domingo, 25 de agosto de 2013

Idiossincrasias

Sim, é delas a culpa da paixão. Esse seu jeito de dobrar a pontinha do lençol antes de deitar e virar o travesseiro. Secar a pia sempre. Não deixar sapato virado. Colocar os pronomes nos lugares certinhos e usar mesóclise.

Esse conjunto de manias que pros outros é um transtorno. Tem nome feio e tudo.

Essa mania de me amar sempre. Não importa hormônio, mal humor, sono. O seu amor está ali. Presente. Preenchendo a casa. Despertando meu sorriso. Fazendo-me feliz.

Essa é a minha mania. Ser feliz por ser amada por você. Sempre.

domingo, 18 de agosto de 2013

A minha história de amor

II

O moço da sombrinha ocupou meus pensamentos por uns bons dias. Maus também, confesso. Diálogos imaginários eram o meu novo passatempo.

Imaginava o que poderia dizer a cada ato meu. Mas ele não dizia nada. Era apenas um moço na chuva desaparecendo no retrovisor.

Isso até aparecer com uma fatia de melancia e dois garfos na barraca de frutas que fica embaixo do prédio em que trabalho.

Sim. Exatamente desse jeito. Colocou a fruta na mesa e empurrou o garfo na minha direção. Dei um pulo da cadeira, tamanho o susto.

- Tem medo de melancia também?
- Não, alergia.

Riu e pediu outra fruta pra mim. Recusei, satisfeita.

- Você é sempre assim, difícil?
- Não, só com gente que come melancia.

Pediu abacaxi. Dei meu telefone na hora. Afinal, gente que come abacaxi após o almoço é, definitivamente, confiável.

Antes que eu pudesse pegar o elevador, uma ligação. Sorri sem motivo. Atendi o número desconhecido dizendo sim para todas as possibilidades de amor que povoavam minha imaginação.

- Não, obrigada, eu não quero um cartão de credito!

Por que, diabos, eles levam tanto tempo pra ligar depois que damos o telefone, hein?

A minha história de amor

I

Eu preciso escrever uma história de amor. Dessas com começo, meio e fim. Aliás, a minha história de amor. Que teve tudo isso e foi linda.

Difícil começar. Talvez pelo dia em que nos conhecemos. Mas isso é tão banal. Todas as histórias começam pelo início. Assim, sem-graça. Assim, banais. A nossa história, que foi a mais bela que houve até hoje, deveria ter um princípio especial. Ao menos, no papel.

Mas não escrevo em papel. E não tenho como retroceder no tempo para apagar os fatos e fazê-los magníficos.

Foi uma chuva. Ou um guarda-chuva. Rolou no chão com o vento. Bateu em meus pés. Ele veio correndo apanhar. Desculpou-se. Ofereceu-se para me levar ao carro protegida da chuva. Tenho medo de sombrinhas, respondi, já encharcada. Isso não é uma sombrinha, é um guarda-chuva, corrigiu-me.

Tenho medo, mesmo assim. De guarda-chuva. De gente carrancuda. De sim e de não. Ser indiscreta ou forçar intimidade. Cachorro preto. Escuro. Ficar louca. Solidão. Fantasmas. Terremotos. Ternos cinza. Dias calmos. Tenho medo.

Muitos medos, observou. E de café? Perguntou sorrindo. Café, eu gosto, respondi rápido ansiando por um convite. Que bom, disse, acabando com as minhas esperanças. Perguntou-me se eu tinha telefone ao me deixar no carro. Respondi-lhe que sim e parti.

É o tipo de coisa que não se faz, sabe? O arrependimento chegou segundos depois. Mas não voltei. Não voltaria. A cena valia mais do que a ligação.

Cê jura?

Y - E aí, menina como estão as coisas?
X - Bem. Quem é?
Y -  O Y do passado distante. 
X - Ooooi! 
Y - O que está fazendo?
X - Coral e teatro mais cedo. Agora vinho e internet.  E vc? 
Y - Eu tomava vinho com a minha ex de Cidade Distante e a gente se via na cam...
X - Namoro virtual? 
Y - É... 
X - Bah..
Y - Às vezes, é bom.
X - Verdade. Às vezes, é só o que se tem.
Y - É mesmo. E quando ela bebia vinho, ficava animada e safada.
X -  Olha só... Que inédito! 
Y - Você já fez sexo virtual? 
X - Meu filho, tem dó. Procura outra!!!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Estranhezas do gato

Igor pula no meu colo, me arranha,  lambe, morde minha cabeça, mia, ronrona, se joga no chão, rola, me ataca e começa tudo outra vez.

Não sabe se quer briga ou carinho. Uma falta de habilidade absurda pra expressar sentimentos, vontades, intenções.

Onde será que esse gato aprendeu isso?

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Que Rei Sou Eu?

Arrasto-me pelo chão fazendo companhia para as baratas que correm enlouquecidamente de um lado para o outro. Estão em festa com as sobras deixadas por todos os cantos.

O fedor de resto de bebida dos copos mistura-se ao cheiro de cigarro e cinzas tornando o ambiente quase insuportável. Quase.

Eu suporto. E suportarei até o fim.

Já não faz mais sentido levantar-me. Quem se acostuma com a podridão, nela reina e não abdica de seu trono.

Pudesse eu, ver como vêem os outros. Mas não. Abjeto, não enxergo bondade. Não reconheço compaixão. Seres humanos. Raça desgraçada sem serventia.

Pertenço ao grupo, bem sei. Diverso apenas na visão. Erguer-me para quê? Pairar sobre a escória? Não. Junto-me a ela. Mas comando com maestria.

E você?

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O nome do jogo

Sílvia Santos. Sim, homenagem ao figurão da TV. Simplesmente sórdida para uns. Só suspiros para outros. Selvagem, surpreendente e, sempre, sexy.

Sol em Sagitário. No oriente, serpente. Sinceridade combinada com sabedoria.

Não sofre. Sabe viver. Quando só, sôfrega. Se acompanhada, sacia-se.

Às vezes, sensível. Outras tantas, seca. Suporta a dor e dá suporte ao amor. Solitária, é o que vêem, Segura, é o que sente.

Santa? Nunca!
Sacana, talvez.


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Matemática do Amor?

Não queria envolvimento. Mantinha a mensalidade do clube dos solteiros sempre em dia. Fazia troça dos amigos que manifestavam publicamente qualquer tipo de compromisso.

Aliança? Não, grilhão.
Era assim que chamava.

Conheceram-se por intermédio de amigos. Destacaram-se da turma na primeira noite. Ele ensinou-lhe a casualidade, ela mostrou-lhe o romantismo.

Em duas semanas, suas convicções desceram ralo abaixo. Marcou encontro em restaurante fino, levou anelzinho, jurou amor.

Ela, muito sem jeito, fez um gráfico num guardanapo de papel e traçou retas para explicar a diferença  de sentimentos no horizonte de tempo. Terminou o vinho sozinha. Até hoje, não entende bem o que aconteceu.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Miss you

Não gosto de agosto.
A gosto ou ao gosto, talvez. 
Agosto, nunca.

Mãe, tá me vendo aí do céu? Porque nessas horas de saudade, acredito em céu. Aliás, em tudo. Deus, fadas, duendes e, principalmente: mãe que cuida da gente lá do céu.

Veja bem, cuidar não significar vigiar, ok? Posto isto, reforço que preciso de momentos de solidão. Reduntante, eu sei, mas a gente sempre foi assim, né?

Olha, o que acontece é o seguinte: aquelas coisas que guardei pra te falar ao vivo estão entaladas aqui até hoje. Bem sei que, mentalmente, já te contei, mas não funciona assim. 

Então, de vez em quando, pede um voucher de internet pro maioral e dá uma olhada no meu blog. Te deixo uns recados por aqui.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Confiança

Cenário: Jurassic Park
Ação: T-Rex perseguindo Pterodáctilo.

Diálogo:

- Eu não quero te comer, só queria você perto de mim.
- Tenho medo. Você não é confiável.
- Por que? Eu te amo. Juro!
- Instinto...
- Não é assim, juro.
- Podemos ser amigos?
- Podemos ser o que você quiser.

Ação: Pterodáctilo pousa no chão e passa a asa na perna do T-rex simulando um abraço.

Blecaute

Ação: T-rex sentado. Arrota. No chão, ossinhos de Pterodáctilo.
O sagrado e o profano convivem bem até a gente desenvolver essa porra de autocrítica.

#quero

Jardim verde. Cheiro de terra molhada. Ideia fantástica. Amor além da vida. Colo eterno. Sorvete da Casa Doce. Milho verde. Viajar de carro sem destino. Casa arrumada. Cheirinho de Comfort. Cafuné. Emagrecer. Ser Diva! Sono profundo. Gostar de alguém. Vinho que brote na geladeira. Massagem nos pés. Queijo cottage. Cerejas frescas. Ser compreendida. Voltar pra terapia. Fazer acupuntura. Ser plantonista do CVV. Não ter mau humor. Acordar sem despertador. Banho de ofurô. Resgatar bichos na rua. Ler pra velhinhos em asilo. Gostar de cebola. Saber me comportar. Banho de chuva. Ser correspondida nas relações. Lembrar. Céu azul. Ver coelhos na lua. Sexo selvagem. Sombra, comida e água fresca. Havaianas de todas as cores. Acampar. Ver o melhor nas pessoas. Lírios que não morram rápido. Mais massagem nos pés. Cerveja que não engorde. Parar de fumar. Jipe amarelo. Dar certo na vida. Sopa de letrinhas. Frutas vermelhas. Caribe. Engessar o pé. Curar a gripe. Enxergar melhor. Ser altruísta. Andar descalça na areia. Ser uma linda.