segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Não vadeia Clementina!

Fui feita pra vadiar, eu vou...

É incrível a quantidade de oportunidades perdidas. E só nos damos conta muito tempo depois. Realmente incrível.

Ultimamente tenho perdido as oportunidades de ficar calada. Ando numa grosseria de deixar qualquer bagual no chinelo. Bah! Tenho sido uma "Flor de Grossura", como diria alguém do passado.

Em 10 dias já consegui brigar no trabalho, com a síndica, dois ou três amigos mais próximos e acho que é isso. Ou espero que seja só isso.

Parte do sentimento canalizei para a estupidez, o resto foi para as costas. É. Crise de coluna aos trinta. Chique. Muito chique!

Pausa

Por que, diabos, ainda esqueço quem eu sou?
Preciso de mais espelhos em casa. Tem um. Na próxima semana chegarão mais dois.
Devem ser suficientes.

Pausa

Ainda na onda musical: Tenho andado distraída...
Gato trancado no banheiro (quem mandou se enfiar embaixo do armário) miando enlouquecidamente.
Procurei em todos os armários, até a geladeira eu abri. Não achei.
Pensei que era manha.
Dormiu sozinho e trancado.
Resultado: abro a porta do banheiro e o bicho sai correndo.
É nessas horas que agradeço à Deus por não ter filhos.

Pausa

Nunca tive vocação para palhaça.
Na faculdade, reprovei em circo.

Pausa

A paciência anda curta, curtinha.

Pausa

Clementina ainda me faz feliz.
E muito.
Porque eu não sou daqui, eu não tenho amor...

Pausa

sábado, 27 de agosto de 2011

Crônicas de Muito Amor

Apertando o peito,
sufocando o grito, 
contendo a lágrima.

II

- Mã, feliz aniversário. Eu te amo, viu!
- Ah, minha filha, muito obrigada.
- Quê?
- Quero dizer... Eu também, eu também!

Ela sempre foi assim, distraída. Irreverente. Surpreendente. Marisa tinha várias facetas. A expressão da caixinha de surpresas deveria referir-se a ela, futebol é muito monótono se comparado àquela personalidade.

Fez, uma vez, uma festa de dia dos namorados. Jantar romântico? Longe disso! Chamou todos os ex que estavam na cidade para curtir um som em sua casa. A lista incluía meu pai. Coitado, tão desavisado, chegou com um buquê de flores. Voltou pra casa de mãos abanando. E rindo.

Era praticamente impossível ficar com raiva da Marisa.

Eu fiquei brava com ela uma vez. Não conseguia entendê-la. Dei birra, piti. Coisa de adolescente chata. Ela esperou. Esperou muito. Tentou contato. Se afastou. Aí um dia eu cresci e quis fazer as pazes. Ela aceitou.

- Eu sabia que você precisava de um tempo, então eu dei. Doeu muito me afastar de ti, mas achei importante te respeitar.
- Ahm... Mã, faz ovo com ervilha?
- Faço.

Doeu. Doeu ouvir. Doeu sentir. Não quis estender o assunto. O ovo com ervilha falava mais do que todas as palavras que poderíamos pronunciar naquele momento. O ovo com ervilha era só nosso e selava a fase que havíamos iniciado.

Daí pra frente viramos amigas. E foi bom. Mentira. Estou sendo blasé. Pra falar a verdade, foi ótimo!

Marisa sabia rir e fazer rir. Até as situações trágicas tornavam-se cômicas. O inusitado era sua rotina. Certa vez foi perseguida por um helicóptero, contava. Precisou dirigir 16km ouvindo o barulho da aeronave para perceber que o pneu do carro estava furado.

Trocava ditados. Dava conselhos nada ortodoxos. Criava bordões.

Amanhã, só abacaxi! Repetia. Isso depois de ter se deliciado numa farra gastronômica, é claro. Dessas de fazer inveja à Babette.

Não discute, minha filha, isso é coisa de lavadeira. Se quiser encerrar o assunto parte logo pra porrada. Nunca bati em ninguém e, até hoje, as discussões me fazem rir. Lembro-me do conselho-piada e, por fim, não consigo brigar.

Mas, além disso ou acima de tudo isso, Marisa era amor.

- Fifi, miosótis, macaquinha, amadinha... Sabe o quê?
- Quê, mã?
- Eu te amo pra caralho e mais um pouquinho ainda!
- Mas você me chamava de Horacinho!
- É que você nasceu com a cabeça muito grande e os bracinhos pequenos.
- Mã, eu era um bebê!
- Era... e parecia um Horacinho.

Tudo nela era intenso. Raiva. Tristeza. Dor. Saudade. Ciúmes. Mas o que sobressaía era sua alegria: contagiante.

Nós amarelamos. Ela não! Revelou um dos amigos mais antigos. Ela foi até o fim.

Seus amigos tiraram foto no enterro. A última festa. A maior capela. Lindas coroas de flores. Velório de um dia inteiro. Gente chorando. Gente rindo. Todos haviam vivido ao menos uma aventura com a Marisa.

Quando desceram o caixão. Alguém cantou Satisfaction, dos Rolling Stones. Quase pude vê-la dançando, rindo e curtindo seu velho e bom rock'n'roll.

- Mã, arrasa aí no céu!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O vazio vem da ausência. Da culpa. Do que poderia ter sido. Vem, também, da cobrança e principalmente, do E se...

E se eu tivesse sido mais atenciosa? E se eu tivesse dedicado mais tempo? E se eu...

A perda provoca esse tipo de reflexão. E dói.

A única certeza que temos na vida.
A morte.

Não pensar pode ser considerada uma atitude?
Pensar até ficar esgotada.
Não dormir.
Chorar.

Dar tempo ao tempo, disseram.
Eu espero.
Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias.
(Antônio Prata)

domingo, 21 de agosto de 2011

(I Can't Get No) Satisfaction

I can't get no satisfaction
'Cause I try and I try and I try and I try

I can't get no
When I'm drivin' in my car
And that man comes on the radio
He's tellin' me more and more
About some useless information
Supposed to fire my imagination

I can't get no, oh, no, no, no
Hey, hey, hey, that's what I say

I can't get no satisfaction
'Cause I try and I try and I try and I try

I can't get no

When I'm watchin' my TV
And that man comes on to tell me
How white my shirts can be
But he can't be a man 'cause he doesn't smoke
The same cigarettes as me

I can't get no, oh, no, no, no
Hey, hey, hey, that's what I say

I can't get no satisfaction
I can't get no girl reaction
'Cause I try and I try and I try and I try

I can't get no

When I'm ridin' round the world
And I'm doin' this and I'm signing that
And I'm tryin' to make some girl
Who tells me baby better come back later next week
'Cause you see I'm on losing streak

I can't get no, oh, no, no, no
Hey, hey, hey, that's what I say
I can't get no, I can't get no

I can't get no satisfaction
No satisfaction, no satisfaction, no satisfaction
I can't get no

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Crônicas de Pouco Amor

Escritas ao sabor de Guinness 
numa noite onde esquecer 
um grande amor não era um desejo 
mas uma necessidade


VII

Tarde da noite ainda se ouvia a música sertaneja. Na sala, copos sujos com restos de cerveja, cinzeiros com milhares de bitucas exalando mau cheiro, cinzas no chão. Um homem encolhido num canto da sala quase passa despercebido. A cena é realmente patética.

Sozinho na madrugada já briguei com a sorte falei com meu Deus porque não mande a morte sem esse amor nada mais importa a vida perde a razão. Uma, duas, três vezes. A vitrola repete a melodia impiedosa, sem saber o quanto aquelas palavras ferem-lhe o coração. Para apenas quando atingida por um sapato que lhe acerta o braço e quebra a agulha.

Arrasta-se até a cama levando o telefone. Ela pode mudar de ideia e ligar. Não importa se já se passaram dois, três, cinco ou dez anos. Ela pode mudar de ideia.

Esperança é assim: uns defendem, outros condenam. Mas que ela veio na caixa de Pandora, isso não se discute.

Dorme como se não houvesse mais nada no mundo a fazer. De vez em quando, acorda assustado, olha o telefone e volta aos sonhos.

16:47. Vê no relógio. É tarde. Liga a TV e descobre que são 16:50 de domingo. A cabeça ainda confusa. Lembra-se de ter ido pra cama às 6h de sábado. O que teria acontecido com aquele dia e meio?

Além de perder as chaves, as canetas e as sombrinhas, agora, perco os dias. Resmunga.

As lembranças voltam aos poucos, em flashes. Então é isso. Perder tudo até não ter mais o que perder. Afundar-se no poço da autocomiseração. Sem dignidade. Sem dinheiro. Sem amor. Apatia sem fim.

Se eu tivesse, ao menos, coragem. Ao menos isso... Se eu tivesse coragem, pedia pra voltar. Pedia desculpas. Implorava. Dignidade pra quê? Dignidade é ter quem a gente gosta ao nosso lado. O resto é orgulho e negação. Faria chantagem. Diria que ia me atirar na frente de um carro. Mas não. Perdi tudo. Perdi até a coragem.

Sabe, nessas horas que a gente descobre onde está nossa força. É o que eles dizem por aí. Eu ainda não encontrei a minha não. Devo ter perdido também.

Foi perdendo que tudo começou.

Perdi o ônibus. Estava atrasado. Não chovia, nem nada. Foi farra mesmo. Óculos escuros pra disfarçar as olheiras e um halls pra tentar apagar o bafo de cachaça.

Ela me viu no ponto, parou e fez sinal. Entrei no carro pensando que era lotação. Claro, michê às 9 horas da manhã não dava, né? Não ali!

Júlia. Foi assim a nossa primeira conversa. Até então, a via nos corredores e só cumprimentava. Gente do Comercial não se dá com o pessoal do Financeiro. Queria saber quem inventou essa merda.

Ela era quadrada-quadrada. E eu, bobo-bobo. Ela fala assim, repetindo as palavras. Acha que a energia do que fala reverbera no Universo e se repetir ganha mais força. Uma coisa meio transcendental.

Nunca entendi. Nem tentei, pra ser sincero. Éramos opostos e isso que era legal. O negócio quando é pra ser, é e pronto! A gente não sabe explicar. O assunto não acaba. Por mais que se vejam todos os dias, parece pouco. Não existe defeitos pra um ser apaixonado.

Idiossincrasias... Aprendi essa palavra só pra poder falar de Júlia pros meus amigos. Ela era meu ideal de amor. Em dois meses já dividíamos tudo.

Eu vivi o amor!

Acho - hoje, é óbvio - que todo começo de romance é assim. Muita gente falou. Mas sou cabeça-dura. Precisava ver de perto, provar, degustar, me jogar de corpo e alma pra saber o que era. Fiz tudo que quis. E foi bom. Mas o que é bom acaba. E acaba muito rápido.

O fim? Ah, rompimentos ficam marcados. Cada palavra. Gesto. Suspiro. Lágrima. Os grandes silêncios. O vazio depois do sexo. Que sexo, né? A maioria das vezes, isso nem existe mais.

Quando a coisa descamba pras brigas ainda é pior. Uma infinidade de acusações. Gritos! Isso é o que eu penso. É o que ouço. Não vivi isso não. Mas preferia. Juro!

Júlia é elegante, delicada, equilibrada. Ela é quase frágil. Digo, à primeira vista. Percebi muito depois. Colocava seus desejos e protestos em conversas educadas. Não notei que eram avisos.

Almoçávamos na sala de TV. Macarrão à bolonhesa, se não me engano. Estava tão quente que resolvi ficar só de cuecas. Ela olhou. Continuou comendo. Pediu um guardanapo. Aproveitei para pegar o pano de prato pra mim. Eu usava barba naquela época e o papel grudava nos pelos.

- Você me ama?
- Claro que eu te amo, Júlia. Por quê?
- Nada.
- Diz, Júlia. É alguma coisa. O que foi? Você não me ama mais?
- Não sei.

Silêncio. Termina de comer olhando pra baixo. Enquanto eu tento decidir se limpo a boca ou enxugo as lágrimas com o pano de prato. Larga o prato vazio no chão e sai.

- Onde você vai?
- Tomar banho.
- Vai sair?
- Vou embora.

Eu queria ter uma briga pra contar.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Enquanto isso, na sala de justiça...

... o gato luta enfurecidamente com um cotonete que roubou do banheiro. Eu dou gargalhadas. Deve ser por isso que os vizinhos me olham de maneira estranha nas reuniões de condomínio. O que posso dizer?

- Hmm... Adoro!

A busca do Ser

Eu ando nessa de viver loucamente nesses últimos tempos. Bebendo demais. Sofrendo demais. Curtindo demais. Sentindo demais. Enfim, me jogando demais.

Eu parei na beira desse precipício e tive a certeza de possuir asas. Pulei. Agora voo por aí.

Alço voos. Faço piruetas. Caio. Levanto. Acredito!

Acho que, no momento, viver é isso.

Tenho experimentado toda a sorte de coisas. No campo das emoções, é claro. Já passei - há muito tempo - da fase de deturpar a realidade com aditivos ilícitos. Essa busca do autoconhecimento (pieeeeeegas, eu sei), no fundo, bem lá no fundo, é divertida.

E o resto...

O resto é silêncio. 

Incerto... e bom

Ela afirma veementemente que melhorei. Eu fico ali paralisada, enigmática. Ao menos para mim. Juro que represento um papel, mas ainda não descobri qual é.

Imploro:
- Não elogia, não elogia! O Cosmos pode ouvir e inverter a situação.

Deixa firmar, eu digo. Ela ri. Sem saber que esse Cosmos é um grandíssimo sacana, isso sim.

Sinto-me péssima quase o tempo todo e, ao mesmo tempo, melhor do que todos que conheço. Acima do bem e do mal, às vezes. A sensação é estranha. E boa.

Travo batalhas homéricas comigo. Ora venço. Ora empato. Nunca perco. Eu faço as regras do jogo. O grande problema é saber a motivação da jogada.

Ela me acolhe. Eu ainda não sei fazer isso. É o lado criança. Verde. Inocência deliciosa que continua a me colocar em enrascadas. Rio. Isso eu aprendi a fazer.

A sanidade total ainda está distante. Talvez por não querê-la realmente. Parte de mim quer. A outra parte não sabe.

Dúbia. Palavra linda. Assim que me sinto. E gosto. E vivo. E prolongo o momento.

Gosto também de definições. Mas não para agora. A dúvida me move. E mover é bom.

Hoje sou mulher de vírgulas e reticências. Não tenho ponto final...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Hermético

Não é hoje, mas agosto vai embora.
E isso também vai passar.
Enquanto espero, repito:
- Que seja doce! Que seja doce! Que seja doce!

Parafraseando Caio.

Se der sorte, alguém me dirá:
- Dorme, só existe o sonho.

E eu acreditarei. E dormirei.

domingo, 14 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Preguiça

Preguiça de gente prolixa, de falta de objetividade e cabos de guerra. Preguiça de mentiras e meias verdades. Preguiça de ter que ser personagem pra sobreviver sem culpas e mágoas.
Enfim, preguiça generalizada!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

‎"VIDA LONGA AOS MEUS INIMIGOS PARA QUE ELES POSSAM ASSISTIR DE PÉ A MINHA VITÓRIA"

Era o status de uma pessoa conhecida numa rede social da qual faço parte. ou participo? ou vivo? ou moro? ou acesso mais do que deveria?

Bom, voltando. Nunca tive inimigo. Não desses declarados. Nem sei se existe isso hoje em dia ou é coisa que só se vê em filme. Tem gente que não gosta de mim. Isso eu sei. Mas é permitido. Normal, inclusive. Até porque não sou um primor de pessoa. Mas inimigo de verdade, tipo: Coringa, Pinguim, Hera Venenosa? Acho que não. Nunca. 

Só duelei uma vez na vida. Faz mais de dez anos. Eu representava a Princesa Léia e o meu colega era o Darth Vader. Há umas duas semanas me explicaram que essa luta nunca aconteceu. Deveria. A minha, ao menos, foi empolgante. Até quebrei uma lâmpada.

Fazia a sonoplastia com a boca. Tipo: Uómm! Passei com nota máxima em esgrima. Se não foi a técnica, com certeza foi a coragem. Não, o Darth Vader não era amedrontador. Mas precisei de muita coragem pra fazer aquele papel ridículo e, no fim, ainda conseguir me divertir.

Então o saldo é esse: nenhuma briga de socos, um duelo e nenhum inimigo. Mudaria a frase se fosse minha. Sugeriria outra se tivesse mais intimidade.

Quero que os meus inimigos fiquem tão bem que se esqueçam de mim.

Não é minha, mas considero adequada. 

As minhas vitórias são batalhadas. 
Quero, no máximo, aqueles dez amigos por perto.
Pra comemorar.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Refrescante

Banho frio e de balde. Lembrou infância. Época em que qualquer coisa diferente é motivo pra farra. Delícia!

Mudanças

Finalmente dei um jeito na sala. De feia passou a menos feia um pouco. Não é o que quero, mas não consigo definir o que quero. Em nenhuma esfera. Isso é definitivo.

Mexi na mesa, que hoje é o terror da casa. Troquei o sofá e o tapete de lugar. Tá, deu outra cara. Não é a minha ainda, mas é uma nova. Vamos ver quanto tempo dura.

Já que não muda de dentro pra fora, faço o inverso. E aguardo os resultados.

A insatisfação de ontem não é a mesmo de hoje. Coisa boa nessas horas é ter essa memória péssima que vai apagando os fatos aos poucos. Penso tanto que deve gastar, aí desaparece.

Continuo repetindo: Eu abro mão desse padrão de energia. Acrescentei também: Eu me perdoo. Vai que eu acredito! Não custa tentar.

De modo geral a vida vai bem. Os aborrecimentos realmente aborrecem, mas passam. Lembro da frase: Isso também vai passar. Deveria mesmo lembrar que eu já estou velha demais pra certos desatinos, mas já foi e eu me perdoo, não é?

Pronta pra outra. Ou quase pronta.

Espero que o Universo me mostre o caminho, pois esse padrão de energia está ultrapassado e neurolinguística vai trazer resultados positivos. Ah, vai!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Conselho

Não adianta muito se recriminar pelo passado.
Se as consequências são sobretudo morais, o jeito é planejar o que vem pela frente, não ficar remoendo o que se fez ontem.
Melhor esperar para quando se estiver de novo na beira do degrau - e aí sim lembrar para não pular.
Mas hoje, quando já se estabacou, não adianta.

(C.A.M)

Amei!
Colei aqui pra lembrar de não me atirar do precipício na próxima vez.

Favor não ler

Então eu estou aqui, nessa autocomiseração de merda, arrependida até o último fio de cabelo. Cobrando postura, maturidade e outras coisinhas que me faltam. Tudo isso porque resolvi sair e aprontar. E aprontei. A-PRON-TEI FE-IO! Assim, maiúsculo mesmo. Não sei porquê. Deu vontade de sair da linha, de extravasar.

Tava tudo muito bem. Exercícios. Nirvana. Bondade, gentileza. Bom, foi pro saco. Amanhã eu recomeço. Agora vou ali tomar um banho e terminar de sentir pena de mim.
E tem o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrario: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda!
(Caio Fernando Abreu)

Instinto

O gato matou um passarinho. Assim que cheguei em casa ele me mostrou. Miou e apontou com a pata, levando o bicho morto pra mim. Não briguei, mas não o deixei comer. Por mais dócil e bobo que o gato aparente ser, é um caçador.

Instinto.

Dodecaedro

De todas as facetas que tenho a que menos gosto é a autodestrutiva. Quando aparece arrasa com tudo. Levo dias para recuperar-me totalmente. É um lado nocivo e difícil de entender. Fico sem limites, sem controle. Desafio-me constantemente para ver até onde aguento. Coloco-me a prova como se tivesse algo a provar para mim mesma.

É tão ridículo. Tão infantil. Tão triste.

Por mais que eu faça planos e mais planos para a recuperação do meu ser, trabalhe arduamente, tome remédios e etc, algo ainda está quebrado. A moça de branco diz que faz parte do processo. Chama essas quedas de boicote. Eu não sei que nome devo dar, nem sei se quero dar nome, quero apenas descansar.

Canso de tanto cair e levantar. Tenho medo de um dia acostumar-me ao chão e não me erguer novamente.

domingo, 7 de agosto de 2011

Crônicas de Muito Amor

Apertando o peito,
sufocando o grito, 
contendo a lágrima.

I

Arrumei as roupas em duas malas. Não tinha muita coisa. Alguns sapatos, vestidos frescos e um casaquinho de lã. Tudo em tons pastéis. Sempre combinando.

Lembro-me bem do começo. Ela chegou e virou minha vida de pernas pro ar. Não queria saber se eu tinha compromisso, trabalho ou qualquer outra coisa que demandasse meu tempo. Exigia atenção. Mas fazia com tanta graça que eu nunca consegui brigar.

Lívia era assim. Determinada, mas doce. Exigente, ciumenta e carinhosa. Falava devagar, mas tinha a voz firme. Podíamos passar horas juntos sem nunca enjoarmos um do outro. Fecho os olhos e ainda sinto  sua pele macia, cheirosa. Os cabelos compridos, sempre trançados, refletiam o brilho do sol.

E tudo que me resta agora são lembranças e duas malas de roupas.

Não me preparei pra isso. Quando ficamos juntos, pensei que seria pra sempre. Apesar de reclamar das mudanças que uma pessoa a mais em casa provocam, não imaginei que terminaria um dia. Acho que me acostumei a tê-la sempre por perto.

Se eu chegasse carrancudo do trabalho, recebia-me com um sorriso. Sabia como mudar meu humor. Fazia gracejos. Jantávamos juntos e ela queria saber do meu dia. Não sossegava enquanto eu não contasse todos os detalhes.

Já havia decorado os nomes dos meus colegas e sabia com quais eu me dava e, também, os que eu não gostava. Só depois de ouvir tudo que eu tinha a dizer, falava-me do seu dia.

Duas malas de roupa, foi o que sobrou.

Às vezes, fazia perguntas descabidas.

- Você me ama?
- Claro que amo!
- Se eu morrer você fica triste?
- Que pergunta mais boba, Lívia!

Criança, às vezes, parece que pressente o que vai acontecer.

- Câncer, Sr. Paulo.
- Dá pra operar doutor?
- Não, nesse estágio não é possível fazer mais nada.

Chorei por três dias. Não sabia o que fazer. Ela pegou minha mão e disse:

- Não fica com medo, papai, eu vou continuar cuidando de você lá do céu.

Falta de assunto

Coisa engraçada é horóscopo. Quando não tem mais nenhum assunto e, na mesa silenciosa, trocam-se olhares sem graça vem esse papo. Então todo mundo se anima. Parece uma convenção de astrólogos, cada um tentando provar sua teoria.

Explicam-se as falhas. Claro, se temos falhas, a culpa é do signo. Mas, também, exaltam-se as qualidades. Acho que, às vezes, inventam mesmo. Não sou dissimulado, sou de gêmeos. É claro que sou a melhor mãe do mundo, sou de Câncer. E por aí vai.

Signo dá mais pano pra manga do que o tempo. Deve ser por que aqui em Brasília ou chove ou não chove. A conversa não se estende muito nessa área. Mas as características dos signos, ah, essas rendem horas.

Um dia encontrei um tipo que realmente entendia da coisa. Nos aprofundamos mais nas questões e ele resolveu analisar meu mapa. Achei chique. Normalmente não costumo dar muitos detalhes, mas estava inspirada.

A cada informação revelada ele discorria horas sobre as características, me explicando como eu deveria ser. Achei divertido, mas eu me conheço bem e ele não trouxe nenhuma novidade.

Porém, o mocinho tinha mesmo o dom. Ou devia estudar bastante o tema. Aí me empolguei e falei sobre Lua, Marte, Vênus, casas astrológicas e etc.

Ele parou. Mudou de assunto. Não quis mais ser meu amigo. Eu tenho medo de você, ele disse. Bem-vindo ao clube, ia responder. Fiquei calada. Não quis ser antipática, afinal, sou de Aquário.

sábado, 6 de agosto de 2011

Ando safada, preguiçosa e nem aí. O "nem aí" é o melhor.

Deveria ler mais, escrever mais, estudar mais. Tudo mais. Mas ando mais nem aí do que nunca e com uma preguiça sem fim. Como se a vida fosse começar assim que eu fizer mais. E quando esse mais acontecer, pressinto que não terei tempo pra mais nada.

Então enrolo. Procrastino.
Ando indolente mesmo.
Numa malemolência que só vendo.

A disposição fugiu do campo dos projetos e foi se refestelar na área social. Festas, teatro, exposições, jantares, bares e boites. Isso tudo eu topo. Aí, é uma energia sem fim.

O resto, por enquanto, é resto.
Vou devagarinho. Só pra não desandar.
Manutenção preventiva, sabe?