, não se apegar, não sofrer.

Amar é libertar.
Livro-me de você porque te amo.
Agradeço a compreensão.

Aprendizado

Dentro de mim, existe um pedacinho que é chinês. Esse pedaço, apesar de ser bem pequenininho, é superimportante.

Ele não liga pra filas e entende que imprevistos acontecem. Fica muito feliz de ver o sol nascer. Agradece pelo dia que teve. Regozija-se ao experimentar novidades. Sabe que, apesar de não ser insubstituível, é único. Vê a paisagem maior. Medita só, no alto da Muralha, com o vento batendo no rosto. Fica em paz quando ouve o tambor. Não se importa com a poluição.

Fui pra longe, bem longe, e lá me encontrei. Aquele lugar desconhecido, com letrinhas estranhas pra mim, trouxe aproximação, reconhecimento, verdade. Trouxe também silêncio, quietude, felicidade.

Posso demorar a voltar ou não pisar lá nunca mais, mas a China não vai sair de mim. Povo simpático e disposto a ajudar. De passos rápidos, riso tímido e olhar curioso. Chineses são diferentes, especiais.

Ir à China não é simplesmente fazer uma viagem turística. É iniciar uma jornada para dentro de si. É mágico, surpreendente.

Carolina...

Enquanto a vida real não começa, enceno esse faz-de-conta. Acordo, movo-me o tempo todo de um lado pro outro, como se soubesse o que faço. Espero que algo aconteça. Torço por mudanças. Nada se altera.

Faço planos. Estabeleço metas. Assim, que a vida começar, eu... Tão logo a vida se inicie, eu... Mas esse começo não acontece nunca.


Lá fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu