sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Arcano IX

A boite estava tão vazia que os poucos que entravam acenavam com a cabeça e me davam boa noite. Havia chegado há pouco. Não era muito tarde. Os amigos do bar foram todos para suas casas e eu não tinha para onde ir. Foi assim que cheguei lá. 

Pensava em tomar mais uma ou duas cervejas, dançar um pouco e, então, dormir. Sem sono, optei pelo torpor. Ambiente frio, vazio, deprimente. Nada agradava, nem a cerveja. Muito menos o preço dela. 

O rapaz que estava no final do longo balcão de madeira dividia seus olhares entre o celular, o relógio e a minha cara de poucos amigos. Demorou bastante até se aproximar. Conversinha infame, falta de dente e dificuldades para concatenar ideias fizeram-me ir ao fumódromo e não mais voltar.

Mais um desavisado. Outra conversa desagradável. Nada de música dançante. As pessoas perderam mesmo a noção, não é? Pensei em Ângela Maria...

De noite, eu rondo a cidade, a te procurar, sem encontrar. No meio de olhares, espio por todos os bares, você não está. Volto prá casa abatida, desencantada da vida, o sonho alegria me dá, nele você está.

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