segunda-feira, 14 de março de 2016

Simplificando a vida

Quando eu for simples, não me preocuparei com o que pensam de mim. Doarei todas as roupas que têm a função de me fazer passar por algo que não sou. Também as bolsas, sapatos e acessórios que compõem as fantasias e se entulham pela casa.

Direi não aos arquétipos.

Quando eu for simples, manterei o pensamento positivo. Não exagerarei as dificuldades ou criarei obstáculos para me impedir de ir adiante.

Direi sim ao autoconhecimento.

Quando eu for simples, ouvirei com atenção os que estão a minha volta. Serei boa e generosa, principalmente, com os que não tiverem o mesmo cuidado comigo.

Direi não ao julgamento precipitado.

Quando eu for simples, não precisarei pensar em nada disso.

Amanhã.
Amanhã serei simples.

terça-feira, 8 de março de 2016

Coleções

Conchinhas. Na tenra infância. Catava todas que conseguia carregar no baldinho de plástico. Separava por cor, lavava e guardava num jarro grande de vidro.

Logo depois, papéis de carta. Tinha de todas as cores, formas e perfumes. Raros. Repetidos. No dia certo, levava a pesada pasta para escola e me sentava no meio do pátio para trocar com as coleguinhas.

Por um tempo breve, formas de gesso. Na verdade, gesso em forma de pernas e braços. Quase dez. Até que jogaram fora. Mau cheiro, alegaram. E assim perdi todos os recados queridos e os desejos de melhoras.

Hoje, sentimentos, sensações, emoções. Nas caixas grandes, um mundo de coisas boas. Lembranças de viagens; pessoas que passaram, mas marcaram; primeiros beijos; aquele exato momento em que aconteceu a amizade; os amores.

Mas nem tudo na vida são flores, em caixas pequenas, as desilusões; mágoas; rompimentos; traumas; infelicidades. São várias, mas todas muito pequenas. Tranco-as bem e jogo as chaves fora.