terça-feira, 19 de junho de 2012

Agora?

Salve-se quem puder. E ninguém me salvou. Quem abriu a boca na hora do ataque? Quem testemunhou? Quem tomou partido? Quem ficou?

Salve-se quem puder. Nenhuma explicação quando começou a enxurrada de aporrinhações. A vida passando na janela, nas esquinas, no metrô. Em todos os lugares, menos aqui. Na minha cara.

Salve-se quem puder. A frase se repetindo. E ninguém me estendeu a mão. Enquanto eu tropeçava, caía, me arrastava. Enquanto eu limpava o sangue seco e lambia minhas feridas cobertas de pus.

Salve-se quem puder. E eu não pude. Por muito tempo não me salvei. E nadei contra a maré. Acreditando que assim faziam os bons. Os puros. Os inocentes. Não me afoguei por pouco. Sorte, talvez.

Salve-se quem puder, você disse.

Hoje dura. Fria. Impassível. Você vem, estende a mão, oferece colo.

Agora?

Um comentário:

David disse...

Uma respiração de cada vez... ;)
Nunca é tarde!