segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Defina loucura!

O rapaz por quem tenho leve apreço, mas venho declarando amor Byroniano, chamou-me de louca. Indaguei logo o motivo. Frases desconexas! – foi a resposta. Não esbravejei dessa vez. Admiti a loucura serenamente. Disse, inclusive, que fazia parte do meu charme.

A aceitação imediata do elogio (?) não significa, porém, que não me pus a pensar novamente no fato. Sim, tema recorrente, bem sei. Mas um momento de reflexão não faz mal a ninguém, sobretudo se vier acompanhado de um bom Cava e brie.

Loucura, por definição, é doidice, demência, insanidade, ato de extravagância ou de imprudência.

Neste exato momento em que escrevo sobre esse tema tão controverso para mim, meu vizinho escuta Habanera e canta com Maria Callas. Mas canta tão alto que incomoda até o gato. Isso poderia ser considerado um ato de extravagância e encaixar-se na descrição de loucura? Talvez. Eu, apenas, o julgo culto, visto que ouve ópera, jazz, blues.

Vez ou outra, danço sozinha em casa. Já tentei dançar com o gato. Mas ele não gosta de Sinatra. Extravagância? Insanidade? Ou excesso de felicidade? Enfim, não foi a dança que levou ao elogio. Voltemos às frases desconexas. Acredito, piamente, em espontaneidade. Tornemos a utilizar o pai dos limitados*. Ele diz: — Espontaneidade: em que há simplicidade, originalidade, naturalidade.

Posto isto, entendo que é óbvio dizer que sou simples, original e natural, portanto, espontânea. Digo o que penso sem rodeios. Outras vezes, não penso, sinto. E digo também! Expresso-me sem censura e com verdade. Mesmo que a existência da verdade seja limitada ao ínfimo momento de sua enunciação. Propago energia verbal.

Talvez o mundo globalizado, preso a padrões rígidos de conduta não admita esse tipo de comportamento. Há quem execre. Há quem, somente, se afaste. No entanto, na briga entre o azul e o amarelo – dizem – há espaço para todos. Então, deve haver quem goste também.

Assim creio. Assim, mantenho-me espontânea, original, simples, natural. Porque no meu ponto de vista, cometo sincericídios. Alguns engraçados, outros nem tanto. Mas loucura? Não, só aos olhos de quem enxerga o mundo em Preto & Branco.

*Burros, mas mamãe ensinou-me que devemos dizer: limitados. E aos sete anos fui apresentada ao eufemismo!

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