segunda-feira, 28 de março de 2011

          
Instalaram um novo sistema de segurança para entrar na repartição. O crachá, que apenas identificava (leia-se: oprimia), agora também dá acesso ao prédio. Perdi o meu e, desde a mudança, apresento-me na recepção, ganho um selinho e garanto meu acesso ao prédio por uma porteirinha que lembra um curral. Chamo o sistema novo (secretamente, é claro) de conta-gentes.

Então essa é a minha rotina: chego, mostro o documento, ganho adesivo, dirijo-me à portinhola. Todos os dias. Aí começa a graça. Os guardinhas se revezam em escala de trabalho. Uns cumprimentam, outros não. Uns sorriem, outros não. Mas todos, invariavelmente, são econômicos na abertura da porteira. E eu sou obrigada a me espremer para conseguir passar.

Há dias observo os guardinhas da repartição. Inicialmente pensei que estava ficando paranóica, mas o controle da porteira lhes conferiu superioridade - ao menos em pensamento. E demonstram todo esse poder de decidir quem entra ou quem sai da repartição espremendo entre a porteirinha e o conta-gentes aqueles que não possuem o objetozinho opressor.
          
Exagero, confesso. E confesso, também, que essa situação me irritou. Até diminuir as idas e vindas, até ficar muito mal-humorada, até me render ao sistema e implorar pelo objetozinho opressor. Agora eu tenho um crachá. Provisório, mas crachá.
          

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