segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Navidad

Pra quem teve um papel importante na minha vida esse ano e pra quem eu nem vi. Para aqueles que ajudaram e, principalmente, para os que atrapalharam.

Quem me ensina o que eu não devo ser tem meu respeito eterno.

Pra quem foi embora. Para os muitos que voltaram. Pra quem tá de birra agora, mas eu amo muito. Pra quem só briga e, também, pra quem só ri. 

Vocês fazem minha vida colorida. Trazem o doce e o salgado. Alguns, o azedo e o amargo. Mas, enfim, nunca usei açúcar na limonada suíça ou no café. Adoro todos os sabores desde que sejam autênticos.

Pra quem me leu. Me ouviu. Emprestou ombro e fez cara boa. Pra quem fez cara feia também. Para os amigos de sempre. De ontem. De hoje. Para os amigos que estão começando a estrada comigo. E para aqueles que já terminaram.

Para todos aqueles que gostam de mim e eu, infelizmente, negligenciei. Para os que eu esqueci. Para os que me esqueceram. Ou fingiram que esqueceram. Porque sentimento só sabe quem tem. Só sabe quem vive. Só entende quem sente.

Para alguém que dizia: Eu te amo pra caralho e mais um pouquinho ainda!

Para a minha família. Minha base. Meu alicerce. Meu apoio.

Feliz Navidad e... desculpas, obrigada, beijos, amor, serenidade, equilíbrio e um axé.

É! Um axé!

Porque axé nunca é demais!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Infância

Os meus pés tortinhos ali plantados no chão, sujos de terra, enquanto o mundo acontecia à minha volta. Era só eu e os meus pés tortinhos, cheios de calos e dedos esquisitos.

Enquanto a mãe se esgoelava me chamando pra almoçar, ficava ali, plantado na terra. Tal qual árvore, me enraizando, achando que era assim que se crescia.

Perdido nas horas. Vagueando de um pensamento a outro. Via a menina mais bonita da classe me sorrir um sorriso lindo e dançar comigo no bailinho. O pai, elogiava meu boletim cheio de orgulho. A vó fazia geléia só pra mim.

Nada de ruim podia acontecer. Não ali. Naquele lugar não existia palmada, choro. Ninguém ralhava com o outro. Os meus irmãos brincavam num canto e gargalhavam. Tão sujos quanto eu, envolvidos na terra, na magia, no sonho.

E quando escurecia, íamos todos para casa contar as aventuras do dia. O pai e a mãe riam sem censura. Indagavam sobre as excursões, cavernas e monstros que enfrentáramos. Emocionavam-se com as lutas e regozijavam-se com as vitórias.

Assim era o quintal de casa. A terra. As plantas. Os perigos e os esconderijos. Aquele quintal abrigava tudo. Inclusive eu e os meus pés tortinhos.
Tá surdo o mundo?
Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now

Elementos

É preciso escutar as folhas que balançam com a brisa. É preciso ouvir o sibilar do vento. É preciso abrir bem as janelas para o redemoinho entrar. É preciso parar, observar, sentir. Ser vento. Ser livre. Voar.

É preciso chorar até a fonte de lágrimas secar. É preciso suar e purgar aquilo que não mais serve. É preciso enfiar os pés na lama e perceber que a sujeira é composta também de algo limpo. É preciso fundir-se, misturar-se, perder-se. Ser água. Ser parte. Desaguar.

É preciso escolher o que se deseja e plantar. É preciso cuidar da base. É preciso semear, regar, defender. É preciso fincar as raízes no solo, ser firme, ter força. Ser terra. Ser fértil. Alimentar.

É preciso queimar as amarras. É preciso aquecer-se nas chamas. É preciso perder-se no crepitar da fogueira sem objetivos. É preciso deixar-se purificar pela fumaça perfumada do turíbulo. É preciso arder, inflamar, incendiar-se. Ser fogo. Ser transformador. Iluminar.


Nunca na história da minha vida a morte da bezerra foi tão interessante quanto agora. É nisso que penso. Sem grandes dramas ou emoções. Nada para reclamar ou festejar, apenas a morte da bezerra para pensar.

E tenho dito!

Audição seletiva

- Igor, desce da mesa!

Ele entende: deita na mesa.
Só pode...

sábado, 15 de dezembro de 2012

Um dia eu te escrevi para contar as coisas tristes da vida. E te disse que sofria, chorava e me ressentia. Arrependida do que fazia e, também, daquilo que me faltava coragem para fazer.

Pedi colo, implorei atenção. Por fim, contentei-me com migalhas de amor.

Depois de um tempo fui embora. Parti de você. Voltei para mim. Sofro, hoje, por hábito. Peno por escolha. A alma feliz permanece estagnada. Eu cresço na tristeza.

Olhos fundos que guardam tanta dor são a minha origem.

Incompreendida

Gosto de você e sinto sua falta.

Isso significa que sinto falta de conversar com você, saber da sua vida, trocar ideias. Não quer dizer que quero te ver.

Entende?

Idade

Se o gato pode ser filhote aos quatro anos, acho que posso continuar adolescente com 35.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Um dia, Deus, só um dia me deixa sentir isso que eles chamam de felicidade plena. Quero saber como é essa coisa de transbordar.

Possibilidades II

"Gosto e preciso de ti..."

Escrito a mão em um cartãozinho pequeno e colorido. Recendia ao perfume dela. "Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos. Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias...". Versos de Pessoa e Mário Lago entremeados de amor juvenil.

Recebi a cartinha e não respondi.

Hoje, o bilhetinho apaixonado, amarelado dos anos decorridos, não passa de uma possibilidade que foi guardada na gaveta.

"Amemo-nos [...] pensando que podíamos..."

Possibilidades

Talvez eu morra cedo. Talvez não. Talvez eu te mate em vida e você nunca saiba disso porque você não sabe o que é morrer e continuar vivendo.

Talvez eu te ame pra sempre e você não saiba também. Talvez eu tenha sentimentos e ninguém saiba. Nem eu.

Talvez eu vista amarelo amanhã porque eu penso que amarelo alegra o dia. Talvez eu use preto.

Talvez eu perceba que ninguém se importa com o que eu penso. Talvez descubram que eu não me importo com nada.

Talvez alguém te ligue pra dar aquela notícia que você tanto espera. Talvez seu telefone não toque e você se suicide por isso.

Talvez eu esteja escrevendo isso para você.
Talvez apague tudo o que já escrevi.

Talvez eu me arrependa do que estou prestes a fazer.

Talvez eu...

O tio do farol

Tem esse cara que fica o dia inteiro em pé no farol vendendo balas. Ele chega perto do carro, pergunta como estou e me abençoa. Aí eu tenho certeza que o dia vai ser bom. Às vezes, o sinal abre antes dele chegar no carro, ou ele não me vê. Nesses dias tenho maus presságios.

Quando temos mais tempo, quer saber se caí da cama ao passar mais cedo. Pergunta se tive algum problema nos dias em que me atraso. Diz que estou sumida quando volto das férias.

Vende balas e sorri. Pega minha mão e me abençoa. E é só isso.

Pensei, então, em comprar as balas para ajudar. Ele, agora, me dá balas. Não aceita meu dinheiro. Joga as balas dentro do carro, sorri e diz: Deus te abençoe, minha filha. Simples assim.

Resolvi fazer doações. Roupas. Cesta básica. Cada mês algo diferente. Ele agradeceu.

Não durou muito. Voltei a rotina. Esqueci. Ele continua sorrindo e me abençoando.

E hoje, perdida em devaneios de consumo, imaginando viagens, mobília cara e toda sorte de aparelhos eletrônicos de última geração, parei e lembrei dele. Fiquei pequena, envergonhada. Difícil encarar a própria mesquinhez.

Agora, enquanto dou de cara com minha sovinice e tento imaginar uma forma de me retratar com o Universo, ele deve estar colocando os filhos na cama, sorrindo e dizendo Deus te abençoe.

Recordar é viver

Tinha essa brincadeira de dizer "Eu já..." e fazer uma lista. Sou dada a listas. Faço mentalmente. Eventualmente.

Então, penso "Eu já..." no trânsito, no banheiro, nos lugares mais inusitados. E não escrevo. E esqueço. Poderia iniciar dizendo "Eu já esqueci muitas coisas importantes".

Eu já...

menti
traí
iludi

Normalmente vêm as piores atitudes.
Repreendo-me.
Envergonho-me.
Calo-me.

Mas lembro-me, também, que já...

ajudei
cuidei
doei

E o equilíbrio se faz presente.

Ninguém é feito só de vileza.

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Comida mexicana, ânimo e inspiração!