quinta-feira, 23 de maio de 2019

Daí, cheguei e disse: não é pra se martirizar também, né? Quem aguenta uma figura que só sofre? Tudo bem, pode ter sido uma insensibilidade da minha parte, mas pô, os tais 15 minutos permitidos - em termos de lamúria - podem ser bem uns dois ou três meses, mas anos? Não baby, ninguém tá com essa disposição toda não.

Levanta, sacode a poeira e - quando avistar algo de bom - cai em cima. Dor de cotovelo é fofinha nos livros, quando dá poesia. Na música, quando sai um hit do verão. No meu ouvido? Desculpa, mas é um tremendo saco.

Toooda prosa e senhora de mim, falei. Quase não parei. Verborrágica! Até senti orgulho. Só não vi o tombo que vinha pela frente.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Carta para um Lindo

É assim que as coisas acontecem. E é difícil suportar. Tão trash. Ver o vazio do alheio. As pessoas-formiga que nos rodeiam e não são tocadas quando se deparam com a sensibilidade pura. As pessoas, em sua maioria, resumem-se a máscaras ou cascas.

Aprender a viver o momento. Isso é importante. Tem gente na nossa vida que é só um café, não queira transformá-los em jantar. São pequenos demais. Não nos alimentam. Você tem de aprender a ver a história da forma que ela é e não da maneira que gostaria que fosse. Então se adapta. E não sofre tanto.

(eu estou aprendendo)

Quando passei a fazer isso de forma automática achei que não sabia mais sentir. Não é isso. É viver o momento e saber onde pisa. Pensei nisso hoje e lembrei de você.

Você é bonito, interessante, inteligente. Diferente desse povo que está disponível por aí. Você é sensível e não se envergonha disso. Assume e se permite sentir. 

A gente não sabe lidar com rejeição, despedidas e etc. Ninguém foi criado para isso. Adeus é cruel. Escrevi algo sobre isso um dia. O adeus do amor pode ser pior do que o da morte. O da morte é inevitável, num dado momento a gente consegue entender. O do amor não.

A pessoa parte, continua vivendo sem a gente e parece que é exatamente isso que a gente não entende. Como amar tanto um alguém que vive a própria vida sem se incomodar com a nossa dor, sem notar nossa existência?

Acho importante sofrer. Digno, sabe? Acho que a gente tem de sofrer até purgar. E, ultimamente, não tenho sofrido (muito). Ou não sofro o tanto que costumava sofrer. Daí, comecei a sofrer por me achar anestesiada.

Não é difícil viver, mas a gente quer controlar tudo. Quer que as coisas aconteçam do jeito que a gente imagina. E, de repente, a gente se frustra sozinho.

E o universo fica lá, parado, esperando a gente voltar pro nosso rumo pra colocar as coisas boas na nossa vida de novo.

Acho que é por aí.
Se cuida.
Te adoro.
Queria pegar na tua mão e te dizer bem baixinho, no ouvido, que tá tudo bem, que não precisa ter medo, foi só um sonho ruim. Te encorajar a levantar a cabeça e enfrentar o mundo de peito aberto. Explicar que existe um abismo entre o medo e a realidade.

Queria te botar no colo e sussurrar: vai, vai lá, você não vai cair nem se decepcionar. Te mostrar que o mundo, na verdade, é feito de possibilidades. Que toda escolha pode ser boa. Que vale a pena acreditar que o bem existe.

Queria te acarinhar e provar que o amor supera qualquer provação. E que, por mais que você acredite que o mal agora reina, ele não tem efeitos sobre quem vibra positivamente.

Queria sustentar a nossa egrégora, te envolver em compaixão. Te fazer brilhar e ver seu brilho se alimentar dele mesmo, expandindo-se até o infinito.

- Voa e alcança o céu. Quando alcançar, voa mais e mais além.

Contida. Reprimida. Impedida de qualquer manifestação. Ação restrita. Observo. Aguardo.

Um dia, talvez, suplicarei aos santos: Permitam-me! Os santos, em sua sabedoria e benevolência, responderão: Não lhe pertence...

E tudo continuará como sempre foi.
Exatamente como tudo tem de ser.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Tem esse quadro na parede que me causa calafrios. O corpo de um lado e a cabeça do outro. Uma bruma os liga. Algo tênue e ao mesmo tempo lúgubre.

Nos dias em que assisto filmes de suspense ou terror, cubro-o com um pano. Ou deixo a luz da sala acesa. Ou os dois.

Não sei a causa do pânico. Medo da própria pintura ou de me ver na situação da pintura.

O quadro é muito, muito antigo. Não se vê a assinatura. Desconhecido. Talvez isso acentue a inquietação que ele me causa.

Não há sangue. Não há dilaceração do corpo. O corpo, na verdade, é uma estátua. Ainda assim, é macabro.

O fundo é escuro. Esverdeado, talvez. Estranho, com certeza. A moldura está rachada e faz uma boa composição, dando um ar mais sinistro.

Os olhos me perseguem onde quer que eu esteja. Se vou do quarto pra cozinha, da cozinha pra sala, eles estão lá. Mesmo quando me sento à mesa, para bebericar, observar as frivolidades cotidianas das redes sociais ou escrever algo inútil que nunca será lido, os olhos estão lá. Pousam em mim sem nunca distraírem-se.

Sempre tive pavor dessa imagem. Tantos quadros bonitos guardados e esse na parede. Por quê?

Não. Não há quadro nenhum na parede.
Apenas a minha imaginação me pregando peças.