terça-feira, 12 de março de 2013

Confissões

- Você está bem, querida?
- Sim, bem. Sempre bem. É que gosto de exagerar, acho que dignifica a existência. Desculpe-me, estou bêbada, poética e cansativa.
- Você nunca me cansa e eu te adoro.
- Também gosto de você.
- Então... Vem?
- Mesmo?
- Sim, pega um táxi.
- Mas eu vou fazer o quê na sua casa?
- Podemos conversar, tomar um vinho.
- Vinho?
- O que você quiser.
- Será?
- Vem! Deixa de ser boba...
- É que...
- O quê?
- Somos amigos e...
- Relaxa, eu sei disso. Só quero conversar, passar mais tempo com você. Te respeito sabe?
- Hmmm...
- Sério! Te admiro também.
- Mesmo?
- Ih... faz muito tempo. Te acho diferente, especial... Não sei bem como descrever.
- Tá... eu vou!

Tomei banho e me arrumei. Mais do que deveria, confesso. Mas não demorei muito se comparado ao  tempo regulamentar de qualquer mulher que quer se fazer apresentável. Uma hora, talvez. Duas, no máximo!

Mandei mensagem durante o trajeto. Sei que nossa categoria é de "apenas amigos", ainda assim, fiquei ansiosa. 

Pedi para o taxista me esperar na esquina. Just in case... Riu, não entendeu, mas obedeceu. 

Subi as escadas com as pernas trêmulas. Nem ouvi a campainha enquanto tocava. Meu coração disparado impedia-me de escutar outra coisa que não fosse o seu ritmo descompassado. 

Toquei de novo. E mais uma vez. Três é suficiente, pensei. Foi aí que vi o bilhete: Houston, we've had a problem here. 

Isso é explicação que se dê???

- O senhor pode me levar de volta para o endereço onde me pegou?
- Tem certeza? Não quer tomar um chope? Já está arrumada e...
- Tá, pode ser...

Foi assim que nos conhecemos.
Nunca iria imaginar que a NASA me apresentaria ao meu marido.
Acredita?!

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