terça-feira, 18 de setembro de 2012

Seca como a seca

Segue o seco sem sacar que o caminho é seco 
 sem sacar que o espinho é seco
sem sacar que seco é o Ser Sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino

Ilusões.

Não faço nada. Ninguém faz. E nesse não-fazer-nada-fazendo-de-conta-que-faço é só tempo, espaço e cansaço. Esgarçando o método. Repetindo a ideia. Desistindo a cada recomeço.

Relutante, espero que Deus ex machina venha livrar-me do tédio. Da pouca disposição. Das correntes pesadas que fixam meus pés ao chão e me impedem de ir em frente.

Assim, sem caminhar, volto-me para o que já se foi. E lá está você. Longe. Perdido. Parado. Esperando Deus ex machina te salvar.

Te vendo assim, tão desolado, dá até uma vontade de te querer de novo. Pouca. Não vinga. Volto-me para o meu caminho. A minha inércia.

Onde erramos?

Onde foi que deixei cair esse vaso que, hoje, vaza toda a água? E, quebrado, impede a manutenção da vida. Quando foi que me tornei esse vaso que nada faz além de vazar?

Pra onde foi a certeza de uma vida cheia de possibilidades? Quando foi que me tornei oca, frívola, indiferente?

As maçãs murcharam no quintal antes de caírem do pé. Nem os pássaros quiseram. Perderam o viço.

A natureza desbota ao meu redor. Também as pessoas. E tudo seca. E morre. E eu morro em vida junto com o mundo seco.

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