segunda-feira, 23 de maio de 2011

Chega!

Quando a gente é mais novo pensa que vai dominar o mundo. Que a vibe certa é ter fama, dinheiro e todas as gatas que couberem na cama. No quarto, na agenda. Aí a gente chega nesse estágio e percebe que é tão vazio, tão efêmero e começa a dar valor nas coisas que os velhos falavam. Casa dos pais, almoço de família, conversas longas sem necessidade de estar de cara cheia pra falar algo que valha ser ouvido.

Então chega uma crítica escrota e diz que você ficou blasé. Diz que a fama subiu à cabeça. Te chama de pernóstico na primeira página do jornal, com foto e tudo. Você reclama e ela pede desculpas numa notinha na página 26, em fonte 8, depois dos obituários.

Tive até que olhar no dicionário pra saber o que era pernóstico, porra. É fácil criticar, dizer que outro nasceu virado pra Lua. Difícil é ralar, puxar-saco, trabalhar feito louco pra ter alguma projeção. Ninguém entende. A gente quer o reconhecimento do nosso trabalho. Ter a vida escarafunchada em revista de fofoca não é sonho de ninguém.

Se trabalha demais, não sabe o que quer. Se escolhe os trabalhos, ficou exigente. Como lidar com isso? Isso não é vida, não. Isso é dirigir na contramão. É ser o contrassenso. É estar parado na esquina de uma  cidade sem esquinas. Isso é estar perdido, realmente perdido, contando apenas com a sorte.

Vou dar um tempo, espairecer. Depois eu volto. Agora não dá. Isso tudo tá me sufocando. Chega!

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