segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Curtinha II

Você vê que seu grau de exigência deixou de existir quando nota que não precisa mais ser inteligente, bem sucedido, interessante, bonito, charmoso e divertido pra te conquistar. É necessário, apenas, gostar de mulher, ser alfabetizado e ter dentes (mesmo que sejam comprados).

Curtinha

- Problemas? Você?
- Sim, vários. Todos tratáveis. Uns com paciência, outros com boa vontade.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Partida

No dia em que você se foi, vesti preto, fiz todas as honras e, também, me fechei. No dia em que você partiu, sofri. Quis ir junto. Pedi, implorei, mas não consegui.

No dia em que você se foi, muita coisa mudou. Entendi que o mundo continuaria sendo mundo. Porém, seria mais vazio por um tempo. Minha vida deixou de fazer sentido quando você se foi.

No dia em que você se foi, perdi meu chão, minha segurança, minha vontade de viver. E, ainda assim, você se foi. Sem despedidas, sem aquele último beijo, sem o abraço final.

No dia em que você se foi, tomei café da manhã, almocei e jantei. Trabalhei o dia inteiro como em qualquer outro dia. Nada parecia diferente, até você ir.

No dia em que você se foi, percebi que a sua partida poderia significar um fim, mas também, um recomeço.

Você se foi, eu sei, mas por quê - diabos - você não morre?

Seria tão mais fácil...

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Paradoxo

Cada dia mais distante...

(to be continued)

O presente ideal

- É isso! Eu vou te dar um livro.
- Um livro?
- É. Acho que livros são capazes de afugentar a solidão, acalentar a alma, afastar tristezas, povoar a mente e a vida. Eles te levam para outro lugar sem que você precise se mover. E esse outro lugar pode não ser perfeito, mas é algo diferente. Outras vezes, te mostram um jeito novo de ver o que é velho. Trazem perspectivas diversas sobre os assuntos de sempre e os de nunca. Livros libertam. Fazem crescer. Quando disse que queria te dar o mundo, pensei ser impossível. Mas não é. Vou te dar um livro. Vou te dar um mundo. Cuide bem dele e, se gostar, dê, também, um mundo para outra pessoa.

É assim, sempre...

Tem de acontecer, porque tem de ser
E o que tem de ser tem muita força
E sei que vai ser, porque tem de ser
Se é pra acontecer, pois que seja agora
(Deolinda)


Porque quando tem de acontecer, acontece. 
Não adianta espernear, fazer birra ou dar piti. 
E acontece, é claro, o que tem de acontecer. 
Nem sempre é o que você quer que aconteça. 
Mas, sempre acontece o que tem de ser. 
E se não aconteceu ainda, não é óbvio? 
Não tem de ser...

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Desculpe-me se não soube te entender...

Morte é algo incrível. Apaga a vida. Apaga tudo. E, de repente, quem morreu vira santo. A morte passa uma imensa borracha nos erros de quem viveu.

Assim parece, mas não é. É só vontade de guardar as coisas boas. E, até mesmo, distorcer as coisas ruins até que virem boas.

Talvez uma culpa cósmica que nos faça reinventar o que foi vivido.

Nem certo, nem errado, apenas injusto.

Injusto com quem morreu e que não expia o que deve. Injusto com quem ficou e que colhe o que não plantou.

Morte é morte. Significa fim, mas também, recomeço. Nunca, justificativa.


  
Então, tem essa poesia linda do Manoel de Barros que fala sobre um menino que vai carregar água na peneira a vida inteira. Sua mãe promete quem alguém vai amá-lo por seus despropósitos.

Não sou poetisa e nem me comparo ao Manoel de Barros, mas sou dada a despropósitos e sempre esperei ser amada por isso.

Dado que, atualmente, ninguém tem interesse em conhecer o outro, despropósito passou a ser defeito. Assim, não quero mais carregar água na peneira.

E, por fim, nunca tive mãe, ou a que tive, nunca foi mãe. Tive tia. Essa, sim, ensinou-me vários propósitos e me ensinou, também, que, às vezes, despropósitos são dignos, desde que nos sirvam.

Portanto, se eu carregar água na peneira é por insistência e, meus despropósitos, juro, são por amor próprio.