domingo, 28 de dezembro de 2014

Explicando o inexplicável

Você tem de ir, mas não quer.
Eu tenho de ir, mas não quero.

Então, te deixo ir mesmo que você não queira.
Você, por sua vez, pede que eu vá.
Eu, digo de novo, não quero.

De repente, você não está mais aqui.
Eu, que deveria estar no mesmo lugar, parto.

Assim, sem você e sem mim, fica só o vazio.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Saiu sem rumo em busca de sensações. Encontrou voz suave, toque macio, corpo quente, lâmina fria.

Sentimentos salafrários

Os poetas dizem que os guarda-chuvas perdidos, os botões que caem das roupas, os estojos de pince nez, dentre outras pequenezas, vão todos parar nos anéis de Saturno.

Para lá, também foram meus sentimentos. Todos. Mudaram-se definitivamente e agora giram, brilham e colorem um céu que ninguém vê.

Fugiram de mala e cuia.

Esses sentimentozinhos sem-vergonhas não enfrentam dificuldades. Ao menos sinal de perigo, desaparecem em busca de abrigo. Não têm nenhum pudor em deixar-me aqui, completamente vazia, racional, dura, fria.




segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Horóscopo

Um dia, só um dia, eu gostaria de ser apenas o que está escrito na folhinha.

“Bons presságios o cercam. Terás conversas agradáveis, sabendo aproveitar o que te dizem. Sorte: 07-15-23-27-39-51”

Pronto. Ganhadora da Mega!

Só um dia...


RIP

Dois mil e quinze será feito de tomates, manjericão e samambaia. Pra quem precisa de legenda: coisas palpáveis. Dessas que a gente planta, colhe, come ou bate no liquidificador e congela pra comer depois.

Os sonhos, neste ano que chega, permanecerão na padaria. Desculpem-me, estou fazendo dieta e gastei uma fortuna com um plano eterno na academia.

Quero só o que posso tocar, cheirar, sentir. Ficou pra depois o que podia ser deixado pra depois. Afinal, esse depois não chega nunca. Quero aproveitar hoje o que conquistei até agora.

A insatisfação ficou pegada à alma blasé. RIP alma blasé.

RIP 2014!