sábado, 28 de maio de 2016

Desabafo

É absurdo, em pleno século XXI, ainda escutarmos que se uma mulher foi estuprada é porque facilitou. Saiu de casa a que horas? Foi se encontrar com o namorado? Bebeu? Usou roupas curtas? Ah, deu mole!

Notícias são divulgadas com manchetes de “suposto” estupro porque, sim, a vítima precisa provar que sofreu a violência.

E se as mulheres denunciam, unem-se contra o abuso, é mais um motivo para a sociedade doente e hipócrita denominá-las: loucas, exageradas.

Essa cultura nojenta começa em casa ao permitir que o filho fique assistindo televisão e a filha vá ajudar nos afazeres domésticos. Começa no mamãe faz pra você, querido, não precisa levantar. Começa na segregação por sexo.

Não acredito que se deva tratar todos iguais, pois pessoas são diferentes. Mas a diferenciação no tratamento deve ser uma forma de respeito. Tratar distintamente de acordo com as necessidades, com a forma de aprendizado, com a sensibilidade de cada um.

É muito triste debater o assunto de violência sexual e pensar: quem nunca? A campanha “Meu primeiro assédio” teve várias críticas por mostrar uma realidade que ninguém quer ver. Nelson Rodrigues é muito mais real do que se imagina.

Afinal, mulher, quem nunca?

Quem nunca atravessou a rua porque viu um cara andando na sua direção? Quem nunca levantou o vidro no carro pra não escutar uma piadinha? Quem nunca se constrangeu ao entrar em um lugar onde só estavam apenas pessoas do sexo oposto?

Os meus amigos responderiam não à todas as respostas. Infelizmente, essa não é a realidade das mulheres. À nós, resta reclamar, lutar e, nunca, nunca mesmo, calarmo-nos, mantendo a esperança de um dia sermos ouvidas e respeitadas.

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