segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Navidad

Pra quem teve um papel importante na minha vida esse ano e pra quem eu nem vi. Para aqueles que ajudaram e, principalmente, para os que atrapalharam.

Quem me ensina o que eu não devo ser tem meu respeito eterno.

Pra quem foi embora. Para os muitos que voltaram. Pra quem tá de birra agora, mas eu amo muito. Pra quem só briga e, também, pra quem só ri. 

Vocês fazem minha vida colorida. Trazem o doce e o salgado. Alguns, o azedo e o amargo. Mas, enfim, nunca usei açúcar na limonada suíça ou no café. Adoro todos os sabores desde que sejam autênticos.

Pra quem me leu. Me ouviu. Emprestou ombro e fez cara boa. Pra quem fez cara feia também. Para os amigos de sempre. De ontem. De hoje. Para os amigos que estão começando a estrada comigo. E para aqueles que já terminaram.

Para todos aqueles que gostam de mim e eu, infelizmente, negligenciei. Para os que eu esqueci. Para os que me esqueceram. Ou fingiram que esqueceram. Porque sentimento só sabe quem tem. Só sabe quem vive. Só entende quem sente.

Para alguém que dizia: Eu te amo pra caralho e mais um pouquinho ainda!

Para a minha família. Minha base. Meu alicerce. Meu apoio.

Feliz Navidad e... desculpas, obrigada, beijos, amor, serenidade, equilíbrio e um axé.

É! Um axé!

Porque axé nunca é demais!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Infância

Os meus pés tortinhos ali plantados no chão, sujos de terra, enquanto o mundo acontecia à minha volta. Era só eu e os meus pés tortinhos, cheios de calos e dedos esquisitos.

Enquanto a mãe se esgoelava me chamando pra almoçar, ficava ali, plantado na terra. Tal qual árvore, me enraizando, achando que era assim que se crescia.

Perdido nas horas. Vagueando de um pensamento a outro. Via a menina mais bonita da classe me sorrir um sorriso lindo e dançar comigo no bailinho. O pai, elogiava meu boletim cheio de orgulho. A vó fazia geléia só pra mim.

Nada de ruim podia acontecer. Não ali. Naquele lugar não existia palmada, choro. Ninguém ralhava com o outro. Os meus irmãos brincavam num canto e gargalhavam. Tão sujos quanto eu, envolvidos na terra, na magia, no sonho.

E quando escurecia, íamos todos para casa contar as aventuras do dia. O pai e a mãe riam sem censura. Indagavam sobre as excursões, cavernas e monstros que enfrentáramos. Emocionavam-se com as lutas e regozijavam-se com as vitórias.

Assim era o quintal de casa. A terra. As plantas. Os perigos e os esconderijos. Aquele quintal abrigava tudo. Inclusive eu e os meus pés tortinhos.
Tá surdo o mundo?
Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now

Elementos

É preciso escutar as folhas que balançam com a brisa. É preciso ouvir o sibilar do vento. É preciso abrir bem as janelas para o redemoinho entrar. É preciso parar, observar, sentir. Ser vento. Ser livre. Voar.

É preciso chorar até a fonte de lágrimas secar. É preciso suar e purgar aquilo que não mais serve. É preciso enfiar os pés na lama e perceber que a sujeira é composta também de algo limpo. É preciso fundir-se, misturar-se, perder-se. Ser água. Ser parte. Desaguar.

É preciso escolher o que se deseja e plantar. É preciso cuidar da base. É preciso semear, regar, defender. É preciso fincar as raízes no solo, ser firme, ter força. Ser terra. Ser fértil. Alimentar.

É preciso queimar as amarras. É preciso aquecer-se nas chamas. É preciso perder-se no crepitar da fogueira sem objetivos. É preciso deixar-se purificar pela fumaça perfumada do turíbulo. É preciso arder, inflamar, incendiar-se. Ser fogo. Ser transformador. Iluminar.


Nunca na história da minha vida a morte da bezerra foi tão interessante quanto agora. É nisso que penso. Sem grandes dramas ou emoções. Nada para reclamar ou festejar, apenas a morte da bezerra para pensar.

E tenho dito!

Audição seletiva

- Igor, desce da mesa!

Ele entende: deita na mesa.
Só pode...

sábado, 15 de dezembro de 2012

Um dia eu te escrevi para contar as coisas tristes da vida. E te disse que sofria, chorava e me ressentia. Arrependida do que fazia e, também, daquilo que me faltava coragem para fazer.

Pedi colo, implorei atenção. Por fim, contentei-me com migalhas de amor.

Depois de um tempo fui embora. Parti de você. Voltei para mim. Sofro, hoje, por hábito. Peno por escolha. A alma feliz permanece estagnada. Eu cresço na tristeza.

Olhos fundos que guardam tanta dor são a minha origem.

Incompreendida

Gosto de você e sinto sua falta.

Isso significa que sinto falta de conversar com você, saber da sua vida, trocar ideias. Não quer dizer que quero te ver.

Entende?

Idade

Se o gato pode ser filhote aos quatro anos, acho que posso continuar adolescente com 35.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Um dia, Deus, só um dia me deixa sentir isso que eles chamam de felicidade plena. Quero saber como é essa coisa de transbordar.

Possibilidades II

"Gosto e preciso de ti..."

Escrito a mão em um cartãozinho pequeno e colorido. Recendia ao perfume dela. "Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos. Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias...". Versos de Pessoa e Mário Lago entremeados de amor juvenil.

Recebi a cartinha e não respondi.

Hoje, o bilhetinho apaixonado, amarelado dos anos decorridos, não passa de uma possibilidade que foi guardada na gaveta.

"Amemo-nos [...] pensando que podíamos..."

Possibilidades

Talvez eu morra cedo. Talvez não. Talvez eu te mate em vida e você nunca saiba disso porque você não sabe o que é morrer e continuar vivendo.

Talvez eu te ame pra sempre e você não saiba também. Talvez eu tenha sentimentos e ninguém saiba. Nem eu.

Talvez eu vista amarelo amanhã porque eu penso que amarelo alegra o dia. Talvez eu use preto.

Talvez eu perceba que ninguém se importa com o que eu penso. Talvez descubram que eu não me importo com nada.

Talvez alguém te ligue pra dar aquela notícia que você tanto espera. Talvez seu telefone não toque e você se suicide por isso.

Talvez eu esteja escrevendo isso para você.
Talvez apague tudo o que já escrevi.

Talvez eu me arrependa do que estou prestes a fazer.

Talvez eu...

O tio do farol

Tem esse cara que fica o dia inteiro em pé no farol vendendo balas. Ele chega perto do carro, pergunta como estou e me abençoa. Aí eu tenho certeza que o dia vai ser bom. Às vezes, o sinal abre antes dele chegar no carro, ou ele não me vê. Nesses dias tenho maus presságios.

Quando temos mais tempo, quer saber se caí da cama ao passar mais cedo. Pergunta se tive algum problema nos dias em que me atraso. Diz que estou sumida quando volto das férias.

Vende balas e sorri. Pega minha mão e me abençoa. E é só isso.

Pensei, então, em comprar as balas para ajudar. Ele, agora, me dá balas. Não aceita meu dinheiro. Joga as balas dentro do carro, sorri e diz: Deus te abençoe, minha filha. Simples assim.

Resolvi fazer doações. Roupas. Cesta básica. Cada mês algo diferente. Ele agradeceu.

Não durou muito. Voltei a rotina. Esqueci. Ele continua sorrindo e me abençoando.

E hoje, perdida em devaneios de consumo, imaginando viagens, mobília cara e toda sorte de aparelhos eletrônicos de última geração, parei e lembrei dele. Fiquei pequena, envergonhada. Difícil encarar a própria mesquinhez.

Agora, enquanto dou de cara com minha sovinice e tento imaginar uma forma de me retratar com o Universo, ele deve estar colocando os filhos na cama, sorrindo e dizendo Deus te abençoe.

Recordar é viver

Tinha essa brincadeira de dizer "Eu já..." e fazer uma lista. Sou dada a listas. Faço mentalmente. Eventualmente.

Então, penso "Eu já..." no trânsito, no banheiro, nos lugares mais inusitados. E não escrevo. E esqueço. Poderia iniciar dizendo "Eu já esqueci muitas coisas importantes".

Eu já...

menti
traí
iludi

Normalmente vêm as piores atitudes.
Repreendo-me.
Envergonho-me.
Calo-me.

Mas lembro-me, também, que já...

ajudei
cuidei
doei

E o equilíbrio se faz presente.

Ninguém é feito só de vileza.

Wishlist

Comida mexicana, ânimo e inspiração!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012

Confissões

Quando me separei, pela primeira vez, senti apenas alívio. Desculpe-me pela risada. Dizer que me separei "pela primeira vez" sempre me provoca essa reação. Aliás, meus fracassos amorosos me causam risos.

Enfim, fiquei leve, solta e feliz. Não tive o trauma de me ver sozinha em uma vida que não sabia viver. Era a minha vida e eu sabia muito bem o que fazer com ela: curtir! E curti como se cada dia fosse o último, até me casar de novo.

Então, quando me separei pela segunda vez... Desculpe-me. É sério. É o hábito. Como alguém se separa duas vezes antes dos trinta? Isso é - no mínimo - hilário.

Bom, quando me separei pela segunda vez senti... alívio de novo! Mais madura, segura e independente do que nunca. Dei um novo sentido à expressão Carpe Diem. 

Aí, constatei que não me importo de namorar e, até mesmo, casar. Desde que eu possa me separar depois.

A curiosidade matou o gato

Matou também a amizade. O amor. O respeito. E qualquer outra coisa que pudesse existir entre os dois.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Plagiando

Ouvindo Bizet e olhando Santo Antônio. Pensando na morte da bezerra. Esquecendo as vitaminas.

Chutando o balde. Guardando o arrependimento na caixinha.

Acordando assustada. Cansada. Sempre cansada e com fome. E sono. E preguiça. Dormindo pouco.

Brigando com pensamentos. Deixando a vida me levar. Voltando atrás.

Querendo...

O músculo é digástrico porque tem dois ventres musculares. A cor é azul porque assim a descreveram.

Tudo tem nome, razão ou explicação.

Eu tenho nome. Deveria ter razão ou explicação. Juízo, talvez. Deveria um monte de coisas, mas não.

Não tenho, não faço, não quero.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

#desenho_animado_feelings

Hoje, vi uma bigorna cair na minha cabeça. Fui atingida por um raio. Escorreguei numa casca de banana e acabei num bueiro. Corri do Coyote e, mais ainda, do Pepe le Pew.

Por três ou quatro vezes ouvi quénquénquén após minhas frases.

Senti uma nuvenzinha negra acompanhando-me por algumas horas, bem ali, em cima da minha cabeça. Ouvi o anjinho, mas segui o conselho do diabinho que estava no meu ombro.

Encolhi, estiquei, murchei, inflei.

Fui looney tunes e gostei!

Parada embaixo do bloco, fumando, esperando um raio cair na minha cabeça.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tenho bebido água como se fosse a cura de todos os males. Uns cinco litros por dia. Até agora isso só me levou ao banheiro.

Momentos

VI

Acordei sentindo-me vazia e não era fome. Faltava-me algo, mas não pude identificar o quê.

Ingressei na rotina diária. Café, louças, afago rápido no bichano. Trânsito, cumprimentos falsos e apressados.

O incômodo permanecia. Revi a agenda do dia. Sem atrasos. Não, nenhum esquecimento.

Sensação de perda. Saudade. Incompletude. Fiz o de sempre e o de sempre não bastou.

Querendo inovar, tomei mais pílulas para dormir do que o necessário. Bebi mais champanha do que poderia.

sábado, 3 de novembro de 2012

Momentos

V

Pensei em você o dia inteiro. Aliás, minto, você tem povoado meus pensamentos faz um tempo. Revejo nossa história quase que diariamente. A coisa começa com as borboletas. O dia no parque. Sol. Sorvete e conversa despretensiosa. Nunca imaginei que a melhor história da minha vida se iniciaria com um clichê.

O que aconteceu entre a primeira conversa e a última foi algo mágico. As mudanças, visíveis. Palpáveis. Parece que, com você, desabrochei. Floresci. Mas não é esse o ponto. Qualquer pessoa apaixonada passa mesmo por uma metamorfose. Mais um clichê.

A questão que quero trazer é a morte. Não a sua, porque você continua respirando, andando e fazendo o que sempre fez. Nem a minha, pois estou aqui tentando explicar o inexplicável. Também não é a morte do amor. Acredito que amores têm começo-meio-e-fim. Não morrem. Acabam as situações, os encontros, mas o amor fica eternizado nas lembranças.

O que morreu, na verdade, foi algo dentro de mim. Teve um clique, sabe? Um mísero clique e puf! Sumiu.

Num dia qualquer, acordei e não pensei em você de manhã. De noite ainda não tinha pensado. Não te procurei. Até hoje não sei bem o que aconteceu. Acho que foi um momento. Desses comuns. Levou você de mim da mesma forma que trouxe.

Clichê.

Momentos

IV

Acordei no meio da noite com uma ventania daquelas. As cortinas, rebeldes, voavam até a cama e voltavam à parede num movimento frenético digno de filme de terror.

Levantei para avaliar o estrago. A sala estava alagada. Tive coragem apenas de fechar as janelas impedindo que o apartamento se transformasse em um aquário. Dormi novamente enquanto rezava pro mundo parar e eu poder descer.

Tenho estado aflita. Doente. Cansada. Repito padrões antigos que já não me servem mais.

Enfim, amanheceu. Deitei em cima do despertador, abafei o som e continuei em estado letárgico. Duas horas depois abandonei a cama. Aflita. Doente. Cansada.

Peguei balde, pano e rodo. Rosnei mal-humorada. Sequei o piso. Lavei o pano e guardei o resto. Tive pena de mim mesma. Várias vezes. Autocomiseração tornou-se a companheira inseparável de todas as horas.

Tenho estado aflita. Doente. Cansada. Repito padrões antigos que já não me servem mais.

Chuva e dias frio-cinza provocam-me reflexões. Devo confessar que nem sempre profundas. Pensei na vida. Na rotina. Em tudo que está por fazer. Fiz listas.

Compras de supermercado, coisas a consertar, atitudes saudáveis que devem ser adotadas, palavras que gosto, pessoas que já namorei, erros comuns de ortografia, mazelas que me acometem.

Tenho estado aflita. Doente. Cansada. Repito padrões antigos que já não me servem mais.

Lavei as louças do café. Tomei banho. Coloquei outro pijama. Voltei pra cama. Num intervalo entre uma coisa e outra liguei para o trabalho.

- Não posso ir hoje!
- O que você tem?
- Tenho estado aflita, doente, cansada. Repito padrões...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Melancolia

Tristeza vaga, indefinida;
Estado de depressão intensa, traduzindo sentimento de dor moral e caracterizado pela inibição das funções motoras e psicomotoras.

Sinônimos: abatimento, desânimo, esmorecimento, languidez, misantropia, prostração, tristeza.  

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Momentos

III

Naquele tempo eu mal respirava. O corpo jazia abandonado. Os pensamentos sempre embaralhados. Sem rumo. Combalida.

Às vezes, sentia-me envolta em uma bolha. Algo como um gel a preenchia. Calava minha boca. Cessava meus movimentos. Ainda assim me movia. Trôpega, cambaleante. Uma versão patética de mim mesma. Ora lutava, ora cedia.

Outras, experimentava o mormaço vindo do asfalto na face. As dores espalhavam-se. Impossível determinar a origem. Levantava-me débil. Desorientada.

A vida resumia-se em míseros lampejos de sobrevivência e grandes períodos de estagnação. Sensações latentes. Pusilânime, não ousava encarar o que fosse. Olhar de esguelha.

Um dia me atiro de vez, pensava. Um dia me largo e morro de desgosto. Nesse dia, decidida a deixar tudo, te encontrei.

Você, com cuidado, tirou a lama do meu rosto. Delicadamente, lavou as pústulas e fez com que secassem. Limpou as nódoas do corpo deixando-me, novamente, imaculada. Lambeu minhas feridas quando eu não tinha mais forças.

Deu colo, carinho, amor. Prometeu ficar. Jurou cuidar. Colou meus cacos um a um.

Curou a alma.

Momentos

II

Excruciante saber que a escolha não me incluiu. Doloroso reconhecer que não há o que se possa fazer.

Vejo-te, cabisbaixo, carregando a opção como um peso pregado às costas. Oprimido, arrependido, perdido.

Não existe palavra no mundo para aliviar sua dor. Não há ato no mundo que corrija o curso dessa história. São duas retas paralelas que, contrariando todas as leis conhecidas, não se encontrarão no infinito.

Talvez em outra dimensão. Em alguma realidade paralela você estará sentado, sereno, à minha espera.
Eu chegarei de vestido florido, sorriso daqueles que insistem em permanecer nos lábios e te direi "vem? ".

E você se levantará para me tomar em seus braços. Não dirá uma palavra sequer, pois não existirá palavra no mundo com permissão para partilhar esse momento.

Conheceremos a felicidade plena. Numa outra dimensão. Numa realidade paralela.

Peço mais um café. Você se despede desculpando-se pela pressa.

- Dê lembranças à Renata, diga que achei o pequeno muito bonito. Qualquer dia apareço por lá.

Você se limita a sorrir.

Acendo mais um cigarro. A fantasia desfeita não torna à mente.

- Alô? Não, meu bem. Chego tarde. Não precisa me esperar para jantar.

- As suas amigas são loucas, alcoólatras ou alcoólatras e loucas.
- Nem todas.
- Quem se salva?
- ...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Momentos

I

Sinto-me congelada, paralisada, esperando ao pé de uma porta que nunca se abrirá. Ouço o que se passa por trás da porta. Toco-a. Mas continua fechada. Cochichos, risadinhas e gritinhos. Elas, em frêmitos, deleitam-se. 

Acaricio a porta. Estendo os dedos o máximo que consigo como se assim fosse transpor a barreira. Fecho os olhos, conto até dez. Invento truques, feitiços, encantos. Agora, agora no dez a porta desaparecerá e serei eu a cochichar, rir, gritar. Conto à exaustão. Dez vezes dez vezes dez. Quanto dá?

Anoitece. Elas cantam. Imagino que fazem roda. Devem estar todas de mãos dadas que - mesmo suadas - não se desenlaçam. Trocam promessas de amizade eterna e se abraçam.

Penso que já estão a se despedir. Não ouço mais nada. Está frio.

Amanhã! Amanhã abrirão e serei eu, em frêmitos, a me deleitar.

Deito-me ao pé da porta e adormeço.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

As coisas

Precisa-se de tempo para todas as coisas. Precisa-se das coisas primeiramente.

As coisas dividem-se em categorias. Multiplicam-se em número. As velhas coisas. Nem sempre velhas. Mas sempre coisas.

O tempo das coisas é o tempo delas. Não se interfere no tempo das coisas. Nunca.

Coisas são feitas, compradas, pedidas, negadas. Coisas podem ser boas, nefastas. Podem ser tudo e nada. Coisas, algumas vezes, são inexplicáveis.

Elas podem, ainda, ser suas ou de outro. Em teoria cada um cuida das próprias coisas. Na prática, percebo que tem muita gente querendo tomar conta das minhas.

Mas de tudo isso, a coisa que mais gosto é que independentemente da coisa que aconteça tem sempre uma coisa que supera.

E a gente segue por aí.
Essa coisa, sabe?

Olha só...

(command+r) ≠ milagre

©

Momento mimimi

O horóscopo diz "apenas chateada". Discordo. Também cansada, irritada, desgastada e, um tanto, enjoada. Semana da morte. Foram-se as convicções, os amantes, os amigos.

Até a alma - que andava tão bem - resolveu morrer. Sendo reencarnação de fênix, renasceu. Resquícios do passado. Atavismo.

Outras mortes permearam. Aquela que não esqueço, a de alguém pouco conhecido, mas já querido e  mais uma porvir.

Morte no tarô é transformação. Deve ser porque vai do corpo ao pó. Ou talvez da alegria ao vazio. Nunca me detive nesses pensamentos.

Não quero morrer. Não agora.
Mas morreu.
Mais uma que se foi.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Agravação

É negro e denso. Parece uma massa. Tumor. Quase real. Tal qual um câncer desenvolvendo-se lentamente. Espalhando-se silenciosamente. Busca dominar toda a extensão da alma. Sem perspectiva de cura, alastra-se.

Abre meu peito e encontra morte. Traços do que fui ou poderia ter sido. Está tudo morto.

Deve-se, então, retirar os pedaços mortos. Devo, então, aprender a conviver com as cicatrizes.

Sofrimento irreal ocasionado por doença imaginária. Quase lírico. Se não atormentasse. Não tirasse o sono. Não provocasse desassossego.
Se...

Inquieta. Não quero causa ou motivo.

Precisa-se de silêncio. Paga-se bem!

É preciso silêncio, respeito, contrição. Estamos em luto.

Por favor não fale, não sorria, não respire. Minha alma morreu. Feneceu antes mesmo de desabrochar.

Aqui jaz um corpo vazio. Murcha de sentimentos. Seca de emoções. Árvore retorcida sem folhas, frutos ou razão de existência.

Silêncio!
Minha alma morreu.

Estamos em luto.

sábado, 13 de outubro de 2012

Atualizando: comprei o Big Tasty. A moça que cuida de mim e limpa o apartamento comeu. Três meses sem sanduíche.
Observação: Ela cuida de mim mesmo!

domingo, 7 de outubro de 2012

Sonhos

Gervásio disse a Mariinha que ficasse só na varanda. Parece, até, que não conhece criança. Foi virar as costas e a menina já estava no quintal. Catando pitomba. Correndo. Atirando pedras nos passarinhos.

Mariinha é menina levada. Só tem irmãos. Nunca brincou de boneca. Gervásio preocupa-se mais com os vizinhos do que com a própria filha.

- O que vão pensar de você, Mariinha?
- Por que alguém tem que pensar em mim?
- Menina, se continuar assim, quando crescer não casa.
- Blergh!

E saía correndo. Mariinha não quer casar. Mulheres morrem quando casam, pensava. Casamento só faz chorar. Vovó casou e morreu, mamãe também. Eu não vou morrer. Não caso, não caso, não caso!

- E vai fazer o quê, Mariinha?
- Conhecer o mundo, aprender a falar com essa gente que tem um dizer estranho, ir nos lugares que aparecem na televisão. Estudar, trabalhar, ter dinheiro. Vou ser grande, oras! Não é isso que gente grande faz? Sai por aí sem avisar?

Gervásio nunca se deu o trabalho de explicar direito. Casar é bom, um dia você vai querer. As mulheres nascem e crescem pra isso. É pra casar e ter filhos que as pessoas estão no mundo.

- E a minha mãe?
Virou estrelinha, ele respondia e se calava.

Mariinha, feliz com suas pitombas, brincava no quintal. Foi nesse dia em que Zeca chegou. Menino franzino, desconfiado, viu as pitombas, olhou pra Mariinha e parou. Ficou ali, estático. Mariinha logo ofereceu-lhe a fruta.

- Você quer? Não é muito gostosa, mas agora só tem essa.
- O que é isso?
- Pitomba.
- É de comer?

Mariinha achou esquisito alguém que não conhecesse a fruta. Nem respondeu. Comeu. Olhou de novo o menino e estendeu o cacho. Ele repetiu os gestos dela. Achou o gosto horrível, mas não quis parecer estranho. Comeu também.

Zeca era recém-chegado na vizinhança. Vinha da cidade. Morava só com a mãe. O pai havia falecido há pouco.

Passaram toda a tarde no quintal. Mariinha mostrou o balanço de pneu. Foi até o córrego. Inventaram brincadeiras com ferramentas, caixas e latas abandonadas.

Não muito antes de Gervásio retornar, Mariinha, exausta, despediu-se de Zeca. Marcaram um novo encontro na tarde seguinte.

- ... assim que meu pai sair.
- Pode deixar!

Correu para fazer a lição de casa e tomar banho. Recebeu o pai na porta com os olhos brilhando.

- Pai, quando eu posso casar?
- Quando crescer, Mariinha.
- Mas, pai...
- O que é, menina?
- Quando é que eu vou crescer?
- Quando crescer, Mariinha. Por quê?
- É que o Zeca...
- Que Zeca?
- O Zeca é o meu amigo, pai. Ele mudou pra cá. A gente comeu pitomba. Ele gosta de brincar no quintal. Gosta de correr, de pular corda, nadar no córrego. Ele vem amanhã de novo. Amanhã eu já cresci, pai?
Eu disse sim. Ele não...
Ficamos assim, sem ponto, sem vírgula.
Reticências eternas deixando latente o querer.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Gata

Gata, leniente, desliza macio, mia baixo, rouca, complacente. Voluptuosa, transita em todos os planos.

Gata, lânguida, sai à procura. Escolhe, caça, mata.

Gata, preguiçosa, recolhe-se. Lambe as patas, a barriga, espreguiça-se e deita.

Gata, cansada, dorme. Sem se importar com o mundo que continua girando, pois o mundo gira em seu redor.
Assim como o texto, nunca estou pronta. Há sempre o que se moldar, aperfeiçoar, corrigir. Trocar ideias. Trocar as ideias. Pensamentos e convicções. Tudo é vento.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Desaguando

A chuva choveu em mim. Num dia desses, qualquer, de solidão e de calma. Molhou meu rosto, meu corpo e atingiu a alma.

Preencheu meus espaços vagos com pingos de possibilidades. Fez-me embebida em esperanças.

Assim, chovida, andei descalça pelas ruas. Acreditando ser água, chovi também. Ensopei quem me seguia. Molhei de alegria aqueles que observavam. Pinguei felicidade. E fui água.

E enquanto era água, era completa. Não por ter companhia. Pois ao me sentir água, a chuva cessou. Mas por pertencer. Era gota em oceano.

Por fim, sequei de tanto desaguar. Mas a chuva tornou a chover em mim. Disse-me que pertencia à ela. Também ao céu, à terra, ao ar e ao mar.

Choveu tanto, tanto, tanto que me desfiz. Virei chuva então. Dissipei minhas gotas displicentemente. Espalhei minha água até evaporar.

Gotas de alma caem nos mortais. Uns choram, outros sorriem. Mal sabem que a chuva é feita de almas.

Dessas que se encantam de tanto amar sem saber. Dessas que se transformam para compartilhar. Dessas que morrem para permitir a sobrevivência alheia.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Certas dietas são simples. É só cortar açúcar, frituras, massas, molhos, bebidas alcoólicas, pães, biscoitos... e os pulsos.

Voltando para a reeducação alimentar. Ainda na fase da rebeldia. Ideia fixa: Big Tasty. Desejo secreto: Acarajé. Por que, meu Deus, eu não penso em alface? Odeio alface. Bacon me faz feliz.
 
Depois de 15 maravilhosos dias voltei pra dieta, academia, privação, restrições e blábláblá.

Esse projeto delícia tá de lascar.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

- Ooooi. Te dei feliz aniversário? Ah, pra você também não? Então é que... O que eu estava falando mesmo?

Sofro de esquecimento crônico. Esqueço datas, acontecimentos e, pasmem, pessoas. Sim, pessoas e toda a história vivida com elas. Deveria ser objeto de estudo. Juro!

Já perdi tantos voos por tantos motivos que nem me aborreço mais. Confundi data de viagem, reportaram-me como desaparecida no Caribe. Fui pra aeroporto sem levar identidade querendo embarcar para a Argentina. Passaporte? Também não. Nada. Nem carteira, dinheiro, cartões.

Ah, teve a mala também. Segunda vez em Buenos Aires, agora não passo vergonha, pensei. Que nada. Comprando bilhete de táxi, o moço pergunta: quantos volumes? E, de repente começa a rir da minha cara de desespero ao perceber que havia deixado a mala na esteira e saído do desembarque.

E na Amazônia? É, na floresta mesmo. Levar dinheiro pra quê? Óbvio que iria encontrar um caixa eletrônico do Banco do Brasil a cada quatro seringueiras.

Pode parecer, mas não é próprio de aeroportos e viagens. Fiz, uma vez, minha mãe atravessar a cidade e me levar a uma locadora de veículos. Quando a mocinha pediu os documentos... Surpresa! Nada de carteira de motorista.

Tem, ainda, uma história estranhíssima de uma doação de sangue. Tentativa vã de fazer caridade. Depois de brigar com meia dúzia de atendentes do hemocentro que - inabilmente - não localizavam a pessoa pra quem eu deveria doar, alguém me liga pra dizer que eu estava no lugar errado.

E, por aí vai. Mas o mais esquisito é que tudo isso é restrito à vida pessoal. Sempre.
Objeto de estudo. Eu disse!

P.S: Esqueci de contar como esqueço das pessoas. Fica pra próxima, tá?
Hormônios são e sempre serão um mistério pra mim.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Fizeram uma nova calçada. Não pisei. Não achei justo pisar em alguém que acabou de nascer. Não piso em ninguém. Nunca pisei. Acho. Não é justo. Tenho esse senso de justiça arraigado em mim desde que me entendo por gente. Se é que entendo o que é gente.

O senso de justiça é humanitário. Serve para as agruras das massas. Num confronto? Umbiguismo! Quem entende? Nem eu. Contrapondo pontos de vista. Quem, realmente, entende?


Já escreveram tanto sobre o não saber que é até ridículo desperdiçar o tempo com isso. Mas mesmo com tanta literatura, trash ou não, continuamos não sabendo. E não saber não é triste, não é deprimente, é irritante!


Realidade

Você é linda. Especial. Inteligente. Interessante. Um metro e oitenta. Loira. Olhos azuis. Simpática? Muito! Sabe conversar. Se entrega. Se joga. Vive intensamente. Parece-me tão feliz. Mas, gatos? Por que gatos?

- Nunca fui bem tratada por gente!
No ritmo de Hava Nagila e numa vibe etílica-alcóolatra-louca a rádio que toca na minha cabeça, hoje, travou numa música estranha: Champa, eu tomo champaaaa, adoro Champa. Cham-pa! Cham-pa!  Pode? Faltou algum remédio! É certo que sim.
Economizando o bolso e gastando o fígado: Champa!

Tostines

Será que ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais ou sou preguiçosa e superficial?
Vida repleta de compromissos e vazia de sentido.

Seca como a seca

Segue o seco sem sacar que o caminho é seco 
 sem sacar que o espinho é seco
sem sacar que seco é o Ser Sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino

Ilusões.

Não faço nada. Ninguém faz. E nesse não-fazer-nada-fazendo-de-conta-que-faço é só tempo, espaço e cansaço. Esgarçando o método. Repetindo a ideia. Desistindo a cada recomeço.

Relutante, espero que Deus ex machina venha livrar-me do tédio. Da pouca disposição. Das correntes pesadas que fixam meus pés ao chão e me impedem de ir em frente.

Assim, sem caminhar, volto-me para o que já se foi. E lá está você. Longe. Perdido. Parado. Esperando Deus ex machina te salvar.

Te vendo assim, tão desolado, dá até uma vontade de te querer de novo. Pouca. Não vinga. Volto-me para o meu caminho. A minha inércia.

Onde erramos?

Onde foi que deixei cair esse vaso que, hoje, vaza toda a água? E, quebrado, impede a manutenção da vida. Quando foi que me tornei esse vaso que nada faz além de vazar?

Pra onde foi a certeza de uma vida cheia de possibilidades? Quando foi que me tornei oca, frívola, indiferente?

As maçãs murcharam no quintal antes de caírem do pé. Nem os pássaros quiseram. Perderam o viço.

A natureza desbota ao meu redor. Também as pessoas. E tudo seca. E morre. E eu morro em vida junto com o mundo seco.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Hoje

Meio feia. Meio burra. Um pouco gorda. Totalmente sem-graça. Cheia, cheia, cheia de hormônios!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Controle-se

Não é má vontade nem mau humor. Não sou a garota-enxaqueca de 2012 e nem ando por aí com uma nuvem negra em cima da minha cabeça.

Gosto de atenção, carinho, cuidados e preocupação. Adoro mimos. Juro! Sou delicada e muito, muito, muito sensível.

Mas trabalho, malho, faço fotografia, teatro, MBA, literatura chinfrim, visitas familiares, atividades religiosas e, às vezes, caridade.

Então, vamos lá, 38 mensagens em um só dia? Fala sério! É humanamente impossível de responder.

Doce tortura

Tomar vinho tinto no calor do deserto é para os fortes.
Brasília, 450º C, na sombra!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Mensagem

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened and that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger and that feels so rough
(Gotye)

Ia responder. Desisti. Até escrevi. Refleti. Apaguei.

Não é que você não mereça resposta, sabe? Merece, acredito. Mas não minha. Da vida. Confio na Lei do Retorno. Acho que é por aí.

Perdeu o timing até para desculpas esfarrapadas.

Não te quero mal.
Aliás, nem te quero.

Faltou dignidade. Hombridade. Sinceridade. E vários outros "dade" que você nem deve saber os significados.

Não vou perder meu tempo te dando lição de moral quando eu fui amoral. Contrariei meus instintos e olha só o que aconteceu!

Não vou te mandar me esquecer porque você já esqueceu. Essa frase da Clara Averbuck parece ser a mais perfeita de todas nesse momento.

No mais, ainda citando a Clara: Devolve a minha bola, meus brinquedos, meus livros, meus discos e minha pulseira de dadinhos que eu esqueci na sua casa da última vez, antes de a Pangea rachar. Ainda bem que essa foi a última vez que eu tinha pra te dar!
E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu...

Mentiras

Eu menti quando disse que não me importava com você. Menti deslavadamente quando afirmei que não te amava. E daí pra frente eu não parei mais de mentir.

Fingi ter esquecido como nos conhecemos. Simulei não saber como foi o nosso primeiro beijo. Neguei lembrar a primeira vez em que fizemos amor. Menti ao dizer que não lembrava do seu pedido de casamento.

A sua expressão atônita tentando me fazer recordar e eu aparentando indiferença a todos os seus atos.

Depois que você quis ir embora menti, dissimulei, disfarcei, escondi, mascarei. Menti, inclusive para o juiz, quando aleguei legítima defesa.

Inveja

Eu tenho inveja da vizinha. E não é pouca, não! Sento-me à mesa, na sala, com um cálice de vinho e a observo pela janela. Ela lava e estende roupas.

Eu programo a máquina para não centrifugar. Protelando, o máximo que posso, o momento em que terei de tirar as roupas do varal, dobrá-las e, então, estender aquelas que acabaram de ser lavadas. Eu tenho inveja da vizinha. Ela não parece ter preguiça.

Eu tenho inveja do vizinho. Ele cozinha todos os dias. Observo-o enquanto escrevo no escuro de sala de jantar. A janela é a minha televisão. Ele faz comida, senta à mesa, janta e depois ainda arruma a cozinha.

Eu peço comida por telefone. Troco jantar por lanche e, até mesmo, por pão líquido. Eu tenho inveja do vizinho. Ele, também, parece não ter preguiça.

Eu tenho inveja do gato do casal de vizinhos. Ele passa o dia na janela. Não trabalha. Não sai de casa. Mia quando está com fome. Ganha carinhos e afagos quando quer.

Ele é um poço de preguiça, assim como eu. Mas ao contrário de mim, não é obrigado a fazer absolutamente nada. Eu tenho muita inveja do gato do casal de vizinhos.
Só mais um ato. Só um e nada mais. Então acaba. A cortina cai. O escuro predomina. Aplausos. Mais e mais aplausos. Então o silêncio. E, verdadeiramente, o fim. Só mais um ato.

O espetáculo da vida em seus últimos momentos.


Curtinha

A curiosidade matou o gato. A mãe, a tia, os irmãos, o pai e, até, a avó do gato.

Por quê? Quer morrer também?

sábado, 8 de setembro de 2012

Ambiguidade

Algumas vezes a gente se sente idiota, outras a gente realmente é. Mas tem essas vezes, também, que nos fazem de idiota. Independentemente da origem da idiotice, se própria ou atribuída, essas vezes rendem boas histórias. Todas as vezes.

Exagerado

Jogado aos teu pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
(Cazuza)

Não venha com esse seu olhar condescendente de quem me viu cair diversas vezes, me recolheu e cuidou. Não venha com esse texto repetitivo dizer eu te disse, eu te disse, eu te disse. Não venha me consolar com palavras doces.

Não venha. Não toque. Não olhe.

Não quero afago. Não quero beijo. Não quero colo.

Sofrer e purgar a dor. Exacerbar o que não existe. Dilacerar a alma. Rasgar o peito. Isso é o que eu quero.

Transformar em mar o que nasceu e morreu pingo. Tempestade em copo d'água. É disso que eu gosto.

O poeta é um fingidor

Finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
(Fernando Pessoa)

As melhores palavras vem das gotas. De sangue ou de vinho, tanto faz. Cortantes. Lancinantes. Pungentes. A dor entorpece tanto quanto o álcool e traz à superfície o que há de mais puro no ser: a  verdade.

Engana-se, imensamente, aquele que diz que só fez porque estava bêbado. Perdoa-se, usualmente, aquele que fez por estar sofrendo.

Tira de mim a angústia. Leva de mim o sofrer. Pra quê o penar, se tantas penas já tive? O que aprender com dor que só faz doer?

Padeço, mais uma vez. Embriago-me outras tantas. Entre tropeços e quedas. Cicatrizes e feridas abertas.

Marcho vagarosa e continuamente.

Abster-me? Jamais!


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Fragmentos


I

Eu gostava daquele tempo em que escrevíamos um para o outro. Achava poético. Tenho uma queda por cartas. Talvez por não ter recebido muitas na vida. A gente sempre gosta daquilo que é mais difícil de conseguir, não é mesmo? O jogo da conquista permeia por todas as áreas.

Não durmo direito desde sábado. Ontem fiquei direto. Quero dizer, hoje! Ah, já nem sei mais. O fato é que são mais de 24 horas acordada e a minha cabeça não está funcionando muito bem.

A privação do sono da beleza faz com que eu fique mais lerda do que de costume, carente e faminta. Preciso de café, mesmo depois de dois energéticos. Preciso de conchinha. E não tem. Preciso mesmo é de um Big Tasty.

Você já reparou como a minha vida é feita de excessos? Pouco provável. A sua é assim? Ou você é uma pessoa mais comedida? Ah! Ontem teve evento. Foi tão interessante. Teve entrega. Até eu falei, acredita?

Lembrei de outra coisa!!! Ficava arrasada quando você respondia meus e-mails enormes com uma só palavra.

Bom, o assunto é a carta do dia. Então, aí vai.

Abrir-se ao novo é importante!

Este momento é propício para que você abra seu coração para o conhecimento de pessoas novas que surgirão, revelando novas possibilidades afetivas. Isso não significa necessariamente que você tenha que abdicar do velho em sua existência, nem que tenha que cair na farra de uma forma excessiva, mas que talvez seja necessário que você atente para o fato de que curtir com outras pessoas pode oferecer uma perspectiva nova, que até mesmo melhora suas relações antigas. Isso não implica em obrigatoriamente fazer sexo ou namorar outras pessoas, mas no mínimo sair com outras figuras, conversar com gente que gosta de você (até mesmo apenas amigos) e ter uma melhor perspectiva de si através do olhar dos outros. Converse com as pessoas, ouça o que elas têm a lhe dizer, permita-se perceber como uma pessoa sedutora e querida. Ainda que você não faça nada, não deixa de ser uma experiência boa para o seu ego.

Gostei!

II

Não comentarei a sua resposta!

Fiquei curiosa sobre a carta. Já tirou?

Às vezes eu queria ser mais como você e menos como eu. Dando uma de irmão mais novo: tudo que ele faz dá certo! Dando uma de Marisa Monte: eu faço tudo pela metade.

Sinto saudades de você. Quero ir pra sua concha, mas talvez não seja o momento. Agora é o seu tempo de trabalhar em trezentos projetos feito um louco e criar e produzir e acontecer. Se precisar de mim, estou disponível. Não é todo dia que tenho compromisso de meia-noite às seis. Então, dá pra marcar!

Adoro a Berta, porém ainda penso que ela deveria ter morrido. Seria mais dramático. Gosto de dramas. Melodramas. E qualquer coisa que faça chorar.

Continuo implicada com os ternos ambulantes. Não consigo ver pessoas dentro deles. Apenas arquétipos.

Um vazio infinito se aproxima de mim. Falta paixão. Aí vem a inércia. Claro! Sou movida a paixões e se elas não acontecem, procrastino a vida. Aguardando um novo instante de encantamento.

E, por fim, descobri mais uma imperfeição, mas não vou escrever sobre ela agora. Aliás, talvez não escreva sobre ela. Nunca.

Essa desendoidadora de gente ainda vai me deixar louca.

Conta mais sobre você?
beijos,

III

Um dia é da caça e o outro é de quem? Da puta que pariu, isso sim! Desculpe-me. Não deveria ter saído da cama hoje. Não deveria um monte de outras coisas, mas fiz também. E foi uma sequência sem fim de pequenos desastres.

Febre, garganta arranhando e dores pelo corpo. Ainda era madrugada. Por que não aprendemos a interpretar os presságios, como faziam os antigos? Insisti. Fiz-me aguerrida (odeio ênclise, juro!) Por fim, pensando neste exato momento, fui apenas tola.

Passei na gráfica de manhã cedo. Peguei a caixa de livros. Burro de carga. Ninguém para levar até o carro. Reunião até meio-dia. Louca pra ver se tinha dado certo. Viajei nos números. Usei as frases mágicas. Conhece?

- Podemos averiguar melhor, é claro.
- Faremos um plano de ação para corrigir a situação.
- Entregarei amanhã, sem falta!

Existem várias outras. Preguiça. Três eram suficientes. E pertinentes. Não ria de mim! Você também tem seus dias...

Ah, sim... o livro. A capa ficou perfeita. Te mostrei, né? Já o miolo, o recheio... Que situação!!!

Cheguei às 19h, tomei dois uísques de uma vez só. Um pra curar o cansaço e o outro pra combater a timidez. Fiz certinho? O bistrô estava lotado. Circulei e distribuí sorrisos. Sentei onde indicaram.

O primeiro que veio até mim era um desconhecido. Arrisco-me a dizer que era um transeunte desavisado atraído pela bebida grátis. Deve ter comprado o livro por compaixão.

Bom, perguntei o nome, abri e já ia começando a escrever quando notei que aquela dedicatória IMPRESSA não era minha.

Maldita hora em que resolvi te escutar e escolher a gráfica mais barata.
Maldita! Maldita! Maldita!

P.S.: Nunca mais conversarei sobre isso. Assunto encerrado. Responda-me com o seu horóscopo da semana, se quiser.

IV

Um mês não é tanto tempo assim, vai... Você merecia O Silêncio Eterno. Pense bem! E não adianta mandar a definição de livre arbítrio do Houaiss. Amigo deve aparecer com soluções nas horas de dúvidas. Assunto encerrado, ok?

Por falar em amigo, lembra do Biscoito? Assumiu, acredita?

Não quero ouvir: eu te disse, eu te disse, eu te disse. Já passamos dos trinta, viu!
(você muito mais do que eu)

Assumiu bem assumido mesmo. Mas não é bem isso que eu quero te contar. Fez uma festa à fantasia pra comunicar todo mundo. Fui de Cruela. Não encontrei nenhum dálmata. Tomamos todas. Fiquei sabendo que a coisa rolou até amanhecer. Parecia anos 80 ou 70, sei lá. Seis horas da manhã e aquele monte de bêbados na piscina.

Nem precisa perguntar nada! Fui embora de carona com a Sofia, às duas, tá!

Aí, um mês depois, descobriu que ia ser pai. Agora quer voltar atrás. Casar com a menina na igreja e tudo. Disse que a declaração era uma pegadinha, só pra testar se os amigos o conheciam mesmo.

O pessoal fingiu acreditar. Achou graça. Fez piada.
Ele ri sem-graça.

Eu acho triste.
O que você acha?

IV.2 (gentileza ler antes de IV)

Ah! Antes que você diga que começo o assunto pelo meio, vou explicar a história do Biscoito. Aliás, do apelido dele.

A mãe do Biscoito é europeia (nem adianta perguntar de onde). O pai, a irmã e ele são brasileiros, mas se acham a “nata do primeiro mundo”. Ele até diz que é europeu também, mas nunca conseguiu nada. Passaporte, cidadania, nada!

Pior... nunca saiu do Brasil. Nunca, nunca, nunca viajou de avião!
Um dia, depois de ouvir trocentas piadas com a sua suposta cidadania europeia, saiu com essa:

- Gato que nasce dentro do forno é biscoito?

Fala sério! O cara nasceu em Quixeramobim, veio pra cá de ônibus, mal fala português corretamente e ainda quer tirar onda?

Virou Biscoito!

V

Besteira sua confundir meu e-mail - completamente - mexeriqueiro com ataque pessoal.

1º - Não sou preconceituosa;
2º - Você não é o único homossexual do mundo que tem filho;
3º - Não falei de nordestinos;
4º - Não generalizei absolutamente nada;
5º - Não depreciei a imagem de Quixeramobim e, muito menos, a dos Quixeramobinenses.

Se você tem problemas em relação a sua história de vida e até hoje não resolveu é melhor mudar de desendoidador de gente. Parece que o seu não é muito bom.

Cheguei em casa louca pra te contar sobre a farra gastronômica que fiz sexta-feira passada. Perdi a vontade.

Passar bem!

V.2 (se não tiver lido o V, apaga. E apaga esse também. Sem abrir, de preferência)

Desculpa! Não era pra ser assim. Não foi pra isso que eu comecei a te escrever. Não era essa a intenção. Juro! Vamos parar de brigar? Por favor?

Sei que sou implicante, mas tenho ternura dentro de mim. É que ela fica escondida, bem lá no fundo. É como procurar uma florzinha no saco das cobras e lagartos.

Não existe essa expressão, né? Eu sei. Achei a imagem divertida.

beijos,

VI

Então...

A terapeuta disse a mesma coisa que você. Disse que fujo dos temas importantes e me perco em banalidades. Voltamos, portanto, ao início. Voltamos à estranheza que a vida dos comuns me causa.

Eles andam, conversam e até pensam, eu acredito. Eu não me conecto. Não entendo. Não me insiro. Não sustento. Não me misturo. Sinto-me alheia o tempo inteiro. Representando um papel. Uma personagem. Uma mera figurante. Só existo quando estou só.

Você também se sente desse jeito? Será que existe mais gente que passa por isso?

Ela - a terapeuta - falou também que o nosso vínculo me faz mal. E que me torna ainda mais introvertida. Não sei se é verdade. Prometi não te escrever mais. Mas se não escrevo, penso. Imagino, a cada situação, o que você responderia. Qual seria sua análise. Seu conselho. Direcionamento.

E, no fim da noite, sozinha em meu quarto, não resisto. Volto a escrever. As cartas diminuem a angústia. Suas respostas me acalentam, ao menos no momento em que chegam. Mesmo quando brigamos. Nunca tive alguém tão íntimo. Parece que você faz parte de mim.

"Gosto e preciso de ti, Mas quero logo explicar, Não gosto porque preciso. Preciso sim, por gostar."
(Mário Lago)

A citação pode ser considerada uma declaração de amor. Assim, pode-se dizer que sei expressar sentimentos. Não sou tão fria, tão alheia, tão indiferente quanto pensam. Sei me relacionar, apenas não faço questão. Tenho você, não é verdade?

VII

Responde, por favor.
Responde!

Eu não concordo com a terapeuta, juro. Continuo indo lá porque a minha família me obriga. Escreve alguma coisa. Diz que...

Diz qualquer coisa, vai...

Suspeitava que se te contasse a visão dela você sumiria, mas temia que fosse verdade. Acho que é uma espécie de premonição. Sinto quando algo errado está para acontecer.

Nesse tempo de silêncio, relembrei todas as nossas conversas. Refleti. Entendi que não devo ser tão exigente comigo e nem ter expectativas em relação aos outros. Minhas decepções estão sempre relacionadas a uma ou à outra. Exigência e Expectativa. Assim, com letra maiúscula, pra dar medo mesmo.

Sinto sua falta. Sabia que você é o mais próximo que eu tenho de uma relação real nos últimos 5 anos? A terapeuta indicou um médico. Psiquiatra. Remédios. Não entendi porquê. Tinha certeza que teria alta na sessão que ela sugeriu isso. Minhas premonições só funcionam com coisas ruins. É incrível.

Mas chega de falar da terapeuta. Quero saber de você. O que tem feito. Onde tem andado. E do juízo que você faz de mim!

Sinto-me vazia sem suas palavras.
Não vou desistir fácil.

Volta.
Responde.
Por favor.

VIII

Tenho feito tantas coisas diferentes que acabei esquecendo de te escrever. Enfim, parei de implicar com a terapeuta. Ela tem umas boas ideias. Devo confessar que até a indicação do psiquiatra veio a calhar. Estou mais disposta, mais alegre, menos reclusa.

Fiz amigos, acredita? Não podemos sair juntos, pois nos conhecemos na sala de espera do psiquiatra. Ele proíbe. Mas nos dias de consulta, chego mais cedo. Ou bem cedo mesmo. Outro dia fui às 8h. Saí pra almoçar 12:30 e voltei com um sanduíche 15 minutos depois. Minha consulta era às 17h.

Não, não ganhei uma mania de números. Apenas gosto das coisas bem explicadinhas. E, sim, continuo respondendo tudo por você, antes que você diga qualquer coisa. Essa sim, é uma mania.

Ainda sinto sua falta. Ainda desejo seus conselhos. Ainda me lembro de você quase diariamente.

Eles dizem que vai passar. Resigno-me a esperar. Digo que explica, mas não justifica.

Choro. Calo. Entendo.

Entendo, agora, que você não existe. E nunca existiu. Entendo que te criei num momento que precisava de muito apoio. Entendo que você não é nada além dos meus desejos projetados e personificados numa figura protetora. Entendo tudo isso. Entendo, até, que você nunca vai ler essa carta. Mas acho digno te explicar tudo o que aconteceu. Serve - eu acho - pra você não me criar em busca de apoio se ficar triste como eu fui um dia.

Só não entendo porque dói tanto me separar de você. Ficar aqui nesse mundo real sozinha, enquanto na ficção tenho suas palavras acalentadoras. Espero entender. Um dia.

Beijos,

Confissões

Eu bebo demais!

É isso...

Confissões

Ouvi dizer por aí que existe gente que tem pensamentos catastróficos. Funciona mais ou menos assim: quando está passando por qualquer situação corriqueira, imagina logo um destastre.

Se está em um elevador, ele cai. No avião, explosão. No carro, acidente grave. E por aí vai.

Nunca tive imaginação para isso. Mas para pensamentos ridículos, sou a personificação da criatividade. Certeza!

Concebo atos estrambólicos num piscar de olhos na minha mente. E sou, sempre, a protagonista. Aquela que se expõe. Merecedora eterna do escárnio alheio.

Talvez pela mecânica desconhecida da profecia auto-realizável alguns desses pensamentos materializam-se.

Exemplos?
Não!
Já confessei demais...

Confissões

Eu sou feita de um material que já se extinguiu. Se você não me entende, não conhece e nem procura aprender, quem perde é você.

Adoro Caetano, principalmente, quando ele diz Me larga, não enche, você não entende nada e eu não vou te fazer entender... 

Seu eu lhe incomodo, afaste-se. Essa não deve ser a primeira vez que você ouve isso e, se insistir, não será última.

Eu jamais gostei de você.

E hoje é o dia...

Internacional de Reclamar do Alheio!

Esse alheio que não respeita fila, bloqueia passagem no trânsito, grita ao telefone no elevador, atende mal e pensa que está fazendo favor, quer levar vantagem em tudo, interrompe quando outro está falando, mente, ludibria, enrola, esconde, engana.

Indigne-se! Reclame! Impeça-os!

Mas, por favor, não se torne um deles. O "velho ditado", neste caso, não é válido. Se não pode vencê-los, não se junte à eles. Continue tentando. Adira (adoro palavras horríveis) à Campanha pelo Respeito.

Diga NÃO à falta de educação!


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

domingo, 26 de agosto de 2012

Saudades

E, de repente, você se fez luz. Virou um pontinho no céu que brilha, brilha, brilha e não faz mais nada além de brilhar. Não que eu saiba, ao menos.

Não me liga mais pra conversar assuntos intermináveis. Não me dá dicas de como me livrar de estrangeiras mal educadas. Não me irrita. Não me perturba. Não dá colo ou carinho. Não me sabe mais. E nem eu te sei.

Um último ato sem aplausos. Plateia estarrecida. Muda. Compartilhando a expectativa de algo mais.

Não teve mais. Você se foi. De improviso. Imprevistamente. Inesperadamente.

Embora, dizem os antigos, vem de "em boa hora". Não concordo. Má hora, essa que você partiu. Logo quando aprendi a te amar.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Carta de Adeus ou Coração Partido ou Frangalhos

Escrevi isso pra você faz umas semanas.

A nossa proposta de ser leve, tranquilo, pareceu-me, parou de funcionar.

Estou muito machucada. Doída. Sei que nunca foi sua intenção, mas me magoou demais.

Não aguento mais mentiras, ser deixada de lado. Acho que cansei de ser tomate de fim de feira. Última opção.

Se me dissesse que eu era só um almoço, teria escolhido aceitar ser isso ou não.

Mas me iludiu. Eu me iludi também, porque escolhi acreditar em você.

Então, escrevi essa carta de adeus. Boba, eu sei, como você sempre disse.

Carta de Adeus

Você disse que eu tinha importância na sua vida e que gostava muito de mim. Mas suas atitudes demonstram exatamente o contrário.

Sou "adiavel", "cancelavel" e facilmente "esquecivel". Se não te procuro, sou ignorada.
Parece que você se cansou, mas não quer dizer.

Realmente acreditei que tínhamos aparado as arestas. Resolvido o assunto. No entanto, só te dei mais meios pra me machucar.

Após dizer que me sentia em último lugar nas suas prioridades, você concordar e responder que iria demonstrar o que sentia por mim, achei que você ficaria mais próximo e atencioso.

Pelo contrário, mostrou-me que qualquer coisa do seu dia a dia é mais importante do que me ver. 

Pior do que isso, só as mentiras, as desculpas esfarrapadas. Você me faz de idiota e eu sou mesmo idiota, porque aceito.

Assim, só posso entender que não sente mais nada. Talvez, nem respeito.

Você está sendo cruel comigo enquanto continuo sincera e aberta com você.

Não queria me afastar de você. Mas você já se afastou de mim. E eu fiquei sozinha, vivendo uma ilusão, esperando migalhas de atenção.

Então, para você ficar tranquilo: digo que não te procuro mais. Vou me ocupar de juntar meus cacos, colar meus pedacinhos e te esquecer.

domingo, 19 de agosto de 2012

As férias do Gato

O gato passou 8 dias no hotelzinho de gatos. Surpreendeu o veterinário por comer demais. Atacou os outros gatos e, até mesmo, os veterinários. Deu crise de ciúmes. Miou horrores. Ficou em isolamento completo.

Depois de três dias, transformou-se num mimo só e encantou a todos. O Igor é muito temperamental.

Fui buscá-lo e já saí com recomendação para a ração nova.

- Olha, ele A-DO-ROU a ração! Pode comprar que vai dar certo.
- Ok, quanto custa?
- Um pouco menos do que caviar importado.
- Ah.. claro.
- Leva o pacote de 9kg que fica mais barato. Do jeito que ele come, não dura dois meses.
- Aceita cartão?

E não é que o fofo resolveu perder o apetite assim que chegou em casa?
Adoro quando ele faz isso!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Confissões

Eu tenho essa coisa de não. Assim mesmo. Não nada.

Não dizer. Não sofrer. Não doer. Não querer. Não amar. Não falar. Não gostar. Não doar. Às vezes, nem dar. Não permitir. Não perdoar. Não esquecer. Não sentir. Não ouvir.

Chega a invadir o campo das necessidades básicas. Não comer. Não dormir. Não beber.

E vivendo de nãos eu vou não vivendo por aí. Sem notar a mudinha que cresceu, virou árvore e agora não me dá sombra ou frutos.

Sem percerber a experiência que passou, não me marcou e muito menos me ensinou coisa alguma. Sem reparar em você que me quis, me amou e não teve retribuição alguma.

Ilibada. Intocável. Imaculada. Incontrita. Desarrependida. Nem alegria, nem tristeza. Desapaixonada. Sem amor ou adoração. Nada. Sigo repleta de nãos.

Insípida. Morna. Tranquila. Equilibrada. Tépida. Monótona. Em transe.

Eu tenho essa coisa de não viver.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Confissões

Duas horas da manhã e nem perspectiva de sono. Aquele encontro desordenou meus pensamentos.

Patético! É isso que ele deve estar pensando. Como explicar?

Se eu não tivesse topado. Se eu tivesse ficado em casa. Se, ao menos, eu não tivesse bebido tanto. Se isso. Se aquilo. Se...

Três e meia. Salsicha na frigideira. A cabeça fritando. O corpo rolando de um lado pro outro na cama.

São confissões, moça? Não posso desabafar? Eu... Eu só queria conversar mesmo. Contar essa história. Pedir uma opinião. Duas, quem sabe...

Foi tão de repente... Ele estava indo embora, joguei meu celular na mesa, disse assim: anota seu número aí... Just in case..

Just in case, imagina? De onde veio isso? Absolut... Só pode!

Pior... Mandei mensagem. Ele respondeu dizendo que meu radar era bom, mas tinha namorado. E deu o telefone pra quê?

Mequetrefe!

Eu sei que isso não é uma confissão, mas eu vou chegar lá.

Isso foi no final de semana. Acordei cedo na segunda-feira com esperanças de um dia fantástico. Nada poderia ser pior do que o fora, a cantada malsucedida. Nada.

Aliás, apenas uma coisa poderia ser pior. Dar de cara com ele na faculdade, no primeiro horário, na minha sala.

Óbvio que foi exatamente isso que aconteceu. Deus é um roteirista de Sitcom e faz pilotos com a minha vida. Daqueles que já vem até com a risada, sabe?

Taí a confissão: dou em cima de desconhecidos quando bebo e me arrependo depois!

Pouco? Não entendi. Como não é uma confissão? Ahn? Se rolou alguma coisa? Não, moça...  Isso eu não posso responder.  Uma confissão. Só uma.

sábado, 11 de agosto de 2012

Eu tenho a manha...

Ontem, no aeroporto, passando na porta detectora de metais: apita, volta, apita, volta, passa o detector no corpo e nada de descobrir o que era. A coisa estava apitando até pro meu olhar.

- Moça, se apitar com piercing eu não mostro.
- Eu é que não quero ver!

Rimos.

- Passe de novo pela porta.
- Ok.

PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

- Tire o calça$%&, por favor.
- O QUÊ??? A CALÇA???

Como é que eu vou andar no aeroporto sem calça? Pensei já em pânico.

- O calçado, senhora.
- Ah, tá...

A mocinha ficou olhando e segurando o riso. Para piorar, não vi a cadeira escondida atrás de um móvel papa-isqueiros e sentei no chão pra tirar o tal do calçado.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A vida é um rascunho.

Do Alheio

Calcei teus sapatos, como disse que jamais desejaria.

Calcei teus sapatos e te convidei para dançar, mas dancei sozinha. Sabia que a música era só minha, ainda assim, calcei teus sapatos e inventei melodia, como disse que não mais faria.

Calcei teus sapatos e me fiz menina que inventa passo, que dança solta, que desatina, calcei teus sapatos e dancei leve e linda como imaginei que não mais seria.

Calcei teus sapatos e estendi os braços mesmo sabendo que os teus não estenderias, calcei teus sapatos e rodopiei como pensei que não mais saberia.

Calcei teus sapatos e esperei teu abraço que faria de mim a bailarina que sonhei, mas tu não a querias.

Então tirei teus sapatos e segui descalça, como sempre soube que seguiria.

(Patrícia Antoniete - Ticcia - http://www.naodiscuto.com/)

sábado, 4 de agosto de 2012

Surpresas

Ligação no meio da noite sempre traz algo inesperado. Na maioria das vezes desagradável, mas como saber, sem atendê-la?

- Sério? A gente não se vê faz tanto tempo que nem lembro mais do seu rosto. Vou pegar uma foto e fazer aqueles envelhecimentos no computador, pro caso de não te reconhecer quando chegar no aeroporto. Tô meio sem jeito, sem saber o que dizer, o que fazer. Acho que perdi o mojo, sabe?
- Não é por aí, meu bem. Eu estou com saudades, você também. Vai dar tudo certo. Acredite!

21h. Em pé no saguão. Segurando a fotografia com as mãos trêmulas. Não, ele não foi meu grande amor. Não foi o maior dos meus casos e nem o abraço que eu nunca esqueci. Teve um papel importante em determinado momento na minha vida. É especial ainda. Carinho. Acho que é isso.

Ele chega com meia-hora de atraso. Uma barriga muito maior do que a esperada. Menos cabelos. O mesmo andar. O mesmo olhar. E o jeito canalha que sempre me divertiu.

Algumas horas depois e somos os mesmos de antes, mas melhores. Sem crises. Sem cobranças Sem grandes dramas. Se houvesse um concurso de noite perfeita, essa seria imbatível, pensei. Mas Murphy não perdoa ninguém.

- Meu bem, eu tenho que ir.
- Ahn?
- É. Tenho que ir embora.
- Você viaja seis horas de avião até aqui pra me ver e não vai nem passar a noite?
- É que... - pra ser sincero - eu não vim te ver. Tinha uma conexão mais longa e te liguei pra matar o tempo.

Surpresa...
Nem sempre tão doce quanto o chocolate.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Confissão (agora própria)

Sempre pensei em banho de Champagne como algo comemorativo, feliz. Associava à vitória, conquista. Sei lá.

- Não, Igor, não é assim. Eu e o laptop não gostamos de banho de Champa nesse frio, perto da meia-noite e - muito menos - depois de limpar a casa!

Confissões

Sou alucinada por gostos desde pequena. Gosto de descobrir novos paladares. Nem sei quando isso começou, mas é uma necessidade. Preciso de novos sabores para poder viver. Doce. Azedo. Amargo. Salgado. Ácido. Picante. Acre. Umami?

O que mais me interessou, até hoje, foi o salgado. Aliás, o sal. A flor do sal. Rosa. Cinza. Grosso. Preto. Refinado. Com ervas. Puro. Simplesmente sal. Ou salso. O sal me encanta.

Tenho uma relação muito particular com esse sabor. É algo que me acompanha desde a mais tenra idade. Pode parecer estranho, mas minha mãe colocava uma pitada de sal no leite. Nunca mamei no peito. Era mamadeira com sal ou choro.

Sou capaz de abrir mão do chocolate belga mais fino que existir por uma mera coxinha de beira de estrada. É assim, juro!

De uns tempos pra cá, tenho catalogado tudo que consigo experimentar. E testo de tudo um pouco. Faço fichas. Guardo, inclusive, pedacinhos da prova em pequenas embalagens plásticas presas às fichas.

Um luxo! Pode acreditar. É, praticamente, uma biblioteca gustativa. Dos mais simples aos mais estranhos. Pode-se encontrar uma variedade (quase) infindável. Exagero, sei, mas já possuo uma gama de sabores de dar inveja em qualquer Chef renomado.

Você deve estar pensando em pratos finos. Ou, talvez, um festival de comida de boteco. Frituras. Empanados. Marinados. Assados.

Não é por aí. Não é isso. O sal está em tudo. Suor. Urina. Lágrimas. Tudo. Adoro! Mas nada, nada mesmo, se compara a meleca do nariz, confesso!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Confissões

Eu contei isso uma vez. Faz muito tempo. A pessoa era minha amiga. Muito amiga, sabe? Daquelas que a gente diz que é unha e carne. Acabei me arrependendo.

Ouvi o que não queria pelo resto da amizade. Não digo pelo resto da vida porque ainda vou viver muito. Já a tal da amizade, acabou. E acabou por causa da confissão.

Li, um dia, que se nem a gente que é dono do segredo consegue guardar, não deve exigir isso dos outros. Entendi. Mas, ainda assim, não justifica o que ela fez comigo. Eu confiei. Confiei de verdade. E confessei.

Não durou muito tempo a promessa de silêncio. Não vou dizer que foi na primeira oportunidade porque estaria mentindo. Sou rancorosa, mas justa. E, também, não é porque a pessoa me agravou que vou sair fazendo discurso maldoso.

Ela tinha qualidades. E defeitos. Como todos nós, não é? Só não precisava ficar me cutucando. Lembrando da minha... da minha deformidade moral.

Não sei bem pra quê eu fui contar. Acho que foi o álcool. A fantasia de uma afeição eterna. Criou um clima de cumplicidade e tal. Aí, eu fui lá e abri minha bocona enorme. Falei mesmo.

Não tenho orgulho de ter falado. Só remorso mesmo. A questão é que eu tenho dificuldade em dar continuidade ao que começo. E morro de vergonha disso.

Sinto-me um fracasso. Uma desistente. Não entendo porque isso acontece, mas é sempre do mesmo jeito. Eu começo e

Confissões

Tem certas imperfeições que a gente não confessa pra ninguém. Esses defeitinhos causariam grande estrago na auto-estima caso fossem revelados para as amigas, analista e, até mesmo, Deus. É verdade. Tem coisas que não dá pra compartilhar nem com Ele.

Mulher é bicho esquisito, dizem por aí. E, parece-me, que mais suscetível e dada a esses acanhamentos. Imagine, então, uma mulher declarar que ronca ou tem chulé?

Praticamente impossível. Cena de filme, eu pensaria, baseado em fatos completamente inverídicos.

Pois é esse o caso. Ré confessa. Eu tenho bromidrose nos pés. Enfeitei, não é mesmo? Procurou no Google? É isso. Chu-lé!

Suor excessivo. Suor excessivo causado por nervosismo, às vezes.

E se a confissão terminasse por aqui o vexame era mínimo, mas não. Nada na minha vida tem proporções mínimas.

Bar da moda, pretinho básico, meia 7/8, scarpin  escândalo. Visualizou? Figurino perfeito, devo admitir.

A imagem no espelho era tão agradável que resolvi ser generosa. Esticada de happy hour para danceteria. O mundo merecia me ver!

Nem meia-hora de Rebolation e surge um pretê interessante. Aprovado em todos os quesitos.

Carona com direito a beijinhos de despedida.

- Aceita um cafezinho?
- A essa hora?
- Você está com sono?
- Nadinha...
- Então... Sobe?

Aceitei. Preciso descrever as cenas seguintes? Acho que não.
Talvez... talvez apenas uma.

- Deixa eu tirar esse seu sapatinho pra você ficar mais à vontade...
- NÃO!!!!!
- Ahn?
- É... é... é fetiche!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cúmulo da Vergonha

Vergonha mesmo não é ficar deslocada na academia, não saber usar os aparelhos e confundir esquerda com direita nas aulinhas de Jump.

Não, vergonha não é isso...

É ser tão perdida, tão desligada, tão distraída a ponto de usar o banheiro masculino e não entender porque todos os outros alunos estão olhando!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Momento Garota Enxaqueca

Está frio e minha preguiça anda acima da média. Projeto delícia durou 5 dias. Tenho tido oscilações de humor inexplicáveis. Vontade de comer todos os Big Tasty's disponíveis no mundo. Sono. Consciência pesada. Esqueci os compromissos da semana. Dormi pouco. Bebi muito. Comi mal. Ainda é quarta? Jurava que tinha acabado. Credo.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Usar

Um vestido. Uma cor. Uma camisa. Um carro. Uma colher de pau. Um creme. Um tempero. Maquiagem. Passagem. Livro. Caneta. Computador. Banco. Restaurante. Serviços. Coisas. Apenas coisas. Pessoas, não!

Entender. Lembrar. Anotar: não usar as pessoas.

Li no outdoor. Ou foi em um para-choque de caminhão. Ou em uma porta de banheiro. Internet, talvez. Devemos aprender a amar as pessoas e usar as coisas e não amar as coisas e usar as pessoas. Achei importante. Anotei em algum lugar.

Amo meu iPhone, mas isso é diferente. Existem pessoas reais que, praticamente, moram ali dentro daquele telefone. Encontro, vejo, converso, sei dessas pessoas ali. Só ali. Interação diária. Companheirismo. Sinto-me, até, preocupada quando não aparecem. Nem um check-in? Preocupação genuína! É relacionamento interpessoal, não?

Amo, também, o meu carro. Mas é pelo fato de ele me levar até as pessoas. Os lugares. Carro, nesta cidade, é muito importante. Não sei o que faria sem ele. Como chegar onde devo ou quero, no tempo em que preciso? Carro! Então, é justificável também.

Gosto de viagens. Presentes. Bons restaurantes. Roupas da moda. Gosto muito de brindar meus queridos com pequenos mimos. Quem não gosta? Assim, amar o próprio dinheiro não é condenável, eu creio.

Entender. Lembrar. Anotar: não amar as coisas.

Suponho que vou bem no meu propósito.

domingo, 15 de julho de 2012

Da família

- Vou sentar ali pra não dar as costas pra vocês.
- Anjo não tem costas, querida.
- É, abacaxi também não.
Prepare-se para o fracasso. Para o sucesso, todos já nascemos preparados.
Marina Colasanti

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Partir

Partiu um coração. Dois. Três. Partiu o vaso, os pratos, o som, a TV. Por fim, partiu a cara do coitado. Barraqueira sim, chifruda nunca! Respeito é bom e eu gosto, costumava dizer. O moço não acreditou. Se deu mal. Muito mal.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Partir

Junte suas tralhas que eu não suporto ver o que lhe pertence no meu território. Recolha tudo antes que eu vire a banda e ponha fogo nas suas roupas, nos seus livros, na sua cara engomadinha de menino mimado.

Leve o seu azedume, seu jeito pedante e essa empáfia que lhe é tão peculiar. Sumam daqui, você e  a sua presunção. Pegue a sua vaidade e vá pro inferno com ela.

Afaste-se! Vá embora do meu corpo. Da minha cama. Do meu apartamento. Desocupe meus pensamentos que eu tenho mais o que fazer. Largue a minha vida, pois ela é só minha.
Nada sua, entende?

Segure o fôlego. Não inspire. Não expire. Não compartilharei mais o meu ar com você.

Retire-se daqui, mas deixe a porta aberta que eu preciso lhe ver partindo. Quero ter a certeza de que você não voltará.

Se fraquejar, se restar qualquer dúvida sobre o caminho a seguir, olhe pra trás. Veja meu sorriso. Sinta a minha felicidade. Não se pergunte o motivo. Te digo. É por me ver - finalmente - livre de você.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 3 de julho de 2012

Partir

As horas não passam. Olho o relógio: 22:37. Uma hora depois, olho novamente: 22:43. Os minutos escorrem lentamente. O tempo não faz sentido. É apenas uma sensação. Nada faz muito sentido depois que você se foi.

Não faz sentido procurar seu olhar na multidão. Correr atrás de desconhecidas. Pedir desculpas ao tocar um ombro chamando o nome errado. Corar e querer correr. Chorar em público. Gritar.

Simulacro de mim mesmo. Depois que você partiu a comida perdeu o gosto. O céu é cinza. Os dias são cinza. Todos os dias. Cinza. A bebida não tem gosto. Entorpecimento não faz sentido. Acalma a alma e só.

Não me surpreendo pensando em você. Nunca. Penso todo o tempo em que estou acordado. E rezo pra dormir logo. No sonho, conversamos. No sonho te toco. No sonho sou eu. No sonho tenho você ao meu lado.

Você foi embora e me deixou o vazio. A dor. A solidão. O frio. A tristeza. E um maldito medo de altura. Nem em escada eu subo mais.

Repasso os momentos. Felizes. Tristes. Todos. E, invariavelmente, a última cena se repete. E fica gravada na memória. E se repete mais uma vez. E outra. E de novo.

Uma janela.
Um corpo.

22:48.

Habilidades

O gato, que deveria mesmo era aprender a passar roupas, descobriu como abrir o armário. Roupas, meias e sapatos passeiam pela casa e param no chão da sala.

- Bonito isso, hein Igor!

Sonho meu


Sonho meu, sonho meu 
Vai buscar quem mora longe 
Sonho meu 

Busca aquele que se perdeu e se materializa em devaneios. E desaparece com a realidade. Faz a alegria vadia presente novamente. Guia o meu sorriso de volta ao seu lugar. 

Preenche o vazio. 
Completa as lacunas. 

Atrai. Conduz. Mantém. Conserva. Produz.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Deus é real

E criou a semente de aroeira para provar sua existência aos humanos.

Anti-diarrética, antileucorréica, adstringente, balsâmica, diurética, emenagoga, purgativa, estomáquica, tônica, antiinflamatória, fungicida, bactericida e MUITO gostosa!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Agora?

Salve-se quem puder. E ninguém me salvou. Quem abriu a boca na hora do ataque? Quem testemunhou? Quem tomou partido? Quem ficou?

Salve-se quem puder. Nenhuma explicação quando começou a enxurrada de aporrinhações. A vida passando na janela, nas esquinas, no metrô. Em todos os lugares, menos aqui. Na minha cara.

Salve-se quem puder. A frase se repetindo. E ninguém me estendeu a mão. Enquanto eu tropeçava, caía, me arrastava. Enquanto eu limpava o sangue seco e lambia minhas feridas cobertas de pus.

Salve-se quem puder. E eu não pude. Por muito tempo não me salvei. E nadei contra a maré. Acreditando que assim faziam os bons. Os puros. Os inocentes. Não me afoguei por pouco. Sorte, talvez.

Salve-se quem puder, você disse.

Hoje dura. Fria. Impassível. Você vem, estende a mão, oferece colo.

Agora?

sábado, 16 de junho de 2012

Projeto delícia

Academia de julho a dezembro. Todos os dias. Acredita? (...) Nem eu.


Arrependimento

Amor meu, também conhecido como Igor, há três dias só dorme embaixo das cobertas. Enroladinho. Não sai da cama. Se pudesse, colava o pelo dele de volta. Bem que a veterinária avisou.

- Gato, minha filha, não se tosa!
Não me apaixono por pessoas, mas por ideias.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Faxina... à luz de velas?

Tá. Entendo que tirar onda porque faço faxina tomando Champa não é uma atitude super "cool" com o resto dos mortais, mas não precisava acabar a luz, né!

CEB, sua linda, dá uma força aí!
Afinal, os castiçais ainda estão dentro das caixas de mudança.

E hoje é dia de...

Faxina de luxo!

Quer a receita?

Vá ao supermercado e compre:
- lysoform;
- limpador para pisos;
- pano de chão;
- vassoura bola;
- sabão em pó;
- limpador para banheiro;
- desengordurante;
- esponja;
- escova;
- Champagne.

Sacou?

terça-feira, 12 de junho de 2012

Só pra constar...

Não gero expectativas.
Não faço promessas.
Sou sincera.
Omito agressões.
Sou educada.

- Frustrou-se? Resolva!

Me sinto só?

Aqui jaz um coração partido!

Boa frase para início de texto. Boa, mas mentirosa. O tal do coração, além de não estar partido, não descansa em canto algum.

É que charminho de solidão é sempre divertido.

As agruras são as mesmas. Casa bagunçada e preguiça total. Isso passa, diz a moça.

Adoro as análises da moça.
Ela sempre me defende.

Não brigo mais, respondo. Faço uma coisa de cada vez. No meu tempo.
(Isso vai levar anos, mas ela ainda não sabe. Não me conhece tão bem assim)

- Ainda se namorando?
Nem tanto, respondo.

- Enfim, só?
- Nada. Sempre com o gato.
- A vida é mais do que isso.
- É? Namorarei o trabalho então...

Ela ri. Eu não acho tanta graça, mas simulo um sorriso. Daqueles que esticam os lábios e só, sem dentes aparentes.

A vida é o que? Ter alguém? Agradar o alheio? Ser limitada eternamente?

A minha não.
Ainda não.
Ainda sem condições para tanto.

A vida é o gato. A vida é o trabalho. A vida é a fotografia. A literatura. E as chatices do dia a dia. A vida, às vezes, é a morte. E a saudade. A vida, no momento, é isso. E apesar de tudo... ou com tudo, a vida é boa.

Não.
Não me sinto só.

Mexa-se!

A desocupação começou. Dizem que a mesa vai embora no sábado. Só acredito vendo. Chegaram novas perninhas para o vidro da mesa antiga.

As cortinas, faceiras, balançam ao menor sinal de vento. Penduradinhas. Lindas.

Estante de caixas pra quê? Sapateira, isso sim! E sai mais um móvel grande. E fica mais um espaço vazio.

- Não fique triste, sapateira antiga. Terás um novo lar e sua nova dona será muito contente contigo.

Falta pouco. Falta pouco.

Tem uns baldes de plástico coloridos. Sem rumo certo. Tulipas de plástico talvez combinem.

Novas ideias.
Nova energia.

Coisas de cozinha na cozinha. Coisas de quarto nos quartos. Roupas por toda parte. Isso ainda é um problema.

Diz a lenda que a passadeira vem no sábado. O marceneiro também. A faxineira preferiu o domingo. E parece, por enquanto só parece mesmo, que o acampamento voltará a ser um lar.

Um brinde à casa nova!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Três lágrimas.
Contive o resto.
Não posso.
Não devo.

Reflita!

Eu juro que é melhor
Não ser o normal

As linhas tênues da vida

São várias. Algumas óbvias, outras nem tanto.

Ora tácita, ora explícita. A linha.

As linhas.

São várias.

Não devo pisar nas linhas. Transtorno obsessivo-compulsivo. TOC. TOC. TOC. Três vezes. E pulo a linha. A riscada. Não vejo a tênue. Você enxerga? Pode me mostrar, por favor? Afinal, o que é tênue?

Perco-me no emaranhado das linhas.

Alguém, por favor, venha me salvar. Nunca pedi nada. Só à Deus. Ninguém ouve. Alguém desata esse nó?

Embolada. Embolada. Embolada.

Acredite naquilo que você não vê. Ouça. Sinta. Inspire. Expire. Quebre. Transgrida. Grite.

Liberte-se!

Não me consuma! Não sou seu bem.

Grito. Transgrido.

Liberto-me.

domingo, 13 de maio de 2012

Acho digno sofrer calado

Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto


Angústia. Ansiedade. Nó na garganta. E todas as sensações (péssimas) que a ausência de alguém querido pode causar. Você liga. Manda mensagem. E-mail. Carta. Vai num pai-de-santo. Taróloga. Grita com todos os oráculos. Faz simpatia. E nada.

É, às vezes, é assim. Não adianta, por mais que você se esforce, não vai ter jeito. Quando um não quer... Não acontece e pronto! E toda a sua inteligência desce ralo abaixo junto com as suas lágrimas de autocomiseração. 

Aí, você se joga na vida mundana. Bebe. Passa de boca em boca procurando um sabor que, já sabe, não vai encontrar. Sonha com os abraços. Fecha os olhos lentamente, inspira, sente o cheiro da pessoa no ar. Quase pode tocá-la. Abre os olhos pra ver a ilusão se desfazer.

E, nesse meio tempo, enquanto sofre feito um condenado, imputa o mesmo sofrimento à outra pessoa. O não, dito com todas as letras, passa a ser um talvez. E você insiste. Não ouve. Faz da vida do alheio um inferno.

Persegue. Faz drama. Inventa desculpas para se materializar em todos os lugares em que a pessoa está ou possa aparecer. Liga para os amigos dela. Procura o nome da figura nos sistemas de busca da Internet. Cozinha o coelhinho de pelúcia da pessoa na panela!

E ela faz o quê? Estoura, né? Numa reação digna de filme hollywoodiano. Em terras tupiniquins, pode-se dizer "arma um barraco".

Então você faz cara feia. Sai batendo porta. E ainda reclama da falta de educação. Diz aquelas frases ótimas que se iniciam, invariavelmente, com "No meu tempo...".

Que tal uma dose de dignidade?
Amigo G. fez visita de inspeção. Não encontrou os tão falados defeitos da obra. Comeu, dormiu e depois transformou-se na Fada Madrinha Arrumadora da Cozinha. Adoro! Sei que deveria ser mais educada. Não é bonito colocar a visita pra lavar louças. Mazahhh... Paciência! Ao menos fiz a comida com carinho. Muito carinho.

Saudades do Amigo G.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Castrado sim, mas muito macho!

Hoje eu descobri que o Igor é muito macho. Ganhei um presente que vinha com uma fitinha laranja. Peguei a fita e dei um laço no pescoço do gato. Miou, resmungou e ficou um pouco arisco. Até aí, tudo bem, ele é enjoadinho mesmo. Não gosta de ser contrariado.

Peguei a máquina fotográfica pra registrar o meu lindinho todo enfeitado. Pra quê? Virou um gato do mato, jaguatirica selvagem, pantera cinza do Centro-Oeste. Correu pela casa. Fugiu. Deu piruetas no ar. E, ainda, escalou a rede das janela fugindo da foto.

Guardei a máquina. O bicho voltou para o meio da sala e deitou.
Vai entender...
Esse gato tem cada uma!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Bethânia

Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não

(...)

Sou como a haste fina que qualquer brisa verga
Mas, nenhuma espada corta

Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe comigo

O Rei e eu

Você foi... 
uhuuuuuuuuuuuuuu
O maior dos meus casos
De todos os abraços 
O que eu nunca esqueci    

O Rei e eu. E o gato, é claro. E os vizinhos que escutam o meu uhuuuuuu toda vez que o Rei canta. Estamos todos em casa. Especialmente felizes. Ah. Os vizinhos estão em casa também. Nas deles. Participam pela janela. Finjo que não é comigo. Sou afinada sim, meu filho, você que não tem ouvido!   

Não adianta nem tentar
Me esquecer
uhuuuuuuuuuuu
Durante muito tempo 
Em sua vida
Eu vou viver  

O Rei arrasa. Toca a alma. Se é que isso existe. O brilho da lua entra pela janela e ilumina a sala escura. Lembranças povoam o pensamento e enchem o ambiente. 

Se você pretende
Saber quem eu sou,
Eu posso lhe dizer.


E quem, hoje em dia, quer realmente conhecer alguém? As relações twitter. São 140 segundos e nada mais. O que é uma amizade? Interesses comuns talvez. Amor? O que é amor? É gostar daquele que não me contraria. No máximo.

Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo


Pausa. Silêncio é necessário. Silenciar a voz. A alma. O coração. Pausa.

Hoje, eu ouço as canções que você fez pra mim
Não sei por que razão tudo mudou assim
Ficaram as canções e você não ficou


O Rei usa uns brincos ridículos. Eu nem ligo. Ele é o Rei. É verdade, ele é o Rei, mas eu prefiro essa música com a Bethânia. Definitivamente.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eu odeio futebol!

- Amor, almoça comigo hoje? Preciso falar com você.
- Claro! Algo sério?
- Nada preocupante. Só saudade mesmo.
- Certo.
- Te pego 12:30.
- Te espero.
- Beijos.

Cabeça de mulher é algo surpreendente. Mil e um roteiros de filmes melodramáticos passaram pela minha mente no tempo transcorrido entre a ligação e o horário do almoço.

Ele está com câncer em fase terminal. Não, não é possível. Estaria com a voz mais triste. Arrumou outra. Batata que é isso! Canalha... Ainda quer ver a minha reação quando me falar da sirigaita. Homens não prestam mesmo. Mas ele sempre foi tão gentil. Não faria isso comigo, não dessa maneira! Talvez seja só saudade... Se bem que ele diz todos os dias que sente saudades de mim. Pra quê me tirar da repartição? Convite formal para almoço? Tem algo errado aí. Se fosse coisa boa, era jantar, vinho, luz de velas, quiçá uma esticadinha romântica.  

- Amor?
- Sim...

Reticente, voz trêmula, olhar vago.

- Sabe o que é?
- Olha, não quero ser indelicada, mas se soubesse...
- Você e sua mania de imaginar sempre o pior!
- Não imagino o pior, mas o desconhecido nem sempre é agradável.
- Fica prolixa quando está em situação desconfortável.
- E você? Formal, diplomático. Nem parece o cara que..
- Não te chamei aqui pra brigar!
- Então desembucha, porra!
- AHN?
- Desculpe-me, escapuliu.

O garçom traz os pedidos. Silêncio sepulcral. Nos olhamos. Nenhuma palavra. Nenhum movimento.

- A comida vai esfriar.
- Eu te amo!
- Quê?
- Era isso. Queria dizer que eu te amo. Queria que fosse um momento especial, fora da correria, do dia a dia atribulado. Algo pra nos lembrarmos pra sempre, sabe?
- Deu certo. Dificilmente esquecerei esse dia. Aliás, vou até dar um nome específico pra ele: O Dia Internacional do Terrorismo Amoroso.
- Você poderia ser um pouco menos sarcástica.
- E você quer que eu diga o quê?
- Que você também me ama... Seria um bom começo.
- Eu posso até te amar de uma forma geral, mas nesse exato momento estou com ódio de você.
- Não faz assim..
- A comida vai esfriar!

Mais três doses de silêncios. Todos sepulcrais. Almoço engolido a pulso. Olhadelas discretas no relógio. Movimentos automáticos, quase robóticos. Enfim, conta. Enfim, carro.

- Queria te dizer também...
- ...
- Você não quer saber?
- Não quero interromper.
- Então...
- Então o quê?
- Você é a mulher da minha vida. É com você que me vejo envelhecer, criar meus filhos. Ficar rabugento junto, sabe?
- Mesmo?
- Juro! Te amo muito. Nunca me senti assim antes. Já tive paixões, mas agora é pra valer. Não é frio na barriga. É amor.

Perdão instantâneo. Blecaute. Muda a cena. Olhos fechados. Igreja barroca. Coral de vozes femininas entoa Chuva de Prata. Vestido branco. Buquê pequeno de astromélias. Pajem e daminha carregam as alianças.

- Amor? Você está dormindo? Já chegamos.
- Ah, estava distraída. Te vejo à noite?
- Claro.

Tarde completamente improdutiva. No quesito trabalho, é claro. Vida pessoal a mil. Google trabalhando a todo vapor nas pesquisas de igreja, cerimonial, vestidos, doces, bufê, locais para recepção e, é claro, lua de mel.

- Vamos tomar um chope?
- Já? Perdi a hora...
- 19:30!
- Sim, te encontro no estacionamento.

O bar de sempre. As pessoas de sempre. O horário de sempre. O olhar novo. Olhar de amor.

- Eu estava pensando sobre o nosso almoço..
- Eu também!
- Diz..
- Fala você primeiro.
- Não, fala você..
- Bom, nós nos entendemos muito bem. Nossos gostos combinam, nossos projetos de vida e tudo mais. Parece, mesmo, que a gente se completa...
- Eu também penso assim.
- Então...
- Diz..
- Acho que a gente deve terminar o nosso relacionamento por aqui.
- O QUÊ???
- É. Isso vai evitar que a gente macule o nosso amor com brigas bobas, falta de respeito e todas essas coisas que acabam acontecendo nos namoros.
- O QUÊ???
- Sei que é difícil de entender, mas é o melhor a ser feito nesse momento. No futuro, você vai me dar razão.
- O QUÊ???
- É... igual ao Pelé, sabe? Acho que a gente deve encerrar nossa "carreira amorosa" no auge.

E, desde então, odeio futebol!

domingo, 6 de maio de 2012

Princesa... Fiona?

Trabalho mental, braçal e de outros tipos se existirem. Sem muito tempo para pensar, criar, procrastinar. As funções domésticas ainda me consomem. Isso e a mania de inventar coisas. Por que comprar uma estante se posso fazer uma, não é mesmo?

Continuo só. Eu e o gato. Isso quer dizer que acumulo as funções de lavadeira, cozinheira, faxineira e (péssima) passadeira. Digo que acumulo porque agora penso que sou marceneira, pedreira, bombeira e eletricista também. 

Minha porção princesa anda escondidinha dentro de caixas. Caixas que limpo, lixo e pinto. Monto e desmonto. Paredes que retoco. Pias que instalo. Sifões que conserto. Lâmpadas e pneus que troco. Tudo isso me afasta cada vez mais da minha parte princesa. 

Ai! Quebrei a unha. E agora? 

Lixa 150 da 3M nela!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sem tempero

É só!

Eu tenho

Espaços vazios e silêncios intermináveis. A alma repleta de bondade (quase) sempre disposta a ajudar. Carinho. Amores além da vida. Olhar terno e compreensivo. Abraço quentinho e aconchegante. Mãos suaves. Voz firme. Boas palavras. Nem duras, nem complacentes. Simpatia e doçura. Bom caráter.

Charme. Cachinhos grisalhos. Olhos fundos que guardam tanta dor. A dor de todo esse mundo. Resiliência. Dificuldade para lidar com dinheiro e sentimentos (não nessa ordem). Vontade de ser feliz acima de tudo. Péssima memória. Manias.

Amigos que me chamam de sereia. Gato cinza. Vida colorida. Má vontade quando contrariada. Incertezas. Cervejas na geladeira. Gosto musical duvidoso. Juízo (mas faço questão de esconder). Medo de amar.

Momentos de Infinita Tristeza. Outros de Esperanza. Poesia emanando dos poros. Malemolência. Indolência. Fases de procrastinação. Desafetos (nenhum inimigo). Admiradores secretos. Surtos de exibicionismo. Gastrite crônica.

Nome de música do Chico!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

É isso?

A gente tem essa coisa de olhar e saber. Sentir, será? Não pensa. De repente, tá lá. Não precisamos de palavras, nem de muito contato. Deve ser a convivência. Dizem que os casais muito velhos são assim. A gente nem é muito velho ainda e já tem isso. Imagina se envelhecermos juntos? Será que vai rolar telepatia?

Acho que é por aí. Às vezes te olho e passa uma montanha-russa dentro de mim. Um misto de medo, ansiedade, felicidade. Não é fácil descrever. Outras vezes tenho ódio. Imagino o mundo sem você. Mas choro sozinha. No meu canto. Baixinho. Só de pensar em te perder.

Tudo é contraditório. Sentimentos. Sensações. Nada parece real.
Então.. é isso?
É amor?

domingo, 22 de abril de 2012

O que a cachaça faz com as pessoas

"Pode ir embora
Deixe as lembranças que restaram de nós dois
Que a qualquer hora
Vai se arrepender e a saudade vêm depois
Não adianta
Segue seu caminho sem lembrar que um dia eu fui

o amor da sua vida 
Vai fecha a porta
Faz como se tudo não passasse de ilusão
Me ignora
Destrói o sentimento e vai atrás de outra paixão
Esquece tudo prometo não chorar e nem tentar te convencer
Que um dia amei você"

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Achei tão lindo...

Menina, tem que ter alguém pra cuidar de você. Você faz muita besteira!

Isso depois de revelar que estava doente há três dias e ainda não tinha procurado um médico.

Diário íntimo

Tem coisas que a gente não aprende, não é mesmo? Ou esquece. Ou um sei-lá-o-quê acontece. Mas é assim. Esses altos e baixos. A coisa da calmaria depois da tempestade. Bonança. O nome que preferir. O ditado que mais se aproximar. Sempre assim.

Caso particular, é claro. E não aprendo. Continuo surtando. Tô lá na vida, vivendo, me achando a adultinha amadurecida. Cheia de cabelos brancos. Segura, forte, enfim, resolvida mesmo. Piso numa casca de banana e me esborracho. Pronto. Tudo acabado!

A adultinha entra numas. Fica louca. Sofre. Chora. Se desespera. (Falo da adultinha em terceira pessoa porque ainda quero crer que não sou eu).

Caso particular, eu sei, vamos lá. Chego ao ponto de ter pena de mim mesma. Pior. Realmente acredito que sou digna de pena. E sofro... horrores!

Tá, e daí? Eu perguntaria.

Três dias depois, a epifania, não é amigo G.? As coisas simplesmente se resolvem sozinhas. O mundo volta a ser colorido.

A louca é uma realidade distante que se confunde com a fantasia. Penso se precisava mesmo chegar ao ponto que chegou.

Será que o sofrimento era real? Ou invento dores pra chamar a minha própria atenção? Complexo.

A única conclusão (até agora) é que a terapeuta tem mais um ano de salário garantido. E o Dr. Basílio... Ah, esse deveria fazer um programa de fidelidade. Eu teria várias consultas grátis.

Mas dizem que é por aí.
Sigo por aí, então, pra saber se é verdade o que dizem.