domingo, 8 de dezembro de 2013

Era uma vez...

Era uma vez um menino doce que morava num castelo. Esse menino não tinha irmãos, nem convivia com outras crianças, pois só havia adultos no castelo. Os dias dele eram preenchidos pelas mais diversas atividades para que não sentisse falta de companhia ou brincadeiras.

Doce e azulado, assim ele era. De um azul tão claro que parecia fazer carinho em quem o olhava. Transpirava bondade, generosidade e compaixão.

Um dia esse menino tornou-se adulto. E permaneceu azul e doce. Simples e altruísta. Passou, então, a conviver com adultos de outra forma. De igual pra igual, pensava.

Mas o convívio agora era muito diferente do passado. Os adultos não o tratavam da mesma maneira, afinal ele continuara azul quando todos os outros tornaram-se cinza com o passar dos anos.

Aquele azul cintilante, que outrora inspirava calma, passou a irritar os demais. A docilidade os enojava. Eles eram cinza, amargos, ácidos, salgados, picantes. Nunca azuis. Nunca doces.

Sem entender o que acontecia, quis parar de brilhar. Sem sucesso, resolveu evitar o contato com o mundo cinza. Voltou para o castelo. Isolou-se.

Aos poucos, sem contato com qualquer outro ser, sua cor foi mudando. Entendeu, então, como deveria agir para ser aceito. 

Hoje, é quase todo cinza, pouquíssimo doce. Mantém apenas uma manchinha azulada, brilhante, que raríssimas vezes deixa ser vista.

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