segunda-feira, 25 de março de 2013

Delicada

Ela era linda. Magrinha, feminina, angelical. Ela era a menina-sempre. Sempre cheirosa, sempre bem vestida, sempre maquiada.

Trocávamos olhares e ela mostrava-se tímida. Enrubescia. Baixava os olhos. Ria discretamente, com a mão na boca.

Tão pudica. Tão perfeita.

Usava vestidos esvoaçantes. Estampas florais. Tons claros como sua pele. Saltos medianos. Nem altos, nem baixos. Na medida certa.

Linda e delicada! Não saberia descrevê-la de outra maneira. Eu era indigno. Procurava formas de fazê-la corar. Forçava o encontro do olhar.

Desejava aquela menina a todo custo. Estava apaixonado. Não havia outra explicação.

Certo dia, joguei a caneta no chão, bem próximo às suas pernas. Esperei. Ela fez menção de se abaixar. Assustou-se quando percebeu nossa proximidade.

Peguei a caneta e lhe estendi a mão entregando o objeto como se fosse dela. Ela me sorriu. Um sorriso franco, aberto, de quem se entrega.

Não consegui retribuir o sorriso. Naquele momento meu mundo ruiu. Faltava-lhe um canino.

Por quê?
Por quê, meu Deus, uma desdentada?

2 comentários:

Fausto disse...

huaeuheahuhuea, eu sou igualzinho! A deusa vira diaba na hora!
Amei!!

Unknown disse...

hehehe. Essa é velha.
"Tão bela, porém coxa!"