segunda-feira, 15 de abril de 2013

Momentos

IX

Foi por meia-hora, acho. Não mais do que quarenta minutos, isso eu tenho certeza. Entre o trajeto do trabalho e o carro. Ali, bem no meio do estacionamento. Horário de rush. Já havia escurecido. Os carros enfileiravam-se e as pessoas buzinavam.

Larguei tudo o que carregava no chão. Sentei no meio-fio e me dispus a chorar. Alminhas apressadas evitavam olhar. As coisas esparramadas no chão. Não tive forças para recolher de imediato. Toda a energia concentrada no ato de chorar.

Li em uma pesquisa, não sei se confiável ou não, que é feliz quem despende toda a sua atenção naquilo que faz, enquanto o faz. Acreditei. E por trinta minutos da minha vida me concentrei em chorar.

Choro de raiva, desânimo, tristeza, manha, infelicidade. Choro de tudo. De agruras próprias e humanitárias. Choro doído, sofrido, de mágoa e desesperança.

Duas doses e meia de sofrimento real resultando em choro cowboy. Natural, sem firulas nem três pedrinhas de gelo pra diluir. Choro puro!

Enfim, recolhi os pertences no chão, enfiei tudo no porta-malas e tomei o rumo de casa. No meio do engarrafamento, uma lágrima desavisada insistiu em cair. Contive-a sem dó. Afinal, é mais feliz quem presta atenção no que faz e o momento era de dirigir.

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