terça-feira, 31 de julho de 2012

Confissão (agora própria)

Sempre pensei em banho de Champagne como algo comemorativo, feliz. Associava à vitória, conquista. Sei lá.

- Não, Igor, não é assim. Eu e o laptop não gostamos de banho de Champa nesse frio, perto da meia-noite e - muito menos - depois de limpar a casa!

Confissões

Sou alucinada por gostos desde pequena. Gosto de descobrir novos paladares. Nem sei quando isso começou, mas é uma necessidade. Preciso de novos sabores para poder viver. Doce. Azedo. Amargo. Salgado. Ácido. Picante. Acre. Umami?

O que mais me interessou, até hoje, foi o salgado. Aliás, o sal. A flor do sal. Rosa. Cinza. Grosso. Preto. Refinado. Com ervas. Puro. Simplesmente sal. Ou salso. O sal me encanta.

Tenho uma relação muito particular com esse sabor. É algo que me acompanha desde a mais tenra idade. Pode parecer estranho, mas minha mãe colocava uma pitada de sal no leite. Nunca mamei no peito. Era mamadeira com sal ou choro.

Sou capaz de abrir mão do chocolate belga mais fino que existir por uma mera coxinha de beira de estrada. É assim, juro!

De uns tempos pra cá, tenho catalogado tudo que consigo experimentar. E testo de tudo um pouco. Faço fichas. Guardo, inclusive, pedacinhos da prova em pequenas embalagens plásticas presas às fichas.

Um luxo! Pode acreditar. É, praticamente, uma biblioteca gustativa. Dos mais simples aos mais estranhos. Pode-se encontrar uma variedade (quase) infindável. Exagero, sei, mas já possuo uma gama de sabores de dar inveja em qualquer Chef renomado.

Você deve estar pensando em pratos finos. Ou, talvez, um festival de comida de boteco. Frituras. Empanados. Marinados. Assados.

Não é por aí. Não é isso. O sal está em tudo. Suor. Urina. Lágrimas. Tudo. Adoro! Mas nada, nada mesmo, se compara a meleca do nariz, confesso!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Confissões

Eu contei isso uma vez. Faz muito tempo. A pessoa era minha amiga. Muito amiga, sabe? Daquelas que a gente diz que é unha e carne. Acabei me arrependendo.

Ouvi o que não queria pelo resto da amizade. Não digo pelo resto da vida porque ainda vou viver muito. Já a tal da amizade, acabou. E acabou por causa da confissão.

Li, um dia, que se nem a gente que é dono do segredo consegue guardar, não deve exigir isso dos outros. Entendi. Mas, ainda assim, não justifica o que ela fez comigo. Eu confiei. Confiei de verdade. E confessei.

Não durou muito tempo a promessa de silêncio. Não vou dizer que foi na primeira oportunidade porque estaria mentindo. Sou rancorosa, mas justa. E, também, não é porque a pessoa me agravou que vou sair fazendo discurso maldoso.

Ela tinha qualidades. E defeitos. Como todos nós, não é? Só não precisava ficar me cutucando. Lembrando da minha... da minha deformidade moral.

Não sei bem pra quê eu fui contar. Acho que foi o álcool. A fantasia de uma afeição eterna. Criou um clima de cumplicidade e tal. Aí, eu fui lá e abri minha bocona enorme. Falei mesmo.

Não tenho orgulho de ter falado. Só remorso mesmo. A questão é que eu tenho dificuldade em dar continuidade ao que começo. E morro de vergonha disso.

Sinto-me um fracasso. Uma desistente. Não entendo porque isso acontece, mas é sempre do mesmo jeito. Eu começo e

Confissões

Tem certas imperfeições que a gente não confessa pra ninguém. Esses defeitinhos causariam grande estrago na auto-estima caso fossem revelados para as amigas, analista e, até mesmo, Deus. É verdade. Tem coisas que não dá pra compartilhar nem com Ele.

Mulher é bicho esquisito, dizem por aí. E, parece-me, que mais suscetível e dada a esses acanhamentos. Imagine, então, uma mulher declarar que ronca ou tem chulé?

Praticamente impossível. Cena de filme, eu pensaria, baseado em fatos completamente inverídicos.

Pois é esse o caso. Ré confessa. Eu tenho bromidrose nos pés. Enfeitei, não é mesmo? Procurou no Google? É isso. Chu-lé!

Suor excessivo. Suor excessivo causado por nervosismo, às vezes.

E se a confissão terminasse por aqui o vexame era mínimo, mas não. Nada na minha vida tem proporções mínimas.

Bar da moda, pretinho básico, meia 7/8, scarpin  escândalo. Visualizou? Figurino perfeito, devo admitir.

A imagem no espelho era tão agradável que resolvi ser generosa. Esticada de happy hour para danceteria. O mundo merecia me ver!

Nem meia-hora de Rebolation e surge um pretê interessante. Aprovado em todos os quesitos.

Carona com direito a beijinhos de despedida.

- Aceita um cafezinho?
- A essa hora?
- Você está com sono?
- Nadinha...
- Então... Sobe?

Aceitei. Preciso descrever as cenas seguintes? Acho que não.
Talvez... talvez apenas uma.

- Deixa eu tirar esse seu sapatinho pra você ficar mais à vontade...
- NÃO!!!!!
- Ahn?
- É... é... é fetiche!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cúmulo da Vergonha

Vergonha mesmo não é ficar deslocada na academia, não saber usar os aparelhos e confundir esquerda com direita nas aulinhas de Jump.

Não, vergonha não é isso...

É ser tão perdida, tão desligada, tão distraída a ponto de usar o banheiro masculino e não entender porque todos os outros alunos estão olhando!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Momento Garota Enxaqueca

Está frio e minha preguiça anda acima da média. Projeto delícia durou 5 dias. Tenho tido oscilações de humor inexplicáveis. Vontade de comer todos os Big Tasty's disponíveis no mundo. Sono. Consciência pesada. Esqueci os compromissos da semana. Dormi pouco. Bebi muito. Comi mal. Ainda é quarta? Jurava que tinha acabado. Credo.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Usar

Um vestido. Uma cor. Uma camisa. Um carro. Uma colher de pau. Um creme. Um tempero. Maquiagem. Passagem. Livro. Caneta. Computador. Banco. Restaurante. Serviços. Coisas. Apenas coisas. Pessoas, não!

Entender. Lembrar. Anotar: não usar as pessoas.

Li no outdoor. Ou foi em um para-choque de caminhão. Ou em uma porta de banheiro. Internet, talvez. Devemos aprender a amar as pessoas e usar as coisas e não amar as coisas e usar as pessoas. Achei importante. Anotei em algum lugar.

Amo meu iPhone, mas isso é diferente. Existem pessoas reais que, praticamente, moram ali dentro daquele telefone. Encontro, vejo, converso, sei dessas pessoas ali. Só ali. Interação diária. Companheirismo. Sinto-me, até, preocupada quando não aparecem. Nem um check-in? Preocupação genuína! É relacionamento interpessoal, não?

Amo, também, o meu carro. Mas é pelo fato de ele me levar até as pessoas. Os lugares. Carro, nesta cidade, é muito importante. Não sei o que faria sem ele. Como chegar onde devo ou quero, no tempo em que preciso? Carro! Então, é justificável também.

Gosto de viagens. Presentes. Bons restaurantes. Roupas da moda. Gosto muito de brindar meus queridos com pequenos mimos. Quem não gosta? Assim, amar o próprio dinheiro não é condenável, eu creio.

Entender. Lembrar. Anotar: não amar as coisas.

Suponho que vou bem no meu propósito.

domingo, 15 de julho de 2012

Da família

- Vou sentar ali pra não dar as costas pra vocês.
- Anjo não tem costas, querida.
- É, abacaxi também não.
Prepare-se para o fracasso. Para o sucesso, todos já nascemos preparados.
Marina Colasanti

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Partir

Partiu um coração. Dois. Três. Partiu o vaso, os pratos, o som, a TV. Por fim, partiu a cara do coitado. Barraqueira sim, chifruda nunca! Respeito é bom e eu gosto, costumava dizer. O moço não acreditou. Se deu mal. Muito mal.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Partir

Junte suas tralhas que eu não suporto ver o que lhe pertence no meu território. Recolha tudo antes que eu vire a banda e ponha fogo nas suas roupas, nos seus livros, na sua cara engomadinha de menino mimado.

Leve o seu azedume, seu jeito pedante e essa empáfia que lhe é tão peculiar. Sumam daqui, você e  a sua presunção. Pegue a sua vaidade e vá pro inferno com ela.

Afaste-se! Vá embora do meu corpo. Da minha cama. Do meu apartamento. Desocupe meus pensamentos que eu tenho mais o que fazer. Largue a minha vida, pois ela é só minha.
Nada sua, entende?

Segure o fôlego. Não inspire. Não expire. Não compartilharei mais o meu ar com você.

Retire-se daqui, mas deixe a porta aberta que eu preciso lhe ver partindo. Quero ter a certeza de que você não voltará.

Se fraquejar, se restar qualquer dúvida sobre o caminho a seguir, olhe pra trás. Veja meu sorriso. Sinta a minha felicidade. Não se pergunte o motivo. Te digo. É por me ver - finalmente - livre de você.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 3 de julho de 2012

Partir

As horas não passam. Olho o relógio: 22:37. Uma hora depois, olho novamente: 22:43. Os minutos escorrem lentamente. O tempo não faz sentido. É apenas uma sensação. Nada faz muito sentido depois que você se foi.

Não faz sentido procurar seu olhar na multidão. Correr atrás de desconhecidas. Pedir desculpas ao tocar um ombro chamando o nome errado. Corar e querer correr. Chorar em público. Gritar.

Simulacro de mim mesmo. Depois que você partiu a comida perdeu o gosto. O céu é cinza. Os dias são cinza. Todos os dias. Cinza. A bebida não tem gosto. Entorpecimento não faz sentido. Acalma a alma e só.

Não me surpreendo pensando em você. Nunca. Penso todo o tempo em que estou acordado. E rezo pra dormir logo. No sonho, conversamos. No sonho te toco. No sonho sou eu. No sonho tenho você ao meu lado.

Você foi embora e me deixou o vazio. A dor. A solidão. O frio. A tristeza. E um maldito medo de altura. Nem em escada eu subo mais.

Repasso os momentos. Felizes. Tristes. Todos. E, invariavelmente, a última cena se repete. E fica gravada na memória. E se repete mais uma vez. E outra. E de novo.

Uma janela.
Um corpo.

22:48.

Habilidades

O gato, que deveria mesmo era aprender a passar roupas, descobriu como abrir o armário. Roupas, meias e sapatos passeiam pela casa e param no chão da sala.

- Bonito isso, hein Igor!

Sonho meu


Sonho meu, sonho meu 
Vai buscar quem mora longe 
Sonho meu 

Busca aquele que se perdeu e se materializa em devaneios. E desaparece com a realidade. Faz a alegria vadia presente novamente. Guia o meu sorriso de volta ao seu lugar. 

Preenche o vazio. 
Completa as lacunas. 

Atrai. Conduz. Mantém. Conserva. Produz.