terça-feira, 29 de março de 2011

Às vezes penso que a loucura está próxima, muito próxima

            
Fiz cirurgia na boca no mês passado e, desde então, voltei à infância no quesito alimentação. Sopas, papinhas, sorvete, creme de abacate, farinha láctea e leite ninho com nescau.  Leite ninho foi minha paixão por anos a fio. Da infância à adolescência, mas na vida adulta havia o abandonado. Nesse último mês, ele voltou a freqüentar as prateleiras da minha despensa.

Bom, o meu caso com o leite ninho beira a obsessão, o vício. Assim, há uns quinze dias atrás resolvi tentar me controlar. Funcionou até anteontem. Tá, comprei só uma latinha, nem é tanto assim. E durou quase dois dias. Hoje voltei ao mercado e comprei leite em pó (de outra marca). Misturei com o nescau e provei. Gosto estranho. Me senti mal. Não, não estava vencido.

Fiquei imaginando uma pessoa que trai quando está num relacionamento. Gosta de quem está ao seu lado, mas não resiste à tentação. Se gostar do novo larga o anterior ou mantém as traições pelo gosto por novidade? Eu, se tivesse gostado do leite em pó, até largava o leite ninho. Mas achei o gosto péssimo, nem comi todo e ainda fiquei triste, com sentimento de culpa.
        

segunda-feira, 28 de março de 2011

          
Instalaram um novo sistema de segurança para entrar na repartição. O crachá, que apenas identificava (leia-se: oprimia), agora também dá acesso ao prédio. Perdi o meu e, desde a mudança, apresento-me na recepção, ganho um selinho e garanto meu acesso ao prédio por uma porteirinha que lembra um curral. Chamo o sistema novo (secretamente, é claro) de conta-gentes.

Então essa é a minha rotina: chego, mostro o documento, ganho adesivo, dirijo-me à portinhola. Todos os dias. Aí começa a graça. Os guardinhas se revezam em escala de trabalho. Uns cumprimentam, outros não. Uns sorriem, outros não. Mas todos, invariavelmente, são econômicos na abertura da porteira. E eu sou obrigada a me espremer para conseguir passar.

Há dias observo os guardinhas da repartição. Inicialmente pensei que estava ficando paranóica, mas o controle da porteira lhes conferiu superioridade - ao menos em pensamento. E demonstram todo esse poder de decidir quem entra ou quem sai da repartição espremendo entre a porteirinha e o conta-gentes aqueles que não possuem o objetozinho opressor.
          
Exagero, confesso. E confesso, também, que essa situação me irritou. Até diminuir as idas e vindas, até ficar muito mal-humorada, até me render ao sistema e implorar pelo objetozinho opressor. Agora eu tenho um crachá. Provisório, mas crachá.
          

domingo, 27 de março de 2011

    
Noite Internacional do Resmungo! Indignação total por ter trocado o entardecer com vinho e amigos por pijama e painkillers.
  

Pra quê mesmo que eu fiz isso?

 
Sentir dor me deixa mal-humorada. Então tomo quilos de remédios. Aí fico paranóica. Penso que vou morrer. Ficar viciada. Lembro de Ellen Burstyn em Réquiem para um Sonho. Daí me arrependo. Questiono a decisão. Paro e penso, ok, precisava. E tento me acalmar. Coisa chata é essa recuperação demorada.
  

Frase do dia

    
Eu não sou rica, mas gasto como se fosse.
Quando chegar a minha vez, já saberei como me comportar!

terça-feira, 22 de março de 2011

O susto do século

Tarde da noite, quieta em casa, assistindo comédia romântica bem água-com-açúcar. Já tinha pensado duas vezes no mocinho e estava feliz. De repente chega uma mensagem no celular. Era a melhor amiga de todos os tempos, que mora a 2 mil quilômetros de distância, e visitei há poucos dias.

Nota importante: meu celular é pequeno, então mensagens grandes precisam de horas de rolagem de página.

O texto:
"Saudade de vc demais. Manter contato com vc mexe muito comigo. Sinto falta, sinto vontade, sinto desejo, sinto tudo. Não sei o que fazer com vc longe."

O primeiro pensamento foi Caralho, não acredito! É, pensei palavrão mesmo. A partir daí a coisa foi piorando. A cada frase ia sentindo um frio na barriga e pensando: fudeu! Agora fudeu de vez. Puta que pariu! Ela confundiu tudo... Não e possível!

Lia uma frase e pensava um palavrão. Ainda sem acreditar no que estava lendo consegui com muito esforço terminar a mensagem. "Beijos" e  assinatura com nome de homem.

Caiu a ficha, ela estava só me mostrando o que o psicopata que a conheceu faz dois dias mandou pra ela.

Ah, se ela estivesse mais perto juro que esgoelava!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Egoiste

Todo o mundo morrendo (literalmente) e eu pensando na minha...  qual seria a melhor tradução pra crush?

Murphy ou Ninguém Merece

 
- Guardar fotos comprometedoras no arquivo do e-mail;
- Esquecer as fotos;
- Pegar vírus no e-mail;
- Enviar as fotos comprometedoras para toda sua lista de contatos.

- Sério? Agora não falta mais nada, não é?
 
      
Foto de Fábio Poeta
  
- Você é o espírito mais livre que conheço.
- Jura?

Entendi como se elogio fosse. Fiquei prosa. É bonito ver um ser livre. É doloroso ser este ser. O desejo de liberdade vem da angústia, do sufoco, da opressão. Aperta o peito. Esmaga qualquer intimidade. Corta laços. Desfaz entendimentos. A liberdade se apresenta em forma de avalanche deixando esse ser livre sempre só.
  
  
Comecei a escrever um texto sobre a civilidade, ou melhor, a falta dela nos dias atuais. Então pensei novamente na questão da gentileza que vem me incomodando há alguns dias. Talvez devesse abordar também as relações relâmpago, tema que adoro. Tudo isso na tentativa de ser menos umbiguista, mas não funcionou.

Assisti mais uma vez o vídeo sobre a pessoa favorita. Será que alguém é a pessoa favorita de alguém? Isso existe realmente? Eu não consigo escolher a minha pessoa favorita e acredito que seja mais saudável não pensar se sou a pessoa favorita de alguém.
 
  
Já se sentiu sozinho? Desamparado?
Teve medo de adoecer e ninguém se lembrar de você?
Já se isolou a ponto de esquecer como faz para sociabilizar novamente?
Reviu a sua vida procurando por momentos importantes e nada?  
Amou? Foi correspondido?
Importa-se com os outros?
Quer ser amado?

Are you anybody's favorite person?
  

O poder do Del

      
Li em algum lugar que os sites de relacionamento estão se transformando em concursos de popularidade. Quem tem mais amigos, as fotos mais votadas, os textos mais comentados e por aí vai. Acho que faz sentido.

Aceito todas as pessoas que pedem para entrar na minha rede de amigos e respondo as mensagens também. Se você quer se conectar com alguém, acredito que a melhor maneira seja conversando. Às vezes, até inicio as conversas. Saudades, curiosidade ou falta de coisa melhor pra fazer.

Recentemente tentei falar com duas pessoas e as duas, sim 100%, desligaram o chat. Não tive dúvidas, deletei. Claro! Se não quer conversar, não pede pra ser meu amigo. Além do mais, adoro deletar pessoas. Sinto-me com poderes divinos, sabe?
 

terça-feira, 15 de março de 2011

Copycat

  
Eu gosto de ler blogs. Além dos textos dos amigos, às vezes eu vou clicando no botãozinho Próximo Blog que tem ali em cima e fico horas descobrindo coisas divertidas sobre a vida do alheio. Gente desconhecida é tão interessante.

De vez em quando noto uns modismos nesse universo de blogueiros. Ultimamente tenho visto muitos sorteios. Sorteiam livros, maquiagem, perfumes. Vi de tudo, ou melhor, li de tudo. Estou, inclusive, participando de um. Não, dois (eu acho).

Então fiquei com vontade de ser da turma, fazer sorteio aqui também. É verdade, eu me esforço pra ter um comportamento similar ao das outras pessoas. Daí esbarrei em um problema: sortear o quê?

Então pensei em várias coisas que poderia de sortear:

- um jantar comigo para discutir um livro;
(resolve duas questões de uma só vez, conheço gente nova e inicio o clube de leitura)
- caixinhas de CD;
(sim, só as caixinhas, não sei onde foram parar os discos)
- livros;
(essa idéia é totalmente copiada da Conversa pro Boi Dormir, mas me ajudaria com o problema de espaço)
- uma gata adolescente;
(melhor nem dizer o que isso resolveria)
- uma foto da cidade tirada por mim;
(divulgação do meu trabalho)

Difícil mesmo vai ser encontrar quem queira ganhar o que eu quero sortear.
 
 
Praticando o desapego: menos 15 pares de sapato.
O pijama preferido também rodou.
    
Quero participar de um clube de leitura.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Maria Flor

   

Eu odeio a Maria Flor. Ela estragou todas as minhas cortinas, almofadas e colchas. Ela morde e é desobediente. Suja a área quando usa a caixinha de areia. Flor é carente e segue a gente pela casa, não gosta de ficar sozinha e faz manha, mia e se joga no chão. Agora começou a destruir minha cama. Então decidi doar a gata para alguém que more em casa.
Ela é carinhosa, adora colo e faz cambalhota quando está feliz. Ronrona alto, dá a patinha e gosta de dormir juntinho com a gente. Já está castrada, então não é dada à namoricos ou escândalos noturnos.
Ela adora brinquedinhos de pelúcia, bolinhas e outros que façam barulho, mas também é simples, fica entretida por uma hora com uma simples bolinha de papel. Eu queria poder ficar com ela. Eu amo a Maria Flor.
  

domingo, 13 de março de 2011

Domínio da Mente

            
Eu estou aqui tentando não pensar em você porque eu disse que poderia viver muito bem sem a sua presença na minha vida. Agora não quero passar por mentirosa pra mim mesma. Então navego na internet, coloco um filme, pego um livro. Não me concentro em nada, apenas em tentar não te ver cada vez que fecho os olhos. Vou até a cozinha e abro a geladeira. Faço isso 30 vezes, como se fosse um ritual. Como se em algum momento você fosse sair de dentro da geladeira me pedindo pra reconsiderar.

O que eu te diria? Ah, eu diria que quando estou de cabeça quente só falo bobagens, que por trás dessa aparência de mulher durona tem uma menina frágil querendo colo, diria pra esquecer. Essas coisas, sabe?  Daí eu sairia correndo, pularia nos seus braços e a gente se beijaria. Um beijo de filme. Ou o beijo da foto. É. Aquela que eu gosto do marinheiro com a enfermeira no fim da Segunda Guerra.

E mais quarenta minutos se passaram sem que eu conseguisse tirar você da cabeça. Controle, foco, disciplina. De novo. Valendo. Televisão é maçante. Escolho livro. Poesia. Isso, a alma precisa de poesia. Pausa para banheiro. Nota mental: poesia não é boa companhia para esquecer um amor. Autoajuda talvez. Esses eu só leio em casa, sozinha. Tenho vergonha de ler na frente dos outros. Você ria tanto das minhas vergonhas. Me apertava como se fosse uma criança e ria de jogar a cabeça pra trás. Aí eu perdia a vergonha, lembra?

Quase consegui. Dessa vez passei de uma hora. Quem sabe se eu rasgar as suas fotos, suas cartas. Talvez isso ajude a apagar as memórias. Daí até esquecer de vez é um pulo. Quase automático, imagino. Deve funcionar. É isso. Vou rasgar, queimar, dar um fim nas provas físicas da sua existência. Agora! Não, agora não. Daqui a pouco. Agora vou lá na cozinha pegar uma água.

Nem passou pela minha cabeça a ideia de te procurar na geladeira. Só quero água mesmo.
     

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dos Relacionamentos

  
Meus relacionamentos sempre tiveram um quê de circense, surreal ou coisa parecida. Além disso, sou dada às mancadas emocionais. Alguns me acham sem-noção. Eu, particularmente, prefiro me achar engraçada. Penso também que rir, se não resolve o problema, ao menos facilita o caminho até a solução.

Das Estranhezas:

1) Datas! Nunca lembro datas. Aniversário, dia do primeiro beijo, pedido de casamento, aniversário de namoro, dia dos namorados, etc. Pra não passar aperto, dou um jeito contar logo ao mocinho que já esqueci meu aniversário (duas vezes, pasmem!). Então, quando esqueço alguma data que poderia ser considerada importante não fico tão mal. Chega a ser engraçadinho.

2) Falta de atenção. Diz a lenda que um mocinho nunca deixou a sua chave de casa na porta, pois tinha medo da mocinha desatenta deixá-lo trancado em casa.

Das Mancadas:

3) Na porta da casa do namorado, me preparando para conhecer a mãe do digníssimo, ele diz: 
- Minha mãe gosta que batam palmas. 
Ela abre a porta da casa. Salva de palmas. Ele me olha furioso. 
- Era papo, sua surda, não palmas. Papo!

4) Explicar o fim do relacionamento pro mocinho fazendo um gráfico num guardanapo de papel num bar.
4.1) Ser deixada sozinha na mesa de bar e não entender o porquê.

5) Antes de..
- Você está sentindo?
- O quê???
Depois de..
- Você foi?
- Aonde???

6) Ser convidada para passar o Reveillon em uma fazenda pelo ex e levar o namorado novo pensando que os dois poderiam fazer amizade. Afinal, tinham interesses comuns.

Das Dúvidas:

7) De vez em quando me pergunto: - Todas as mulheres passam por isso? Ou algumas vem com um chip 2.0 que bloqueia trapalhadas sentimentais?

Das Certezas:

8) Ah! Quanto ao pavor de compromisso.. não, não acredito que eu tenha isso. Acho que é pura intriga da oposição.
      

sábado, 5 de março de 2011

Sensível

  
- O que você tem feito além de trabalhar e estudar?
- Só isso. O meu pai faleceu. Depois um irmão dele, meu tio. Resolvi terminar o namoro também. Acabei ficando muito sozinho.
- Ah. A gente pode combinar de sair um dia, tomar um café.
- Eu disse que estou sozinho no mundo, sem ninguém. Se eu ficar doente não tenho ninguém pra cuidar de mim.
- Ah, então você não quer sair pra tomar café, é isso?
  
 

sexta-feira, 4 de março de 2011

  
Você vai entender que eu sou uma mulher frágil e delicada nem que seja na porrada!