terça-feira, 3 de julho de 2012

Partir

As horas não passam. Olho o relógio: 22:37. Uma hora depois, olho novamente: 22:43. Os minutos escorrem lentamente. O tempo não faz sentido. É apenas uma sensação. Nada faz muito sentido depois que você se foi.

Não faz sentido procurar seu olhar na multidão. Correr atrás de desconhecidas. Pedir desculpas ao tocar um ombro chamando o nome errado. Corar e querer correr. Chorar em público. Gritar.

Simulacro de mim mesmo. Depois que você partiu a comida perdeu o gosto. O céu é cinza. Os dias são cinza. Todos os dias. Cinza. A bebida não tem gosto. Entorpecimento não faz sentido. Acalma a alma e só.

Não me surpreendo pensando em você. Nunca. Penso todo o tempo em que estou acordado. E rezo pra dormir logo. No sonho, conversamos. No sonho te toco. No sonho sou eu. No sonho tenho você ao meu lado.

Você foi embora e me deixou o vazio. A dor. A solidão. O frio. A tristeza. E um maldito medo de altura. Nem em escada eu subo mais.

Repasso os momentos. Felizes. Tristes. Todos. E, invariavelmente, a última cena se repete. E fica gravada na memória. E se repete mais uma vez. E outra. E de novo.

Uma janela.
Um corpo.

22:48.

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