domingo, 13 de maio de 2012

Acho digno sofrer calado

Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto


Angústia. Ansiedade. Nó na garganta. E todas as sensações (péssimas) que a ausência de alguém querido pode causar. Você liga. Manda mensagem. E-mail. Carta. Vai num pai-de-santo. Taróloga. Grita com todos os oráculos. Faz simpatia. E nada.

É, às vezes, é assim. Não adianta, por mais que você se esforce, não vai ter jeito. Quando um não quer... Não acontece e pronto! E toda a sua inteligência desce ralo abaixo junto com as suas lágrimas de autocomiseração. 

Aí, você se joga na vida mundana. Bebe. Passa de boca em boca procurando um sabor que, já sabe, não vai encontrar. Sonha com os abraços. Fecha os olhos lentamente, inspira, sente o cheiro da pessoa no ar. Quase pode tocá-la. Abre os olhos pra ver a ilusão se desfazer.

E, nesse meio tempo, enquanto sofre feito um condenado, imputa o mesmo sofrimento à outra pessoa. O não, dito com todas as letras, passa a ser um talvez. E você insiste. Não ouve. Faz da vida do alheio um inferno.

Persegue. Faz drama. Inventa desculpas para se materializar em todos os lugares em que a pessoa está ou possa aparecer. Liga para os amigos dela. Procura o nome da figura nos sistemas de busca da Internet. Cozinha o coelhinho de pelúcia da pessoa na panela!

E ela faz o quê? Estoura, né? Numa reação digna de filme hollywoodiano. Em terras tupiniquins, pode-se dizer "arma um barraco".

Então você faz cara feia. Sai batendo porta. E ainda reclama da falta de educação. Diz aquelas frases ótimas que se iniciam, invariavelmente, com "No meu tempo...".

Que tal uma dose de dignidade?

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