segunda-feira, 19 de maio de 2014

Uma vez, eu tive uma ilusão...



e não soube o que fazer
com ela
(Julieta Venegas)


Colocação pronominal. Foi o que a encantou logo no primeiro contato. Adorava gramática. Nunca soube bem, mas admirava os que dominavam a língua.

Ele, espontâneo, inteligente e deliciosamente natural. Discorria sobre a vida, viagens, filmes, desilusões e amor. Mas mantinha distância. Sempre.

Ela não entendia como alguém conseguia ser íntimo sem ser pessoal. Ansiava pelo que fosse próprio. Uma frase. Uma pista.

Ele, enigmático. Cheio de opiniões. Sem histórias. Ela, transparente. Desfazia-se em declarações. Nunca havia falado tanto de si. Nem em consultório de analista.

Uma noite. Um drink. Um convite inesperado.
Sequência infindável de atropelos.
Inversão de papeis.

Habilidade linguística que não ecoou em qualquer outro quesito.
Decepção seguida de afastamento.

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