quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Seja bem-vinda, disse ao me ver entrar no restaurante. Comida boa. Preço justo. Atendimento eficiente. Voltei.

Todos os dias. Seja bem-vinda. No caixa, somava minha conta. Sorria. Acenava com a cabeça. E repetia a frase. Dias. Meses. Anos. Seja bem-vinda! E um sorriso sincero.

Habituei-me a ser bem-vinda naquele local. Sempre alegre. Ambiente familiar. Nenhuma conversa. Sem intimidades. Apenas a saudação. E, por diversas vezes, a saudação foi mais do que suficiente.

Um dia como outro qualquer. Hora do almoço. Caminho conhecido. Portas fechadas. Aviso na parede. Comunicado de falecimento.

Fui ao Cemitério. Sua esposa, de preto, chorava e colhia as lágrimas no canto dos olhos com um lencinho de renda.

Reconheceu-me. Veio em minha direção. Abraçou-me por mais tempo do que eu gostaria. Olhou-me com os olhos tristes. Esses olhos que só quem já perdeu alguém distingue. Indicou-me a capela. E, por fim, disse-me:

- Seja bem-vinda!

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