quinta-feira, 28 de abril de 2011

Nexo?

Todas as boas crises já se foram. Restaram-nos, então, as ridículas. Apenas as crises ridículas. A pia molhada, o chinelo virado, a porta aberta do armário. Para onde foram os televisores jogados das janelas e os pulsos cortados?

Já não se grita mais como outrora gritamos. Junto com as boas crises foram-se as boas brigas.

- Não, senhora. Grito está em falta. Quer levar uma DR civilizada num restaurante francês?
- Passo.

O gosto misto de sangue e lágrimas dá lugar ao drops diet. Gosto de vida morna. Sexo sem suor. Correto. Calado. Sufocado. Quase morto. Entre quatro paredes. Velado.

O som que não saiu daquela boca aberta de onde se esperava o agudo final. O riso gasto acompanhado de um olhar de soslaio. De esguelha. Sim. Nossos olhares tão firmes, hoje, são de esguelha.

A personalidade que se esvaiu. A alma partida. Somos impressos de uma mesmice tola. Palavras formando textos que não se sustentam. Textos facilmente esquecidos. Esquecidos também são os nomes, as fisionomias, as pessoas. Até não restar lembrança alguma do que fomos um dia.

A repetição marcada de uma ação. A mente exaurida. A mente vazia. Preparação eterna para o momento que não chegará porque findou antes de ser iniciado.

E a tela volta a ser branca.
Talvez tenhamos alguma esperança. 

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Estranhas ondas

Exausta e sem pilhas, literalmente. Ainda vagueando pelo mármore dos infernos, que também pode ser descrito como: um lugar cheio de sensações com as quais eu não sei lidar. Sim, sou sensível, mas não sei lidar com emoções. Mais uma das incoerências. Ou contradições.

As promessas do médico ainda são um sonho um pouco distante, mas começo a ver saídas bem-humoradas para me livrar do caos emocional que se instalou na minha vida. Sinto tudo ao mesmo tempo. Continuo tentando calar. A felicidade está aqui também, juro! Junto com a angústia e a impaciência. Vontade que tudo isso acabe logo. Não choro há duas semanas. Não me faz falta. Também não tenho dormido. Isso faz muita falta.

Odeio ficar sem pilhas, se é que você me entende.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Na noite...


- Qual é o meu nome?
- Fulano
- Não, Beltrano
- Tá...

5 minutos depois
- Qual é o meu nome?
- Fulano
- Não, Beltrano
- Tá...

Mais 5 minutos
- Qual é o meu nome?
- Fulano
- Não, Beltrano
- Tá...
- Você quer que eu te beije ou fique tentando decorar teu nome?
     

sexta-feira, 22 de abril de 2011

De dentro do pequeno mundo

       
uma voz ínfima tenta dizer algo e se cala.
   
Acordei com vontade de escrever diário, mas não tenho paciência. Ou persistência. Não vou me prender nas definições hoje. Ando calada ultimamente e, ao observar o grande mundo e o pequeno mundo, noto que tenho sido incoerente nas minhas atitudes, pensamentos e idéias. Sou contraditória. Sempre fui. Incoerência é novidade. Se alguém pergunta, ponho logo a culpa nos hormônios. Não tenho encontrado explicação para esse comportamento estranho que valha externar.

Sinto-me só, mas a proximidade de outrem me angustia. Nada é definitivo. O que digo hoje não pode ser escrito. Então calo. Penso. O que penso hoje não pode ser dito. Tenho tido mil facetas e não me reconheço em nenhuma. E procuro. Dentro. Fora. Mil línguas não dizem o que está escondido em mim. Observo os outros de dentro do pequeno mundo. E o pequeno mundo não se conecta ao grande mundo. Sempre eu ou os outros. Nunca eu e os outros. A distância hoje é imposta pela incoerência.
           

terça-feira, 19 de abril de 2011

Gaucha, sua chata, por que você foi morar longe?

  
Tá, eu faço coisas sozinha e gosto, mas não é porque eu saio sozinha que não gosto de companhia. A melhor amiga de todos os tempos mora longe e também sofre com as restrições impostas pelos conhecidos. "Segunda-feira não é dia de sair" Aonde? Segunda é dia de samba. Terça? Gates! Quarta? Vinil! Quinta? Barzinho! Sexta? Casa com amigos, pois a rua nesse dia é para os iniciantes. Sábado e domingo: almoço caprichado com álcool moderado, porque a segunda pede profissionalismo e corpo descansado.

Então ela foi embora e eu ouço a minha música mental: se ela me deixou a dor é minha só não é de mais ninguém. Venho pra casa, abro minha cervejinha, ouço Jovelina e danço sozinha. Antes só. Não é assim que se diz? Sinto falta, mas sou feliz sozinha. Sozinha sou completa, mas não é porque sou completa que ela não me faz falta.

Gau, sua chata, porque você foi morar tão longe?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Procura-se um cavalo

      
Quem fala demais dá bom dia a cavalos. Eu não dou bom dia à cavalo, mas por pura falta de cavalo.* 
E na ausência do bicho, cometo sincerocídios. Desde pequena sou dada a ataques de sinceridade. Às vezes minha mãe me alertava: Não grita Mentira!, menina. Diga: Não foi bem assim que aconteceu. Eu achava graça. Às vezes até obedecia.

Aprendi cedo que a verdade deve ser dita. Só não aprendi que não é necessário contar todas as verdades de sua vida de uma vez só para qualquer pessoa que se aproxime. Então se alguém pergunta: tudo bem? Ah, coitado! É melhor que eu esteja bem, senão a ladainha começa.

Aliás, começava. É isso! Esse ano me propus - como jogo - cercear a língua. Restrinjo-me a responder exatamente o que perguntam ou, ao menos, tento fazer isso.

Não sei se tem dado muito certo.  Já cometi uns bons sincerocídios. Alguns tiveram conserto, outros nem me atrevo a pensar.

A amiga G frisa: Vê se tu não vai responder 10 toneladas quando te perguntarem 100 gramas! Eu tento, eu tento. E esqueço. E abro minha vida ao menor convite. E falo. Falo muito. Falo mais que o homem da cobra. E continuo à procura do cavalo. Quando encontrá-lo, direi:
- Bom dia!

* Mulheres (im)possíveis


  

quarta-feira, 13 de abril de 2011

  
Cheia de novidades e uma preguiça sem tamanho.
Fui ali.
Volto quando eu voltar.
 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Work in progress

Na crise das crises.
Cheia de rascunhos.

Eu sou o rascunho e a obra.
Alguém entende?
Explica pra mim também?
 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

...

    
Começo hoje pelo alheio. Sem introdução. Sem firulas. Sem linearidade.

E você tem paciência com o quê? O apressado come cru, sabia? Nasceu de sete meses, por acaso? Tolerância zero, hein!

E de minha autoria:
- A fada da paciência não me abençoou ao nascer, meu bem, esqueça!

Conseguiu imaginar? Bom, se não conseguiu até agora, sinto muito. Eu não vou desenhar! Admiro quem tem paciência, juro! Acredito, inclusive, que seja uma virtude. Só não tenho paciência para desenvolvê-la.

Faço meditação. Rezo. Fecho os olhos. Respiro lentamente. Bebo água, muita água. E quando penso que o trabalho está feito, vai tudo pelo ralo. Resmungo, me irrito e...  Ia escrever mais. Depois, talvez.
Agora perdi a paciência.