sábado, 23 de agosto de 2014

Solidão é o meu sobrenome

Nunca pensei em mim como ser desagradável ou persona non grata. Mas de uns tempos pra cá, é a impressão que tenho de mim mesma.

Sempre só. Sem amigos, namorado, colegas de boteco. Nada. Apenas o gato.

Definitivamente, sou a velha louca dos gatos!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A hora do espanto?

Tenho estado na função de arrumar a casa em tempo quase integral. Digo quase porque à noite, às vezes, tomo uma coisinha e escuto música para relaxar. Eu e os vizinhos, até às dez, é claro. Aliás, eles escutam a música, não sei se tomam coisinhas. Não tenho amizade com os vizinhos.

Bom, mas não era isso. A questão é a música, ou melhor, a caixa de música. Não, de novo. Não é caixa de música, é uma caixa que se conecta por bluetooth com outros dispositivos. Tem rádio, USB e leitor de cartão também, mas só uso o bluetooth.

Ela é relativamente nova. Outra vez, não. Não é lançamento, mas adquiri há pouco tempo. Enfim, tudo isso para dizer que ainda não aprendi a usar a caixa. É isso!

Então, ontem, ouvindo música, ela travou. Troquei de computador e voltou a funcionar. Hoje, depois de pendurar as cortinas lavadas (e amassadas), tirar o resto para lavar e arrumar mais um pouco de bagunça, voltei ao cantinho de sempre, para relaxar.

Abro o laptop, entro no site de seleções musicais, conecto à caixa, dá erro. Mas, espantosamente, toca outra música. E o pior, uma música que me lembra minha mãe. A mãe morta cujo aniversario de falecimento é amanhã.

Reiniciei o computador, a caixa, a conexão e nada. Bom, nada não. De novo, a música da Mariza. Um fado que diz assim: Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir, pois tudo em meu redor, me diz qu'estás sempre comigo.

Tremi. Ah! Detalhe: o nome da minha mãe era Marisa. Desliguei toda a parafernália mais uma vez, fiz uma prece, liguei e, novamente, O FADO!

Por fim, lembrei que tenho essa música gravada no outro computador. Sim, o que usei ontem. Entrei no quarto e lá estava ele, conectado à caixa, tocando Mariza.

Bah, tecnologia...

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Arcano IX

A boite estava tão vazia que os poucos que entravam acenavam com a cabeça e me davam boa noite. Havia chegado há pouco. Não era muito tarde. Os amigos do bar foram todos para suas casas e eu não tinha para onde ir. Foi assim que cheguei lá. 

Pensava em tomar mais uma ou duas cervejas, dançar um pouco e, então, dormir. Sem sono, optei pelo torpor. Ambiente frio, vazio, deprimente. Nada agradava, nem a cerveja. Muito menos o preço dela. 

O rapaz que estava no final do longo balcão de madeira dividia seus olhares entre o celular, o relógio e a minha cara de poucos amigos. Demorou bastante até se aproximar. Conversinha infame, falta de dente e dificuldades para concatenar ideias fizeram-me ir ao fumódromo e não mais voltar.

Mais um desavisado. Outra conversa desagradável. Nada de música dançante. As pessoas perderam mesmo a noção, não é? Pensei em Ângela Maria...

De noite, eu rondo a cidade, a te procurar, sem encontrar. No meio de olhares, espio por todos os bares, você não está. Volto prá casa abatida, desencantada da vida, o sonho alegria me dá, nele você está.

Quando me apaixono

Quando me apaixono, 
como me apaixono? 
Perdidamente, 
até perder-me 
de mim mesma.


O que têm em comum uma Diretora de Multinacional, uma faxineira, uma professora de yoga e uma funcionária pública, além de pertencerem ao sexo feminino?

Independentemente do grau de instrução, espiritualização, consciência política, quando se apaixonam, perdem a capacidade de raciocinar.

E não é só isso. Tratam o objeto da paixão como prioridade número um de seu universo. Desdobram-se para lidar com todas as tarefas de suas atribuladas vidas, às vezes, para conseguir um encontro que não dura mais do que meia hora.

Chega a ser engraçado. Esses seres femininos tão habilidosos, que têm a capacidade de lidar com diversos assuntos ao mesmo tempo, ao adentrarem na esfera das emoções, transformam-se em obsessivos unifocais.

Não comem, não dormem, não trabalham, não respiram sem pensar no amado. Seja um amor correspondido, ou não, o comportamento é o mesmo.

Parece-me que sofrem de uma psicopatologia que poderia ser adicionada ao Compêndio de Psiquiatria. Deveria ter CID, atestado e tratamento.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Doce ilusão, amarga verdade?

Não creio.

Mentiras brancas, socialmente aceitas, ditas inofensivas. Ainda assim, mentiras.

Estou chegando. Não vi. Não deu para ir. Hoje tenho compromisso. Minha avó faleceu.

Matar família? Parece-me cinza. Repetida à exaustão, clareou-se. Tornou-se o cinza mais pálido que existe, quase branco gelo.

Todos fazemos. Por isso, talvez, adquirimos a capacidade de identificar facilmente quando o fazem conosco.

Incomoda. Machuca. Entristece. Magoa.

Se usadas timidamente, podem até ser perdoadas. O uso indiscriminado, no entanto, abala de modo severo a confiança.

A grande contradição está, porém, nas razões do uso: proteger, poupar, resguardar.

Mas quem, meu Deus? O mentiroso patológico ou o eterno iludido?

A prática, com o tempo, chega a produzir um abismo entre os indivíduos.

Então, para quê? Qual é a real necessidade disso? Será falta de coragem? Respeito? Interesse?

Muitas dúvidas. Nenhuma conclusão.

Filosofia barata, de boteco, chinfrim e tacanha, que tira o sono.